Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, Reunião com novos militantes

«Aderir ao PCP constitui uma opção indispensável para todos que querem consequentemente lutar por uma sociedade e um mundo mais justos»

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Saúdo e agradeço a vossa participação nesta reunião com novos militantes do Partido Comunista Português.

A vossa opção de aderirem ao Partido Comunista Português marca a diferença e o caminho necessário neste início da terceira década do Século XXI.

Aderir ao PCP constitui uma opção indispensável para todos os que são atingidos pela política ao serviço do grande capital e querem consequentemente lutar por uma sociedade e um mundo mais justos.

Neste tempo marcado pela epidemia e pelo seu aproveitamento para acentuar a exploração, as injustiças, as desigualdades: coloca-se a cada um a questão do que fazer para defender direitos e avançar no caminho duma vida melhor.

Quando o desenvolvimento científico e tecnológico atinge um nível extraordinariamente avançado, a apropriação desses avanços ao serviço do capital, não só impede o seu aproveitamento para responder às necessidades humanas, como é usado para fragilizar direitos e agravar a exploração.

Quando no plano da medicina e da investigação na área da saúde se disponibilizam medicamentos e vacinas eficazes, a sua apropriação capitalista impede que uma grande parte da humanidade possa deles beneficiar.

Quando a riqueza produzida pelos trabalhadores é cada vez mais centralizada num reduzido núcleo de empresas multinacionais, numa profunda desigualdade e injustiça.

Quando se impõe uma concepção de cooperação e paz entre os povos, respeitando o seu direito soberano, o imperialismo na sede insaciável de lucro promove a agressão, a guerra e a depredação dos recursos naturais.

Quando na situação do nosso País se continuam a repercutir os efeitos poderosos da Revolução de Abril e das suas conquistas, mas se sente o efeito de décadas de processo contra-revolucionário, de política de direita, reconstituindo o poder dos grupos económicos e financeiros e pondo em causa a soberania nacional.

Quando com a luta dos trabalhadores e a acção do PCP foi possível defender, repor e conquistar direitos, mas as possibilidades existentes de avanço e resposta aos problemas nacionais são postas de lado pela política do Governo PS e as suas opções ao serviço do grande capital e de submissão às imposições da União Europeia, ao mesmo tempo que o grande capital aposta nos projectos reaccionários do PSD, CDS e dos seus sucedâneos do Chega e Iniciativa Liberal.

Quando a epidemia e os seus efeitos têm sido aproveitados pelo grande capital para agravar a exploração e usar recursos públicos para garantir lucros e distribuir dividendos, promover os despedimentos, o desemprego, a pobreza e as desigualdades, pôr em causa direitos e condições de trabalho e limitar os direitos políticos e sindicais.

A resposta tem muitas dimensões, mas a fundamental é de grande clareza: dar mais força ao PCP, tomar a opção de ser membro do Partido Comunista Português.

Essa é a forma mais consequente e mais eficaz de intervir, contribuindo para defender os interesses dos trabalhadores, da juventude, do povo, para assegurar a ruptura com a política de direita. Essa é a opção indispensável para abrir caminho a um futuro melhor, a uma política patriótica e de esquerda, à democracia avançada, tendo no horizonte o socialismo, a sociedade livre da exploração.

Temos muito trabalho pela frente, muitos combates a travar, temos que continuar a agir em várias frentes, nas empresas, nos locais de trabalho e aos mais diversos níveis no plano institucional para assegurar respostas a problemas que exigem soluções imediatas nos domínios da saúde, da cultura e nos serviços públicos, onde as carências ainda são muitas, no plano social e laboral, nomeadamente no plano da defesa e valorização dos salários e dos direitos.

Temos uma importante batalha eleitoral para as autarquias que está aí em desenvolvimento. Importante pelo que representa no plano local para a resolução dos problemas das populações, mas também pelo que pode contribuir para dar força à luta que travamos no plano nacional, em defesa da melhoria das condições de vida do povo e pela solução dos grandes problemas do País.

Sim, temos muitas batalhas a travar e temos um batalha central que é a luta pela concretização de uma política alternativa para o País e por uma alternativa política e um governo que dê garantias de a executar.

Uma batalha central para concretizar uma política com soluções para os problemas de fundo do País, desde logo esse problema nuclear, que neste momento assume uma redobrada importância, juntamente com a valorização do trabalho e dos trabalhadores e dos serviços públicos e que é a de assegurar as condições para afirmar o desenvolvimento soberano do País e com ele o objectivo do pleno emprego que a União Europeia e o Governo do PS abandonaram.

Portugal não pode continuar a trilhar o desastroso caminho da dependência económica a que o estão a condenar as políticas de submissão à União Europeia e ao grande capital transnacional e aos seus projectos de domínio hegemónico do espaço europeu.

Este é o momento de romper com políticas que fragilizaram Portugal e o tornaram um País crescentemente dependente.

É preciso relançar os sectores produtivos nacionais, incluindo a reindustrialização do País, modernizando e diversificando, tirando partido e aproveitando os seus próprios recursos, para produzirmos cá e não apenas comprar lá fora, mas o que se vai verificando é que as oportunidades de relançar estes sectores ficam condicionadas pelos critérios e condicionamentos das imposições da União Europeia e das suas regras feitas à medida das multinacionais.

