A discussão de um quadro estratégico para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentarem os desafios no domínio da segurança alimentar, sendo bem-vinda e necessária, é indissociável da necessária discussão sobre a coerência entre este objectivo e as políticas sectoriais da União Europeia, como as políticas agrícola, comercial ou energética - apenas para referir três exemplos.

E a verdade é que existe hoje uma flagrante incoerência.

Com efeito: o livre comércio; a promoção de modelos de produção intensiva, de cariz exportador, que ameaçam e destroem a pequena e média agricultura e a agricultura familiar; e pressão para a utilização de solo fértil para outros fins que não a produção de alimentos (apenas para referir alguns exemplos) - tudo isto ameaça a soberania alimentar dos países em desenvolvimento. O conceito da soberania alimentar é indissociável da segurança alimentar. Quanto maior a dependência alimentar de um país, maior a insegurança alimentar; maior a dificuldade em assegurar o abastecimento de alimentos à sua população em quantidade e qualidade suficientes.