Estamos perante um relatório cheio de aparentes boas intenções que não consegue todavia esconder os seus reais intentos.
O objectivo não será tanto o de assegurar aos povos uma melhor e mais sustentável mobilidade, mas mais o de aprofundar o caminho de liberalização e privatização do sector dos transportes e a inevitável concentração monopolista que sempre lhe sobrevem. Comprovam-no as referências ao quarto pacote ferroviário, ao espaço europeu único de transportes ou ao céu único europeu.
Incluindo algumas considerações lógicas e pertinentes, sobre a multimodalidade e a facilidade de transporte e de planeamento de viagens no espaço europeu, pena é que estas se afigurem como a capa que encobre os reais desideratos do relatório, que parecem enquadrar-se, de resto, no âmbito do TISA (Acordo Internacional sobre Comércio e Serviços).
É visível a intenção de promover bons negócios para as multinacionais à custa de investimento público.
Quanto ao resto, nem uma palavra em relação aos ataques ao sistema público de transportes, como os que actualmente estão em curso em Portugal, impulsionados pela UE, visando a privatização dos transportes públicos. Isto depois do ataque desferido no âmbito do programa de agressão FMI-UE, que aumentou brutalmente o preço dos transportes, reduziu a oferta e degradou a qualidade do serviço.