Intervenção de Jorge Machado na Assembleia de República

Debate da interpelação centrada nas consequências do pacto de agressão na vida dos portugueses — a grave crise económica em que se traduz a aplicação do «memorando de entendimento

(interpelação n.º 3/XII/1.ª)
Sr. Presidente,
Srs. Deputados:
Um dos sectores mais vulneráveis da nossa sociedade e que sente de forma mais gravosa os efeitos deste pacto de agressão é o dos idosos.
Dizia o Dr. Paulo Portas — antes das eleições, naturalmente, porque depois a conversa foi outra — o seguinte: «Tenho uma revolta interior muito grande, porque não houve uma única medida que protegesse os idosos, que são os mais prejudicados.»
Ora, uma vez no Governo, o que fazem? Fazem o quê? Em concreto, roubam os subsídios de férias e de Natal aos idosos; cortam no complemento de pensão de milhares de idosos portugueses; aumentam de uma forma brutal o custo de vista; aumentam o preço da eletricidade e do gás; mais impostos — onde está o CDS?! — para os idosos; a saúde é mais cara (são mais caros os remédios, mais caras as taxas moderadoras, mais caro o transporte de doentes); aprovam uma lei dos despejos, que ainda está em discussão na Assembleia da República, que vai ter consequências gravosas para os idosos; nos transportes, aumentam os preços e diminuem os serviços, condenando mais idosos ao isolamento. E estes são só alguns exemplos.
Graças ao PSD e ao CDS-PP, graças ao pacto de agressão, também assinado pelo Partido Socialista, graças ao Governo Passo Coelho/Paulo Portas, há muito mais idosos que vivem pior, que sofrem mais!
Há mais idosos que cortam na alimentação, que passam fome, graças a opções políticas tomadas no nosso País!
Há mais idosos que não fazem tratamentos médicos, que não compram os remédios, porque não têm dinheiro!
Hoje, metade dos idosos não tem dinheiro suficiente para aquecer as suas próprias casas!
Hoje, há cada vez mais idosos isolados, abandonados nos hospitais e que vivem e morrem sozinhos!
Para a grande maioria dos idosos, o lazer e o acesso à cultura são uma miragem. E nem nos lares de idosos escapam à política de direita deste Governo: depois das creches, querem aumentar o número de idosos por quarto nos lares, pondo em causa a sua dignidade e privacidade!
Hoje, graças ao PSD e ao CDS-PP, graças ao Governo Paulo Portas/Passos Coelho, a pobreza alastra de uma forma significativa entre os idosos, com consequências dramáticas para quem vive da sua reforma!
Mas a crise, Srs. Deputados, não é para todos, a crise é para alguns, porque, como vimos, para a banca há vários milhões de euros (são 8000 milhões de euros para o BPN), a EDP tem mais de 1125 milhões de euros de lucros, os salários dos grandes administradores portugueses continuam a aumentar — há ex-ministros a ganharem 624 000 euros/ano. Portanto, para esses, não há crise, não há sacrifícios!
Equidade na austeridade é uma mentira descarada que utilizaram para enganar os portugueses! Essa é a verdade que aqui denunciamos! E deixamos esta acusação a este Governo PSD/CDS-PP!

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