Declaração de voto de Inês Zuber no Parlamento Europeu

Desenvolvimentos políticos recentes na Hungria

A entrada em vigor da nova Constituição da Hungria tem provocado reacções de falsa indignação. Os que antes eram governo são agora oposição (social-democracia) e os que eram antes oposição são agora governo (direita). Uns e outros disputam a hegemonização do poder, temem a reacção do povo ao aprofundamento da crise, fingem uma disputa que não é de conteúdo de políticas mas antes de forma. Em maior ou menor grau, ambos se têm mostrado disponíveis para a submissão da sua soberania e das suas instituições aos Tratados da UE de forma a salvaguardar os interesses do grande capital que representam.

Não é o povo húngaro que preocupa a UE, o governo Húngaro e esta oposição (social-democracia). Nem por uma vez se referem ao novo código de trabalho e ao retrocesso nos direitos dos trabalhadores que ele significa, ou à intervenção do FMI e às exigências cruéis de retrocesso social que as chamadas medidas de austeridade estão a impor.

Uma grande distância política e ideológica nos separa do governo húngaro e de quem o apoia. Mas não alimentamos a ingerência em assuntos internos da Hungria e disputas entre sectores diferentes do grande capital; não aceitamos a escolha entre duas versões do retrocesso social - a do governo húngaro e a da UE - e campanhas de ingerência promovidas por quem tem responsabilidades na situação do país, com o objectivo de forçar a partir de fora mudanças que apenas ao povo húngaro cabe forçar.

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