(inquéritos parlamentares n.os 4/XII/1.ª e 5/XII/1.ª)
Sr.ª Presidente,
Sr.as e Srs. Deputados:
O tempo vai passando, os governos e os governantes vão-se sucedendo, os negócios vão sendo fechados e assinados, os orçamentos do Estado vão sendo aprovados, e cada decisão e cada contrato são apresentados como a única forma, a única solução, justificados pela decisão anterior e justificando a decisão seguinte. E as parcerias público-privadas lá foram sendo assinadas, tantas e tantas vezes com os negociadores a passar do público para o privado, a saber, ministros do PSD ou do PS, que negociaram PPP em nome do Estado e que, hoje, são administradores das mesmas empresas que ficaram com o negócio.
É preciso, quando se fala em festas e raves, pensar em quem é que, ainda hoje, estará de ressaca das festas e raves que foram sendo feitas.
O constrangimento ideológico de que os senhores falam é o vosso. É essa profissão de fé que, ano após ano, vai sendo reafirmada na bondade das parcerias público-privadas e que não resistiria a essa tal análise geral de que os senhores querem fugir como o Diabo da cruz.
É importante a alteração que foi apresentada — e, por isso, registamo-la e valorizamo-la — para incluir neste inquérito parlamentar parcerias público-privadas como as da Lusoponte, da Brisa, da Fertagus e de várias outras, mas é de lamentar que, entretanto, fiquem de fora as parcerias público-privadas de grandes negócios realizados com grupos económicos para o hospital de Loures, o hospital de Cascais ou o hospital de Vila Franca de Xira. Fica de fora esse escândalo nacional que foi, e continua a ser, a PPP do hospital de Braga, um processo que atravessou os governos PS, de Guterres, os governos PSD/CDS, de Durão Barroso, Santana e Portas, os governos PS, de Sócrates, e este Governo PSD/CDS, de Passos e Portas. E fica de fora essa inacreditável trafulhice que foi a PPP do hospital Amadora/Sintra.
Srs. Deputados, cá estaremos, como sempre de forma empenhada e decidida, a contribuir para o total apuramento dos factos, a análise e verificação dos processos destas negociações e renegociações e, naturalmente, a responsabilização política dos que estiveram envolvidos nestas decisões.
Mas diga-se, desde já, que, se chegámos a este ponto e se é preciso este debate e esta comissão de inquérito, não foi por falta de aviso, de denúncia e de firme oposição por parte do PCP, cada vez que estes negócios foram apresentados e impostos ao País como a única solução e a boa medida, que se revelou, afinal, desastrosa.
Acima de tudo, esperamos que haja conclusões e lições a retirar, tendo em conta os novos negócios que estão na calha, lançados por este Governo e que contam naturalmente com o alerta, a denúncia e a oposição do PCP.