Abertura da Festa do Avante!2005 Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário Geral do PCP

Estimados convidados e participantes:

 

Bem vindos à XXIX Festa do Avante!

Permitam-me
que a nossa primeira, mais calorosa e justa saudação seja dirigida aos
cerca de 6500 construtores da Festa que aqui no terreno fizeram mais de
45 mil horas de trabalho militante sem esquecer tantos outros camaradas
que deram o seu melhor e muitas horas de trabalho e criação nos
aspectos de concepção e planificação desta obra ímpar no plano
político, cultural, artístico e popular.

São muitas as vezes em
que delegações de partidos amigos que visitam a nossa Festa nos
perguntam como fazemos, como é possível uma realização com esta
dimensão e diversidade, esta disponibilidade e empenhamento
desinteressados de tantos jovens homens e mulheres, este misto de
orgulho e gratidão que devemos uns aos outros como algo de muito nosso
mas oferecido a todos os que connosco querem partilhar a Festa do
Avante! E não é fácil explicar a quem não nos conhece que esta obra
fascinante só é possível pelo Partido que temos e pelo Partido que
somos, que não sendo obra perfeita ele reflecte a forma como os
comunistas se posicionam na vida e na política, expressam as suas
responsabilidades, convicções e compromissos perante os trabalhadores,
o povo e o país, a sua compreensão e abertura aos problemas e desafios
que hoje atravessam a sociedade.

E esta Festa, construída a
pulso, com criatividade, com arte, tem tanto mais valor e significado
quando avaliamos o intenso trabalho e as exigentes tarefas em que o
nosso colectivo partidário esteve e está envolvido. Desde logo na
preparação e realização do nosso XVII Congresso que, contrariando
análises e profecias desgraçadas, constituiu uma grande e exaltante
afirmação deste Partido comunista, do seu projecto transformador e
revolucionário, da sua luta, causas e valores, da sua ligação
inquebrantável aos trabalhadores e ao povo português; iniciando
imediatamente a batalha das legislativas cujos resultados nos animaram
a prosseguir e a concretizar com mais força as orientações no sentido
do reforço da intervenção e organização do Partido; preparando quase em
simultâneo a batalha das eleições autárquicas e a nossa intervenção nas
eleições presidenciais.

Ao contrário do que fariam supor os
resultados das legislativas, em particular a pesada derrota da direita,
tivemos de travar a luta política e social contra as medidas e as
políticas do Governo do PS que, deitando borda fora todo o capital de
esperança que o povo português manifestou e expressou nas eleições
gerais de Fevereiro, não só não resolveu como agravou os problemas
económicos e sociais do povo e do país, optando sem rasgo nem coragem
por repetir e seguir os erros e o rumo dos governos anteriores.

Fomos
confrontados com a perda dolorosa do nosso querido camarada Álvaro
Cunhal, um destacado construtor desta Festa e do seu Partido de sempre
— o Partido Comunista Português, perda dolorosa pela sua morte física,
ficando no entanto nos nossos corações, na nossa memória colectiva, a
enorme e tocante homenagem prestada pelo povo português e acima de tudo
a sua obra, o seu exemplo heróico e corajoso que nos anima ao libertar
o grito e concretizar o lema tantas vezes aqui por ele pronunciado na
nossa Festa: A luta, tal como a vida, continua!

Sim camaradas, com tantas e diversificadas e exigentes tarefas, ainda tivemos forças para construir a nossa Festa.

Permitam-me
aqui uma observação: A direita e o PS, após a aprovação duma lei de
ingerência na vida dos partidos, numa falsa e hipócrita postura de
moralização dos financiamentos aos Partidos, aprovaram também uma lei
onde, para além de distribuírem entre si a parte de leão das verbas que
saem do Orçamento do Estado, incluíram normas que directa ou
indirectamente visam condicionar as receitas da Festa do Avante!. Este
acto, aparentemente mesquinho e invejoso e de quem é incapaz de fazer
uma festa como esta, comporta acima de tudo uma opção política contra o
nosso Partido. Se pensam que por aí nos quebram e nos limitam a nossa
independência face ao capital e aos senhores do dinheiro, ou
condicionam a nossa acção e intervenção política desiludam-se! Mas nós
dizemo-lhes: Venham à Festa do Avante!, libertem-se de preconceitos,
vejam, perguntem aos seus construtores e participantes, comunistas ou
não comunistas, das razões e sentimentos que os levam a estar aqui.
Decerto, se tivessem um rebate de consciência democrática, corrigiriam
as malfeitorias dessa lei.

Duvidamos que o façam!

Mas
então que saibam: Enquanto este Partido e esta Festa mantiverem a sua
maior riqueza, traduzida sempre em cada ano na participação generosa e
na militância dedicada de operários, intelectuais, mulheres, jovens e
mais idosos, nesta forma de estar e construir que não tem preço nem se
sujeita a nenhuma chantagem política disfarçada de operação
contabilistica, que surpreende e crispa quem não tem convicções, causas
e projecto de transformação social, não há nenhuma lei que possa
subjugar ou impedir esta força, esta vontade, esta obra do nosso grande
colectivo partidário.

Aqui chegados, que todos nós saibamos
contribuir para que, de hoje a domingo, seja um tempo de fraternidade,
convívio, alegria, debate e solidariedade, reganhando energias para os
difíceis mas exaltantes combates que aí estão colocados na ordem do dia.

Viva a Festa do Avante! ! Viva a JCP ! Viva o PCP !