Sejamos claros: as negociações em torno dos chamados Acordos de Parceria Económica (na verdade acordos de livre comércio encapotados) só se arrastaram mais de dez anos porque os países africanos resistiram quanto puderam a assiná-los.
E resistiram porque estes acordos não promovem o desenvolvimento coisa nenhuma, pelo contrário, comprometem-no.
E comprometem-no porque privam os países africanos de receitas fiscais fundamentais, ao mesmo tempo que os obrigam a escancarar os seus mercados aos produtos e serviços europeus. A abrir as portas, no fundo, a uma nova vaga colonizadora.
Fossem estes acordos bons para os países africanos e estes tê-los-iam recebido de braços abertos desde a primeira hora.
A verdade é que só perante a inominável chantagem da União Europeia – que agitou armas como a cooperação para o desenvolvimento ou o fim de toda e qualquer preferência comercial – e só ao fim de vários anos, os países africanos se viram na contingência de ter de ceder.
O que está pergunta revela é antes de mais a má consciência de alguns. Como fica à vista com este debate, os seus efeitos práticos são poucos ou nenhuns.