Pergunta ao Governo N.º 569/XII/1

Despedimento de enfermeiros em Centros de Saúde de Lisboa

Despedimento de enfermeiros em Centros de Saúde de Lisboa

Os 24 enfermeiros que trabalhavam nos Centros de Saúde da Alameda, Ajuda, Alcântara, Coração de Jesus, Lapa, Luz Soriano, Santo Condestável e São Mamede/Santa Isabel, no Concelho de Lisboa, em regime de prestação de serviços, colocados através de uma empresa de trabalho temporário, foram informados no dia 31 de Agosto, que a rescisão dos seus contratos tinha efeitos imediatos, ou seja, no dia 1 de Setembro deixavam de trabalhar.
Os enfermeiros foram informados pela empresa que os contratou, a “Medicsearch”, por e-mail. A empresa refere que "a sustentabilidade das contas públicas é um compromisso assumido no Memorando da troika" e que se trata de "um desígnio nacional a que todos devemos atender".
Segundo a empresa, para estes enfermeiros o desígnio a que tinham de atender, significou perderem o trabalho, engrossando o número de desempregados. Afirmou que foram informados “pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) que o contrato de prestação de serviços de enfermagem para o ACES de Lisboa Central, em vigor desde 1 de Janeiro de 2011 e válido até 31 de Agosto de 2011, não irá ser renovado”.
O despedimento dos 24 enfermeiros insere-se nas opções políticas do Governo, de reduzir despesa, independentemente das suas consequências, assente somente em razões de natureza economicista. Neste caso concreto, o despedimento dos enfermeiros, piorará as condições de funcionamento dos centros de saúde referidos e criará dificuldades acrescidas aos utentes no acesso aos cuidados de saúde. Os 24 enfermeiros asseguravam 840 horas semanais de cuidados de enfermagem e 3360 horas mensais nos centros de saúde de Lisboa.
Estes enfermeiros para além de terem sido despedidos de uma forma absolutamente insensível e desrespeitadora dos seus direitos, deveriam ser contratados pelo Estado e integrados numa carreira com vínculo público. Rejeitamos o recurso à colocação de profissionais de saúde em serviços públicos de saúde, através de empresas de trabalho temporário.
Sem os 24 enfermeiros nos centros de saúde, a qualidade dos cuidados de saúde prestados está comprometida.
Ao abrigo do disposto na alínea d) do Artigo 156.º da Constituição da República Portuguesa e em aplicação da alínea d), do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento da Assembleia da República, solicitamos ao Governo, que por intermédio Ministério da Saúde, nos sejam prestados os seguintes esclarecimentos:

1. Como pretende o Governo assegurar aos utentes os cuidados de saúde de qualidade nos Centros de Saúde da Alameda, Ajuda, Alcântara, Coração de Jesus, Lapa, Luz Soriano, Santo Condestável e São Mamede/Santa Isabel, quando despede 24 enfermeiros, essenciais ao bom funcionamento dos mesmos?
2. Porque o Governo não procede à contratação dos enfermeiros em falta nestes centros de saúde, integrando-os numa carreira com vínculo à função pública?

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