Pergunta ao Governo N.º 2341/XII/2

Encerramento das estações de correios dos CTT na Cidade de Lisboa no dia 31 de Maio

Encerramento das estações de correios dos CTT na Cidade de Lisboa no dia 31 de Maio

Ao longo das últimas semanas, com particular destaque para a semana de 27 a 31 de Maio, a Cidade de Lisboa tem visto encerrar inúmeras estações de correios dos CTT, com prejuízo evidente para as populações. Esses encerramentos, além de quebrarem a unidade territorial do país e de deteriorarem a qualidade do serviço prestado pelos CTT, afetam com particular intensidade e gravidade as populações mais idosas, com mais reduzida mobilidade geográfica e com mais carência social e económica que representam uma fatia maioritária da população da Cidade.
A população de várias freguesias e zonas da Cidade assumiu a luta pela defesa das estações e houve mesmo compromissos assumidos pela Administração dos CTT que poucas horas depois foram quebrados. O encerramento não foi discutido com as Juntas de Freguesia, nem com o Poder Local, e as populações foram em muitos casos surpreendidas pelo encerramento não avisado de um serviço que é, para muitos, fundamental para a concretização de direitos básicos prestados pelo serviço postal.
No dia 31 de Maio de 2013, perante a mobilização das populações em defesa do serviço postal público e do não encerramento das estações, a Administração dos CTT decide encerrar todas as estações de correios da Capital. As estações encerraram sem aviso às 17h, incumprindo os horários definidos e afixados, a pretexto de “razões de segurança” ou “motivos de ordem técnica”. Várias pessoas que se deslocavam às estações foram impedidas de concretizar envios independentemente de estarem condicionados por prazos. Na prática, a administração de uma empresa pública tomou a decisão política de isolar de comunicações postais a capital do país a que supostamente deve serviço.
Desde o aeroporto aos Restauradores, passando pelos Centros Comerciais, todas as estações foram encerradas. Isso revela bem que o interesse de uma administração e de um governo que têm na privatização o objetivo primeiro e último da sua política não é compatível com o interesse público e com a qualidade do serviço. Todavia, tal atuação por parte de uma administração é absolutamente inaceitável e o Governo tem a obrigação de apurar responsabilidades por taldecisão e seus impactos.
Os deputados do Partido Comunista Português estiveram presentes em muitas ações de protesto contra o encerramento das estações e no próprio dia 31 tiveram oportunidade de verificar o encerramento sem aviso da estação dos Restauradores, onde inúmeros utentes demonstravam o seu protesto e descontentamento.
Assim, ao abrigo dos termos regimentais e constitucionais em vigor, o Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português, requer a V. Exa se digne solicitar ao Governo, através do Ministério da Economia e do Emprego, respostas às seguintes questões:
1.Tem o Governo conhecimento da medida tomada pela Administração dos CTT no dia 31 de Maio, quanto ao encerramento de todas as estações de correios de Lisboa?
2.Como entende o Governo a relação entre essa medida e a prestação de um serviço postal de qualidade, submetido ao interesse público?
3.Que medidas tomará o Governo para apurar as responsabilidades perante tal ato político que sujeitou ao isolamento postal a capital do país, protagonizado que foi por quem não detém o poder político?

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