Vejamos, por exemplo, a questão da compra de comboios. O Metro de Lisboa vai comprar 14 unidades triplas, no que se vai investir quase 100 milhões de euros. Esse investimento público vai ter uma contrapartida importante: vamos passar a ter mais comboios ao serviço, vamos poder alargar a rede e a oferta. Mas esses comboios vão ser comprados a uma empresa privada, austríaca, e vão ser fabricados em Espanha.

Gastamos 100 milhões de euros e ficamos com 14 comboios. Podíamos limitar-nos a dizer: menos mal, que como se vê com o Novo Banco, onde desviaram e derreteram milhares de milhões a troco de nada. Mas nós acrescentamos outra crítica: se esses comboios fossem construídos em Portugal, estaríamos também a criar emprego, estaríamos a garantir encomendas a um conjunto de empresas nacionais. Estaríamos a produzir em vez de importar.

As vantagens para o País seriam muito maiores.

O mesmo se passa na construção naval. Temos estaleiros navais encerrados, outros a enfrentar dificuldades, outros com possibilidade de aumentar a produção. Mas os 10 navios para a Transtejo vão ser feitos em Espanha. E no Programa de Recuperação e Resiliência, para o navio de investigação que se pretende adquirir, o Governo preocupa-se em determinar até o tipo de combustível (vai custar 10 milhões mais para utilizar um motor a amónia dita verde), mas nada faz para garantir que a construção se realiza em Portugal. E essa é uma grande diferença!

Para o PCP é fundamental que os fundos não sejam simplesmente gastos a ir às compras de bens ou serviços, e antes sejam aplicados numa política integrada que vise o desenvolvimento industrial, que contribua para a reconstrução do aparelho produtivo nacional e anime o conjunto da economia, que aumente a criação de riqueza em Portugal, que diminua as nossas importações e a dependência externa.

Sim, nós não precisamos das bazucas para ir às compras, precisamos de investimento para produzir e criar emprego!

Precisamos de criar riqueza e distribui-la melhor, assumindo o aumento geral dos salários como emergência nacional, a valorização das carreiras e profissões, o aumento do Salário Mínimo Nacional para os 850 euros e um combate firme e determinado à precariedade laboral.

Precisamos de ultrapassar os graves problemas que enfrentam os serviços públicos com uma política social dirigida para a igualdade, dignidade e bem-estar dos portugueses, capaz de lhes assegurar os seus direitos à saúde, à educação, à segurança social, à habitação, à cultura e ao desporto, aos transportes.

Neste tempo em que se assinala o centenário do PCP, os seus 100 anos de luta, o PCP marca a diferença. Não há deturpações, calúnias ou silenciamentos que possam apagar essa realidade.

É um Partido com uma história ímpar. O Partido da resistência antifascista, da liberdade e da democracia, o Partido da Revolução de Abril e das suas conquistas. O Partido sempre presente nos momentos de resistência, transformação e avanço.

É o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, o Partido da juventude. O Partido com que os trabalhadores, a juventude, as mulheres, o povo sempre podem contar.

É um Partido coerente. O Partido da verdade, que não cede a pressões e chantagens, aprende com a vida e segue determinado na afirmação da sua identidade comunista.

É um Partido com importantes valores éticos e morais. O Partido cujos militantes deram e dão provas sem paralelo de abnegação, recusando e combatendo favores e benefícios, dando o exemplo de dedicação ao serviço dos trabalhadores, do povo, do País, da causa da libertação dos trabalhadores e dos povos.

É o Partido que alertou e preveniu, a partir das suas análises, para as consequências da política de direita, para as privatizações e a reconstituição do capitalismo monopolista e o seu domínio sobre a vida nacional.

O Partido que alertou para as consequências da integração e do rumo da CEE/UE, para o que significaria a adesão ao Euro e todo o seu rasto de devastação económica e social, para o comprometimento da soberania nacional.

É o Partido que contribuiu e contribui para construir uma vida digna e melhor. O Partido cujos militantes no Poder Local e outras instituições, no movimento popular e aos mais diversos níveis agiram e agem para a resolução dos problemas dos trabalhadores e das populações, para a concretização das suas aspirações.

É o Partido que promove a participação e a luta. O Partido que alerta, esclarece, mobiliza e une, mostrando a força imensa da luta para resistir aos ataques e retrocessos sociais e civilizacionais e para transformar a sociedade.

É o Partido que organiza, que dá a oportunidade de juntar a opinião e a reflexão individual, à discussão e à decisão colectiva e a transforma em poderosa alavanca de intervenção e transformação.

É o Partido que propõe soluções para os problemas que enfrentamos, que promove a ruptura com a política de direita e a exigência de uma política patriótica e de esquerda, de um Portugal mais desenvolvido, mais justo e soberano.

É o Partido da solidariedade internacionalista, contra a agressão imperialista, da luta pela paz e a cooperação entre os povos.

É o Partido portador de um projecto de futuro. O Partido portador das soluções e do projecto alternativo, contra o capitalismo, pela democracia avançada, o socialismo e o comunismo.

O PCP, Partido que intervém com uma confiança inabalável assente na sua história, no seu projecto e na sua força, é o Partido a que vale a pena pertencer.

O PCP assume sempre o seu compromisso com os trabalhadores e o povo. Haja o que houver podem sempre contar com o PCP.

Esse é o sentido da adesão ao PCP, da militância no PCP, para a participação num grande colectivo partidário, para dar mais força e eficácia à defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo. A participação num Partido com uma história ímpar e um papel insubstituível na vida nacional. A participação num grande projecto de transformação social e emancipação humana.