Sr. Presidente,
Srs. Deputados,
Sr. Deputado Carlos Pereira,
Gostaria de cumprimentá-lo pelo tema e pela abordagem ao sistema financeiro, que deve continuar a merecer a preocupação de todos os portugueses e, principalmente, dos partidos e da Assembleia da República.
Em primeiro lugar, como temos vindo a perceber, ainda estão por apurar a inteira responsabilidade e os custos da ação do anterior Governo, PSD/CDS, no que toca ao sistema financeiro.
A verdade é que a forma como geriram a relação do Governo com a banca e como emprestaram ou deram dinheiro aos bancos para empurrar os problemas para a frente ou os esconder debaixo do tapete tem vindo a revelar-se ineficaz na resolução dos problemas.
Provocou, até, novos problemas que estão agora a ser descobertos, não apenas os do BANIF e do BES, mas também, inclusivamente, custos que a Caixa ainda hoje está a assumir pelas opções de uma recapitalização mal feita em 2012 pelo Governo PSD/CDS.
Sobre as questões que colocou, nomeadamente sobre o funcionamento do Conselho de Ministros e sobre declarações, entretanto tornadas públicas, da Sr.ª Deputada Assunção Cristas e, se juntarmos a isso, um comportamento que o CDS tem vindo a adotar no Parlamento, de duas, uma ou, então, as duas são verdade: ou o CDS está a tentar escapar, a tentar alijar as responsabilidades que tem na participação no anterior Governo — que antes assumia com orgulho mas que agora parece não querer aceitar com tanta facilidade e sempre que pode tenta escapar dessa assunção de responsabilidades — ou, então, as reuniões do Conselho de Ministros demonstram e ilustram muito bem a forma como o anterior Governo tratava os problemas da banca.
Ao mesmo tempo que se esforçavam por encontrar meios para esmifrar os portugueses, para retirar rendimentos, para roubar salários, para retirar férias, para tirar feriados, enfim, para atacar os serviços públicos de todas as formas e feitios, tratavam de emprestar 4,9 mil milhões de euros à banca, com uma assinaturazinha quando se estava de férias, com confiança plena na Ministra das Finanças. Foram 4,9 mil milhões para o BES, tratados com uma assinatura, sem sequer ler antes de assinar.
Isso também demonstra não apenas a leviandade com que o CDS tratava um assunto desta seriedade, como demonstra, com iguais responsabilidades, a forma como o PSD tratava assuntos com esta importância para os portugueses e para a estabilidade do sistema financeiro no próprio Governo, no Conselho de Ministros.