De repente toda a gente fala na necessidade de reindustrializar a Europa. Falamos hoje da indústria ferroviária.
Nestes debates há porém uma coisa que parece sempre esquecida por uma parte dos intervenientes: é que se falamos de re-industrializar será porque antes houve uma desindustrialização.
Ora esta desindustrialização teve responsáveis e causas concretas. Comecemos então por aí, já que seria, no mínimo, pouco inteligente tentar a dita reindustrialização com as mesmas políticas e orientações que provocaram a desindustrialização.
Na verdade, são as estratégias de liberalização e de privatização que estão na raiz do declínio do sector em vários Estados-Membros, que levaram ao desmantelamento de muitas unidades de produção pela Europa fora, que promoveram a concentração monopolista e levaram ao despedimento de milhares de trabalhadores.
Lembrem-se disto quando lamentarem a falta de trabalhadores qualificados no sector. Eles já existiram.
Agora querem uma política europeia à medida dos grandes grupos europeus do sector. Para colonizar o que ainda resta dos mercados nacionais - para o que contribuem os sucessivos pacotes ferroviários e as regras europeias da contratação pública - e facilitando-lhes a vida, a esses colossos europeus, na concorrência internacional, para colonizar outros mercados mundo fora.
Não é este o nosso caminho. E deixámo-lo claro nas emendas que apresentámos a esta resolução.
A defesa da indústria ferroviária europeia exige um forte protagonismo e investimento públicos; um quadro de regulação que impeça a corrida ao fundo no plano dos salários e direitos dos trabalhadores, e que fomente o aproveitamento do potencial endógeno de cada país e não a concentração monopolista à escala europeia.