Intervenção de Bruno Dias na Assembleia de República

Aprova o Orçamento do Estado para 2012; Aprova as Grandes Opções do Plano para 2012-2015; Aprova a estratégia e os procedimentos a adoptar no âmbito da lei de enquadramento orçamental, bem como a calendarização para a respectiva implementação até 2015

(propostas de lei n.os 27/XII/1.ª, 31/XII/1.ª e 32/XIII/1.ª)

Sr.ª Presidente,
Sr. Ministro da Economia,
A sua intervenção pode ser resumida a uma só frase: «O nosso País está à beira do abismo e o Governo quer que o País dê o passo em frente».
O que os senhores querem impor ao País não é qualquer viragem, não é qualquer mudança de rumo; é ir mais longe do que nunca na mesma «receita» e na mesma política de desmantelamento e roubo daquilo que é de todos, dos recursos do povo e do País.
Os senhores anunciam a privatização da ANA e a alienação da rede aeroportuária, tal como propunha o PS, tal como se fez na Grécia, com os resultados conhecidos.
Anunciam a privatização da TAP, companhia de bandeira, o maior exportador nacional, tal como propunha o PS, tal como se fez na Grécia, com os resultados conhecidos.
Se o governo PS/Guterres tivesse privatizado a TAP, ela já não existiria, teria ido na «enxurrada» da Swissair, como os senhores sabem, e não haveria hub nenhum, porque não haveria TAP.
Os senhores querem encerrar centenas de quilómetros de ferrovia por todo País, tal como o PS defendia, tal como se fez na Grécia, com os resultados conhecidos.
Isto não é qualquer mudança de rumo, é «prego a fundo», é mais do mesmo, é implementar mais do que nunca a política de roubo e agressão ao interesse nacional.
Os senhores querem deixar as populações ao abandono e impor uma espécie de recolher obrigatório, cortando ligações fluviais, fechando o metropolitano e acabando com carreiras de autocarros.
Os senhores querem abrir um extraordinário e apetitoso negócio aos grupos económicos e, para esses, já há dinheiro, para essas PPP o dinheiro não falta. Cá estão os milhões no Orçamento do Estado, cá está o dinheiro para os mesmos do costume, e os sacrifícios para os mesmos que andam a pagar a factura há mais de 30 anos!
O que defendemos, Sr. Ministro, é uma política profundamente diferente, em que se vá buscar o dinheiro onde ele está, e não se opte por nem sequer estar já «em cima do muro», mas ser cúmplice activo neste roubo que está a ser feito ao País e aos trabalhadores.
Quando os senhores anunciam o desmantelamento de uma parte fundamental dos serviços públicos, a privatização dos correios e dos serviços postais, o encerramento, que já começou no governo PS e que continua na política do actual Governo, das estações e postos dos correios, aquilo que dizemos é que já chega de mais do mesmo!
E o que já estamos a observar no dia-a-dia é que as populações se recusam a «comer e calar», porque, como afirmamos, há uma alternativa.
E quando dizemos que não podemos aceitar que os senhores sejam o Governo da destruição e do desmantelamento e que o Sr. Ministro seja o ministro do desemprego e da precariedade, é porque não podemos aceitar que continuem incólumes os interesses dos grupos económicos. E, perante a chantagem imoral que os senhores querem impor aos trabalhadores — ou despedimos muitos, ou despedimos todos —, o que temos de fazer é essa mudança de rumo que os senhores prometem, mas não cumprem; a mudança de rumo que está em defender o serviço público e pô-lo ao serviço do povo e do País, da produção nacional e da economia nacional. E isto implica, de facto, um Orçamento totalmente diferente daquele que os senhores
querem impor a este País.

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