Uma grande saudação a todos os presentes,
O que estamos hoje a realizar não é apenas um comício, é uma forte demonstração de determinação e confiança, é uma afirmação de disponibilidade para o combate.
Estamos aqui hoje da mesma forma como estivemos na campanha eleitoral, empenhados e militantemente por aquilo que importa, e aquilo que importa é a vida de cada um.
Para o PCP, não há conversa de campanha e outra a seguir.
A coragem que afirmámos na campanha eleitoral é a mesma que hoje aqui demonstramos.
A todos os que se envolveram na campanha da CDU, a todos os militantes do Partido e da JCP, a todos os jovens que trouxeram à campanha a sua energia, as suas reivindicações, a todos os amigos do Partido Ecologista «Os Verdes», da Intervenção Democrática, a todos os que não tendo partido encontraram na CDU o seu espaço, a todos uma grande saudação.
Foi a vossa força, foi o vosso empenho e militância que levaram por diante uma campanha ligada à vida e à realidade e garantiram que o resultado da CDU tivesse tido um importante significado de resistência, contrariando os múltiplos vaticínios daqueles que teimam, ano após ano, em confundir desejos com a realidade.
Tudo fizeram, investiram muito, mobilizaram tudo ao longo de anos sucessivos para impor valores reaccionários e antidemocráticos, para instar o ódio e a violência, para fazer da mentira, da falsidade e da calúnia a forma de estar, a todos esses podemos dizer que, ainda que parte dos seus desejos se tenham concretizado, o seu principal objectivo ficou, mais uma vez, aquém do esperado.
O resultado da CDU é um resultado de resistência num quadro de profundas linhas de ofensiva ideológica que visam a alteração de valores, que empurram a maioria a olhar para o lado e para baixo à procura da causa das suas próprias dificuldades.
Povo contra o povo, trabalhadores contra trabalhadores, é esta a máxima desta ofensiva ideológica. Uma fórmula antiga que não tem nada de inovador, animar e fomentar a guerra entre os trabalhadores para favorecer os que se acham donos disto tudo.
Pôr os de baixo em conflito entre eles para que os de cima continuem a explorar e a amassar a vida dos que estão ao nosso lado e de nós próprios.
Sabemos bem que esta é a forma de actuação da política ao serviço dos grupos económicos, sabemos bem quem são as forças ao seu serviço e por si financiadas.
As forças reaccionárias são instrumentos ao serviço dos grandes interesses, cada uma com o guião bem definido por quem manda.
Forças que se alimentam das angústias, das dificuldades da vida, das incertezas, da precariedade, das promessas e mais promessas que são eternamente adiadas e nunca são concretizadas.
Forças para quem tudo vale, a mentira, a demagogia, o golpe, tudo serve para enganar e tentar impor a sua agenda reaccionária.
Sobre os seus donos, os tais que concentram a riqueza à custa de todos nós, nem uma palavra, nem um pio se ouve.
São o pior do sistema.
É neste quadro complexo, e não estando finalizado todo o processo eleitoral, que a composição da futura Assembleia da República regista uma evolução negativa marcada pelo crescimento de PSD, CDS, Chega e IL.
Independentemente dos arranjos que venham a verificar-se entre estas ou outras forças, o novo quadro institucional comporta de facto o perigo real da intensificação da concretização da agenda retrógrada, neoliberal e antipopular.
As eleições não só não resolveram nenhum dos problemas sentidos pela vida da maioria, como agravam as condições para acentuar a instabilidade na vida de cada um, os resultados eleitorais do passado domingo criam uma situação com novas exigências e estão colocados novos desafios.
Perante esta realidade não são aceitáveis entendimentos com a direita e as suas concepções reaccionárias, retrógradas e antidemocráticas, nem dar suporte à sua política antipopular.
O que se impõe neste momento é resistir e dar combate de forma determinada à agenda em curso e que vão procurar intensificar.
Não há estabilidade com a instabilidade da vida de quem trabalha.
Sentimos as consequências das opções políticas, sabemos qual o plano e a agenda que querem tentar impor.
Os que deram o seu voto à direita serão em grande medida os primeiros e as principais vítimas da sua política.
A política de direita é a causa funda da instabilidade da vida, os resultados eleitorais e a sua expressão institucional não legitimam uma política contrária às respostas que se impõem em prol da vida da maioria.
É para este confronto que apelamos a todos os democratas, patriotas, a todos os que cá vivem e trabalham.
Eles querem pôr a mão no dinheiro da Segurança Social e os reformados precisam é de mais reformas e pensões;
Eles querem que trabalhemos mais horas e mais anos, e os trabalhadores exigem é as 35 horas semanais e que 40 anos de trabalho e descontos dêem direito à reforma sem penalizações;
Eles querem mais benesses para os grupos económicos e quem trabalha precisa é de mais salários e agora;
Eles querem arrasar com o SNS e os utentes e profissionais de saúde querem salvá-lo;
Eles querem de tudo fazer negócio e os pais precisam é de uma rede pública de creches;
Eles querem servir a banca e os fundos imobiliários e todos, e em particular os jovens, precisam é de casas para viver e que possam pagar;
Eles querem levar-nos para a loucura da guerra e os povos precisam é de Paz, cooperação e solidariedade;
Ees vivem bem com a sua hipocrisia e cinismo e todos nós temos mesmo de pôr fim ao genocídio em curso do povo palestiniano;
Eles querem validar a confusão entre interesses privados e a gestão pública e o País precisa urgentemente de pôr fim à promiscuidade entre os grupos económicos e a política, queremos acabar com a corrupção e o tráfico de influencias;
Eles querem um País submisso e às ordens da UE, da NATO e dos EUA e o que é urgente é um Portugal soberano e a definir o seu próprio caminho de desenvolvimento;
Eles querem dar o golpe e o povo o que precisa é que cada artigo da Constituição da República tenha tradução na vida de cada um;
Eles querem ajustar contas com Abril e o que faz falta ao País é retomar o caminho desse Abril construído pelas mãos do nosso povo;
É este o confronto que aí está e cada vez mais claro e evidente.
