Nota do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP ao PE

Em Defesa da Pesca Portuguesa - Nota do Gabinete de Imprensa dos deputados do PCP no PE

O Parlamento Europeu votou hoje favoravelmente o relatório do
deputado do PCP ao PE, Sérgio Ribeiro, relativo à "Protecção dos
recifes de coral de profundidade nos "mares" dos Açores, Madeira e
Canárias".

O relatório teve sempre como ponto de partida a
necessidade de proteger o ambiente que estava a sofrer agressões, e em
risco de as ver acrescidas.

Três questões fundamentais se colocaram ao relator:

Que actividades predadoras a moderar ou a proibir? Em que limites? Sob que jurisdição?

Segundo o deputado Sérgio Ribeiro, a proibição da pesca de arrasto pelo fundo seria insuficiente para proteger os recifes de coral e outras formações. Igualmente predadora é a arte de emalhar no fundo. Daí ter sido explicitamente incluída.

A
não utilização do critério das milhas a contar da costa, serviu para
desprezar ou menorizar a ligação às Zonas Económicas Exclusivas
nacionais. Assim sendo, a não consideração, na proposta da Comissão, da
situação criada na zona entre as 100 e as 200 milhas é, na opinião do relator, grave e devia ser corrigida.

A questão-chave da jurisdição nacional
(de Espanha e de Portugal) foi “simplesmente” omitida, ao contrário do
que aconteceu quando se tratou de jurisdição do Reino Unido sobre a
formação de recifes Darwin Mounts nas costas da Escócia.

Recordamos que este relatório agora aprovado apontava como principais aspectos:

O equilíbrio entre o aproveitamento de recursos e a sua conservação,
que foi conseguido onde e quando a pesca não era industrial e
predadora, e a conservação dos recursos biológicos marinhos estava sob
jurisdição nacional e regional, de proximidade, pelo que a sua
substituição não tem o fundamento de corrigir práticas incorrectas e
laxistas.

Havendo dois tipos de pesca, a pesca costeira e artesanal e a pesca industrial, a primeira é penalizada, com graves consequências sociais e nas economias regionais,
pelo carácter predador da segunda, que, pelo seu poder económico e
político, pode prosseguir, e com mais à-vontade, a sua actividade.

Neste
processo, foram referidas, ainda, as negociações sobre TAC e quotas.
Fez-se a denúncia do tratamento igual para o que é diferente, e das
estratégias que, a pretexto da defesa do ambiente, ajudam a que os
"peixes grandes" vão comendo os "peixes pequenos"... podendo
substituir-se o vocábulo "peixes" por outros como barcos, como frotas,
como interesses, como países.

Na votação final em plenário, foi
aprovada a proibição da arte de emalhar, o que se pode considerar muito
positivo por corresponder ao que a jurisdição anterior, nacional e
regional, impedia, mas quanto aos outros pontos... os "peixes grandes"
fizeram prevalecer a sua lei apesar de muitos votos a contrariá-la.

Esta luta continua na defesa de uma pesca que sirva os trabalhadores do mar, as economias regionais e as populações!

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