Encontro de Solidariedade dos Partidos Comunistas e de Esquerda da Europa e dos países Árabes

Nota de Imprensa - Encontro de Solidariedade dos partidos Comunistas e de Esquerda Europeus e Árabes contra a intervenção dos EUA no Líbano e na região, que se realizou por iniciativa do Partido Comunista Libanês (no Palácio UNESCO, Beirute, 5-6 de Abril 2008) e no qual estiveram representantes de partidos Comunistas e de Esquerda da Europa e dos países Árabes, da Grécia, Chipre, Portugal, Síria, Itália, Bélgica, Turquia, República Checa, Rússia, Palestina, Jordânia e Bahrein, declara:

1. Os perigos que o Médio Oriente e o Líbano têm enfrentado ultimamente são criados pelo plano Israelo-Americano contra os povos e países da região. Este plano pressupõe a utilização de vários meios, nomeadamente, o método clássico do colonialismo – agressão e guerra – tal como foi executado através da ocupação do Iraque, a agressão israelita contra o Líbano em Julho de 2006, e também a guerra contra Gaza e o povo palestiniano.

A execução deste plano demonstra as perigosas consequências da política agressiva do imperialismo dos EUA para o mundo e para a estabilização, soberania e segurança do Médio Oriente. Este plano é executado através do envio de navios de guerra para as águas territoriais do Líbano, o estabelecimento de bases militares americanas na região do Golfo, juntamente com ameaças contra países da região. É neste quadro que os EUA utilizam o Programa Nuclear Iraniano como pretexto para a intervenção e escalada na região.

Não são só os EUA que implementam esta política, mas também a União Europeia, principalmente, as suas potências dominantes, o que agrava a situação na região. O objectivo global deste plano é o domínio na região, a confiscação dos recursos petrolíferos e a defesa da segurança de Israel, o que, por sua vez, parece ser uma etapa na luta pela hegemonia mundial.

2. Nos países Árabes o plano dos EUA enfrentou uma resistência corajosa e forte: o agressor israelita foi expulso de Beirute em 1982 através da resistência militar dirigida pelas forças de esquerda, incluindo o Partido Comunista Libanês, e mais tarde em 2000, de uma parte considerável do território libanês pela Resistência Islâmica. Tudo isto criou grandes obstáculos aos EUA no Iraque, e entravou a ocupação israelita de Gaza em 2008. A resistência e protesto contra a política dos EUA tiveram como resultado a falência dos seus principais objectivos. Por sua vez, isto demonstra a possibilidade de uma falhanço completo da estratégia dos EUA na região. Apesar do facto de a estratégia neoliberal do plano garantir algum sucesso, mas não definitivo. O reconhecimento pelos EUA do carácter judeu de Israel após a derrota do exército israelita na guerra de 2006, demonstrou a incapacidade de Israel para cumprir a sua função de base militar e pode ser interpretada como uma agressão contra os povos Árabes.

3. O desenrolar dos acontecimentos, a constante intervenção e pressão dos EUA, as visitas de Dick Chenney, Gonzalez, Rice, George Bush, bem como o aprofundamento das contradições em cada país e em toda a região, demonstram a probabilidade de Bush e a administração americana, durante o mandato que ainda falta, recorrerem a acções militares na região para consumar o seu plano para um chamado “Novo Médio Oriente”, através das “portas do Líbano”.