Rejeitamos esta política e tudo faremos para a travar.
E aos que afirmam que é cedo para avançar com a rejeição do programa do Governo, nós dizemos que sabemos bem o que aí vem e é agora o momento para clarificar os que apoiam, os que são coniventes e os que se opõem ao rumo em curso e à agenda que está em preparação.
Sim ou não ao desmantelamento do SNS, sim ou não ao assalto à Segurança Social, sim ou não a alterações às leis laborais com mais precariedade, sim ou não às privatizações.
É isto que está em causa, é sobre isto que cada um vai ter de optar e vai ter de fazê-lo agora, não é para se vir lamentar depois de o mal estar feito.
Rejeitar um programa cuja política se conhece, independentemente da composição do Governo, é uma iniciativa que não permite que uma opção errada passe sem contestação, que obriga a que todos se clarifiquem e ao mesmo tempo constitui um sinal de combate e perspectiva para a luta que vai ter se intensificar.
Os resultados eleitorais criaram justos receios e inquietações junto de amplos sectores democráticos.
A todos lhe dizemos, este não é o momento de esperar para ver, este não é o momento para encolhimentos ou ilusões.
Este é o tempo de cada um de vós assumirem o caminho da resistência e da luta contra o retrocesso, e abrir o caminho de que Portugal precisa.
Fazemos um apelo para que todos se empenhem neste combate e nesta resposta, para defender direitos, a democracia, a Paz, um apelo em torno da Constituição da República, não apenas na sua defesa mas acima de tudo no seu cumprimento, todos os dias e na vida de cada um.
Este é o tempo de tomar a iniciativa.
Este é o momento para resistir à política em curso ao serviço dos grupos económicos, das multinacionais e submissa aos interesses e ditames da UE, e afirmar uma política alternativa assente não em proclamações ou programas mínimos, mas sim uma política de ruptura ao serviço da maioria, de quem trabalha, dos reformados, da juventude e por um País soberano.
Contem com o PCP para afirmar o projecto alternativo que se impõe e ser o elemento fundamental da acção, iniciativa e convergência com os democratas e patriotas.
Este não é o momento para diluições, pelo contrário, este é o momento para a afirmação de projectos alternativos e de combate com as forças de cada um à política da direita.
É aqui e para aqui que se exige clarificação e convergência.
O caminho que se impõe, uma afirmação clara, de coragem, que dê perspectivas aos trabalhadores, às massas populares e à juventude, a todos os que justamente têm razões para estar descontentes.
A luta dos trabalhadores, do povo e da juventude não vai permitir que se arrasem os seus direitos e se faça regredir o País a partir da imposição do neoliberalismo e a acção reaccionária.
A situação exige a tomada de iniciativa, é nisso que o PCP está empenhado.
Tomamos a iniciativa em torno daquilo que verdadeiramente importa na vida de cada um, salários, pensões, saúde, habitação, educação, custo de vida, direitos das crianças e dos pais, das mulheres, da juventude, pelo ambiente.
Tomamos a iniciativa no trabalho e na acção com outros democratas e patriotas.
Tomamos a iniciativa com a afirmação e alargamento do projecto autárquico da CDU, a grande força unitária e popular, de liberdade e da democracia, assente na consigna: trabalho, honestidade e competência.
Tomamos a iniciativa e fazemos da Festa do Avante! a grande festa popular, da juventude, das crianças, a grande festa de Abril e com os seus valores no horizonte.
Tomamos a iniciativa e levaremos por diante a acção “Mais salários e pensões, para uma vida melhor”.
Que todos se concentrem nesta acção ligada à vida e aos problemas concretos dos trabalhadores, dos reformados e da juventude.
Recolhamos o máximo de assinaturas para que a entrega seja um enorme momento de afirmação, não do PCP ou da CDU, mas sim do caminho que se impõe para o futuro.
Façamos das autárquicas uma campanha ligada à realidade, aos problemas concretos do nosso povo.
Mostremos que cada voto na CDU conta e é um factor de resistência e de esperança.
O voto na CDU não é traído, não é desperdiçado, valeu e valerá a pena, prestando contas e dando a conhecer a actividade que realizamos.
Abrimos a esperança para nova gente e gente nova, façamos dessa realidade, instrumentos para reforçar o Partido.
Reforçar o Partido a todos os níveis, da responsabilização de quadros ao fortalecimento e dinamização de organismos, do trabalho de propaganda e da divulgação do Avante! à independência financeira.
Saudamos a participação militante, que faz do nosso Partido essa força capaz de resistir, de aprofundar a sua ligação às massas populares, de tomar a iniciativa com confiança e determinação.
Saudamos todos aqueles que nos têm contactado e estão aderir ao Partido, e daqui apelamos a muitos mais para que juntem a sua à nossa voz para um PCP mais forte ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País.
O Partido que não fica à espera e toma a iniciativa com o combate corajoso à direita, às forças reaccionárias e ao seu projecto.
O Partido que perante uma situação em que a humanidade está confrontada com a barbárie do capitalismo, com a guerra, a predação do ambiente, a exploração, as injustiças e desigualdades, afirma com coragem e confiança o caminho do ideal comunista, o ideal de liberdade e democracia, de uma sociedade nova, do progresso social e da Paz.
É este o nosso posicionamento claro e determinado.