Reconhecemos o potencial da cooperação territorial. Uma parte significativa da população europeia vive em zonas transfronteiriças. Por sua vez as regiões transfronteiriças são na sua maioria regiões deprimidas sofrendo abuse sempre dos problemas inerentes à interioridade e ao afastamento dos grandes centros.
Lamentamos todavia toda a propaganda à volta dos sucessivos programas Interreg, como se fosse possível fazer algo palpável apenas com algumas migalhas. Não é por acaso que não existe nenhum balanço minimamente objectivo sobre o impacto de 25 anos de cooperação territorial. Não se conhece nenhum impacto visível sobre o desenvolvimento socioeconómico destas regiões é muito menos sobre a permeabilidade transfronteiriças, seja nas trocas comerciais, seja na partilha de infraestruturas.
Mas as críticas que fazemos estendem-se à política de coesão a nível global e são naturalmente extensíveis à cooperação territorial. E esta política de coesão, que levou um corte substancial no actual quadro plurianual, é infelizmente cada vez mais uma miragem, cada vez mais a reboque das agendas neoliberais na UE. A política de coesão está hoje condicionada não às necessidades das regiões e das suas estratégias locais de desenvolvimento, mas antes ao cumprimento de uma agenda 2020 estabelecida em Bruxelas e muito longe da necessidade das regiões e suas populações.
Mais grave, a política de coesão, na sua concretização, tende hoje a transformar-se num elemento promotor das assimetrias. Com efeito, temos os fundos destinados a apoiar a inovação a serem canalizados para os países mais ricos do Norte. Ao mesmo tempo os fundos destinados a apoiar o desemprego de longa duração são drenados para o sul com o objectivos de minorar as consequências das políticas de liberalização impostas pela UE.
Urge por cobro a esta situação, rompendo com este modelo e pugnando por uma nova Europa de paz e cooperação. Se queremos de facto a coesão social e territorial, desafiamos as instituições europeias a duplicar o orçamento para coesão e mudar completamente o seu figurino por forma a dar liberdade às regiões para poder escolher as suas estratégias de desenvolvimento de acordo com as suas características e a sua vontade. Então sim poderemos lutar de facto contra as assimetrias regionais.