4. Os participantes do Encontro de Solidariedade reconhecem grande valor à iniciativa do Partido Comunista Libanês de organizar esta reunião, manifestam a sua solidariedade fraternal com a luta nacional e democrática em defesa dos direitos do povo libanês, o fortalecimento das forcas democráticas e de esquerda, a oposição, juntamente com a Resistência Islâmica, contra as ambições de Israel e o estabelecimento de um Líbano Árabe, secular, democrático e soberano.
• Os participantes acusam a política criminosa e agressiva dos EUA contra os povos do Iraque, Palestina e Líbano; apoiam as forças que rejeitam o plano dos EUA; apoiam o direito das forças nacionalistas e da esquerda Árabes de se oporem à agressão e ocupação. e consideram isso uma prática legal.
• Os participantes manifestam a sua total solidariedade com o povo palestiniano e a sua luta histórica. Apoiam a ideia da unidade do povo palestiniano, o seu direito a um estado soberano no território da Palestina ocupado em 1967 por Israel e tendo Jerusalém como sua capital, o regresso de todos os refugiados de acordo com a Resolução 194 da ONU. Acusam o bloqueio criminoso da Faixa de Gaza.
• Os participantes condenam o aumento da pressão pelas forças imperialistas, nomeadamente os EUA, contra vários países, incluindo a Síria, para os obrigar a desistir e renunciar aos seus direitos nacionais. Consideram que a unidade da luta dos povos Árabes é uma condição indispensável para derrotar os planos imperialistas.
• Os participantes do encontro reconhecem que a luta do povo libanês e dos povos do Médio Oriente contra os planos dos EUA e de Israel são parte integrante da luta das forças de esquerda e progressistas de todo o mundo contra a hegemonia dos EUA e em defesa dos seus interesses comuns. Apelam para a conjugação da solidariedade internacional com a luta dos povos na região e denunciam a propaganda e alegações imperialistas e Sionista espalhadas através da Comunicação Social com o objectivo de distorcer a essência da luta nacional e de libertação dos povos da região contra a agressão, guerra, hegemonia e confiscação dos recursos naturais dos países.

Os participantes acreditam que a situação exige que se ponham em prática acções de solidariedade com os povos da região e, portanto, tencionam:

1. Organizar uma vasta campanha de solidariedade, em cada um dos seus países, com os povos árabes, nomeadamente, com os povos do Iraque, Palestina e Líbano contra os planos agressivos dos EUA e de Israel.

2. Organizar, se possível, uma campanha para a retirada das novas e velhas bases militares, principalmente nos países onde existem essas bases, e nos países que têm essas bases, para pôr fim à ocupação dos territórios dos países árabes, nomeadamente no Iraque, Palestina e Líbano, tornando o Médio Oriente e o Mar Mediterrâneo uma região livre de armas de destruição maciça e livre das armas nucleares israelitas.

3. Proporcionar aos partidos de esquerda e comunistas do mundo a informação sobre os acontecimentos na região de modo a pôr fim ao monopólio da Comunicação Social imperialista.

4. Organizar encontros semelhantes.

5. Aproveitar as instituições oficiais como os Parlamentos Europeu e Árabe e as organizações internacionais para denunciar a estratégia imperialista no Médio Oriente

6. Exercer pressão sobre os regimes dos países árabes para que rejeitem os pedidos das forças navais imperialistas de fornecimento de serviços e recusem participar nas suas manobras.

7. Organizar campanhas maciças nos países árabes para parar o processo da normalização de relações com Israel, o que prejudica a resolução justa da crise do Médio Oriente, e exercer pressão sobre os regimes dos países árabes para que exijam a implementação das Resoluções da ONU.

8. Apelar às forças de esquerda para manifestarem a sua solidariedade com o povo libanês por causa da guerra israelita de 2006 e exercer pressão nas organizações internacionais para que os EUA e Israel reconheçam a sua responsabilidade material e moral na agressão, e apoiar a resolução do Tribunal Internacional Independente que teve lugar em Bruxelas.

9. Organizar uma vasta campanha de solidariedade para com os milhares de prisioneiros árabes nas cadeias israelitas, nomeadamente o Secretário-geral da Frente Popular de Libertação da Palestina, Ahmed Saadet, Samir Kantar e Marwan Barguti

Participaram os seguintes partidos:

Tribuna Democrática Progressista , Bahrain
Partido do Trabalho, Bélgica
Partido Comunista da Boémia e Morávia
Partido Comunista da Grécia
Partido da Refundação Comunista, Itália
Partido Comunista da Jordânia
Partido Comunista Libanês
Partido Comunista Português
Frente Democrática de Libertação da Palestina
Frente Popular de Libertação da Palestina
Partido do Povo Palestiniano
Partido Comunista da Federação Russa
Partido Comunista da Síria
Partido Comunista Sírio
Partido do Trabalho, Turquia

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