Declaração de voto de Ilda Figueiredo no Parlamento Europeu

A expulsão de ciganos de França

A expulsão de ciganos de França

A expulsão de ciganos pelo governo francês e outros governos da União Europeia é um acto condenável. Lamentavelmente, esse acto racista e xenófobo, que procura desfocar a atenção da grave crise social que vivemos e tenta encontrar bodes expiatórios, não teve a oposição imediata da Comissão Europeia e do Conselho. Não temos ilusões sobre o papel hipócrita que as instituições da UE têm em todo este processo, sobretudo se recordarmos que são tão diligentes na crítica e na ingerência em relação a países terceiros. Mas, neste caso, tratando-se de cidadãos de países da UE, cruzam os braços ou fazem meras declarações de circunstância. Onde está, afinal, a União Europeia que se arroga de ser das "maiores defensoras" dos Direitos Humanos no mundo? Nenhuma outra postura seria aqui aceitável senão a condenação. A experiência demonstra que, tratando-se da França, um dos países do directório dos grandes da UE, usam sempre de toda a discrição.

O que se impõe é uma ruptura com as políticas neoliberais que conservadores e sociais-democratas continuam a praticar. São urgentes novas políticas que promovam o emprego com direitos, o bem-estar e o progresso social para todos. Esse é o caminho para impedir que governantes, como em França, transformem o racismo e a xenofobia em políticas de estado, e não a transformação da UE numa polícia dos Estados-Membros, como alguns pretendem, aproveitando os actos condenáveis de certos governos.

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