Intervenção de Honório Novo na Assembleia de República

A disponibilidade manifestada pelo PSD para contribuir para a estabilização financeira...

A difícil situação do País em resultado da desvalorização do rating da República e a disponibilidade manifestada pelo PSD para contribuir para a sua estabilização financeira
Sr. Presidente,
Sr. Deputado Miguel Frasquilho,
Peço-lhe licença mas acho que está instalado um pouco no País o espírito de união nacional. Eu não disse da União Nacional, disse de união nacional.
O PSD, no entanto, já não se lembra, não se quer lembrar, não quer que nós nos lembremos ou não quer, por exemplo, que os analistas e comentadores se lembrem, mas a verdade, Sr. Deputado, é que, até ao final do mês de Março, o Dr. Passos Coelho «jurou a pés juntos» que, se aqui estivesse em vez da Sr.ª Deputada Manuela Ferreira Leite, teria votado contra o PEC. Teria votado contra o PEC, vejam lá! «Palavras leva-as o vento» ou, dito de outra forma, Sr. Deputado Miguel Frasquilho, basta uma tempestade nos mercados para que o Dr. Passos Coelho e o Eng.º José Sócrates «caiam nos braços» um do outro. A verdade é que, afinal, eles são tão amigos!...
E, afinal, o que é que eles fizeram, ontem? Em vez de denunciarem a especulação e de exigirem o combate firme à manipulação, o que fizeram Passos Coelho e José Sócrates? Curvaram-se, e querem que o País se curve, querem que o País se ajoelhe, face à manipulação que grassa nos mercados da dívida.
Mas não fizeram só isso, Sr. Deputado: aproveitaram esta «boleia» para antecipar o PEC, para apontar as baterias para os trabalhadores e desempregados. Para Passos Coelho e Sócrates, os responsáveis por tudo isto são os desempregados, são os trabalhadores, é a esmagadora maioria dos portugueses que trabalham.
Para Passos Coelho e José Sócrates, quem esteve na origem da crise, quem estimulou a crise, quem quer continuar a ganhar milhões de euros com a crise não tem de pagar nada.
Não acha estranho, Sr. Deputado Miguel Frasquilho, que nem Passos Coelho nem José Sócrates tenham anunciado que a banca passaria a apagar de IRC o mesmo que pagam as pequenas e médias empresas, isto é, 25%?!
Não acha estranho, Sr. Deputado Miguel Frasquilho, que, em altura de crise, Passos Coelho e José Sócrates não tenham dito uma única palavra sobre o facto de lucros acima de um determinado nível, lucros de centenas de milhões de euros, deverem ser taxados com uma taxa especial, para fazer face à crise?! Afinal, como é, Sr. Deputado Miguel Frasquilho?! O bloco central, isto é, a união nacional, o espírito de união nacional, só se reúne para proteger os responsáveis pela crise? Só se reúne para atacar quem trabalha? Onde é que está a justiça nesta união nacional, Sr. Deputado?

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