Pergunta ao Governo N.º 29/XII/4.ª

Atualizações' decididas pelo IHRU ao valor das rendas no Bairro Amarelo do Monte da Caparica Concelho de Almada

Atualizações' decididas pelo IHRU ao valor das rendas no Bairro Amarelo do Monte da Caparica Concelho de Almada

Os Moradores do Bairro Amarelo do Monte de Caparica, no Concelho de Almada, têm vindo a ser confrontados com os aumentos de rendas por parte do IHRU, havendo problemas sociais muito graves que estão a ser colocados com esta situação.
Sabemos que com a publicação do Decreto-Lei nº166/93 de 7 de Maio, procedeu-se à uniformização dos regimes de rendas dos imóveis que estavam sujeitos ao regime social, passando para regime de renda apoiada. Mas na verdade, mesmo antes desse famigerado decreto-lei, o PCP já vem defendendo e propondo na Assembleia da República iniciativas legislativas no sentido da aprovação de um regime legal da Renda Apoiada que de uma forma justa e adequada cumpra a Constituição da República designadamente o seu Artigo 65.ª no que diz respeito ao direito à Habitação e à responsabilidade do Estado neste âmbito.
O regime da Renda Apoiada continua sem alteração, apesar das sucessivas promessas do Governo e das sucessivas recomendações aprovadas pela Assembleia da República ao longo dos anos (a última das quais este ano – Resolução da AR n.º 10/2014).
Entretanto, o Governo e o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana/IHRU continuam a impor aumentos brutais de rendas, ignorando a realidade atual do país e penalizando profundamente as populações. Os moradores referem mesmo aumentos na ordem dos 1000% e 3000%.
Estes aumentos exorbitantes surgem quando a administração central nunca fez nenhum melhoramento nos interiores destes fogos, sendo os próprios moradores a salvaguardar esse mesmo patrimonio e a protegê-lo. Os moradores reclamam da falta de condições no exterior dos
edifícios, bem como da falta de campainhas, antenas do prédio, e da falta de segurança nos equipamentos, como o gáz e luz, pondo em risco a segurança dos moradores.
Relembram ainda estes cidadãos que um dos maiores factores de injustiça é a forma de cálculo da renda, a dimensão do agregado familiar, assim como o valor de referência para o mesmo ser o rendimento bruto e não o rendimento liquido.
Os moradores penalizados com esta situação têm vindo a organizar-se e a mobilizar-se para a luta contra esta injustiça, tendo já sido lançada a petição “Por uma revisão das rendas apoiadas mais justa” – e da qual se justifica reproduzir o seguinte excerto: «Vivemos num bairro social e
não num condomino fechado. (...) Lutaremos por uma lei justa e não cega, lutaremos pela equidade social, pelos idosos, pelas crianças, pelos desempregados, pelos que já estão em exclusão social, devido a estas políticas sociais.»
Assim, ao abrigo do disposto na alínea d) do Artigo 156.º da Constituição da República Portuguesa e em aplicação da alínea d), do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento da Assembleia da República, perguntamos ao Governo, através do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia
, o seguinte:
1.Vai ou não o Governo dar orientações urgentes ao IHRU para que seja suspensa de imediato a aplicação destes gravosos aumentos das rendas, quer os que se aplicaram ao Bairro Amarelo quer os que já foram aplicados antes?
2.Quais os processos de avaliação e de que forma considerou o IHRU a beneficiação das habitações pelos próprios inquilinos no valor das rendas e nos preços para aquisição pelos inquilinos, caso tenham sido fixados?
3.Para quando está afinal previsto pelo Governo uma revisão deste regime que corresponda de forma adequada à capacidade económica das famílias e dos habitantes de edifícios sob tutela do IHRU?
4.Considera ou não o Governo ter em conta as propostas que o PCP tem vindo a apresentar para um regime mais justo na Renda Apoiada, na defesa das condições de vida dos moradores e das populações?
5.O Governo garante que o novo regime de Renda Apoiada, que esteja em preparação, não servirá para tornar definitiva esta política de aumentos de rendas que tem vindo a ser seguida?

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