Intervenção de

Debate sobre as conclusões do Conselho da Primavera<br />Intervenção de Ilda Figueiredo

Quando se olha para as conclusões desta Cimeira de Primavera e se compara com a situação real das nossas economias e das nossas sociedades, só podemos dizer que se aprofunda o fosso entre as políticas e os cidadãos. Onde estão as medidas práticas para a necessidade de duplicar o crescimento económico e o emprego com direitos, de forma a atingir os níveis de 2000? Onde estão as respostas para o desemprego que atinge 18,5% dos jovens activos com menos de 25 anos e cerca de 10% das mulheres activas? Onde estão as respostas para o crescimento do trabalho precário e mal pago, quando se sabe que cerca de 32% das mulheres empregadas trabalham apenas a tempo parcial e que mais de 43% dos jovens empregados só têm um contrato temporário, sem qualquer perspectiva de futuro? A verdade é que não só não há resposta como os escassos e vagos compromissos assumidos em termos de emprego, sem qualquer referência à sua qualidade nem às medidas concretas para o conseguir, são o maior sintoma de que as tensões sociais se vão agravar em diversos países da União Europeia. É particularmente chocante que não haja respostas para a pobreza que afecta mais de 15% da população, que não se reconheça que esta é uma grave violação dos direitos humanos e que, portanto, a inclusão social devia estar no centro das preocupações e das políticas da Comissão, do Conselho e dos Estados-membros, ao contrário do que actualmente acontece. Persistir neste neoliberalismo desenfreado que estamos a viver e de que as conclusões desta Cimeira são uma das expressões mais eloquentes, não é a resposta que as populações dos nossos países esperam. É tempo de arrepiar caminho e apostar no investimento, numa distribuição mais justa dos rendimentos, no emprego com direitos, na inclusão social, em serviços públicos de qualidade, num verdadeiro desenvolvimento e bem-estar para todos.

  • União Europeia
  • Intervenções
  • Parlamento Europeu