Intervenção de João Ferreira no Parlamento Europeu

Fundo Fiduciário da UE para África: implicações para o desenvolvimento e a ajuda humanitária

Os migrantes que todos os dias tentam pisar solo europeu, embatendo na desumana fortaleza que faz do Mediterrâneo um imenso cemitério, são como pedras atiradas à cara da União Europeia.

Pedras que lhe lembram as responsabilidades que teve e tem no sub-desenvolvimento, na ingerência, na desestabilização e na guerra que estão na origem do fluxo migratório.

Perante isto, a União Europeia, depois do vergonhoso acordo assinado com a Turquia para expulsão de migrantes, quer alargar aos países africanos esta política de externalização de fronteiras e de gestão dos fluxos migratórios ao sabor dos interesses e necessidades de mão-de-obra do grande capital europeu.

Uma vergonha. Mais ainda quando se quer condicionar a política de ajuda ao desenvolvimento à aceitação da política migratória da União Europeia e à submissão aos seus princípios. Uma intolerável chantagem, de recorte neocolonial, sobre países e povos que se encontram numa posição de enorme fragilidade.

Ir ao fundo das causas do fluxo migratório implica uma profunda modificação das políticas e orientações da União Europeia e uma genuína e reforçada cooperação para o desenvolvimento, respeitadora da soberania e do direito ao desenvolvimento dos países africanos.

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