«Bum!» - Ruben de Carvalho no «Diário de Notícias»

Se o ridículo matasse, o forte de S. Julião da Barra, enquanto residência da amostra de ministro da Defesa que felizmente nos rege, arriscava-se a recuperar algumas das suas sombrias tradições.

O Dr. Portas tem multiplicado as sugestões de envolvimento de tudo quanto é Forças Armadas na «luta contra o terrorismo». Propôs, por exemplo, a utilização de jactos F16. A eficácia do meio é, já se vê, assinalável. Sobrevoando Lisboa, o piloto de um daqueles aparelhos avista um fundamentalista islâmico, de mochila, a tomar um táxi na Rua Morais Soares. Nove segundos depois, na vertical de Alverca, o F16 lança um míssil ar-terra e acaba com o táxi, a mochila, o fundamentalista e ainda quatro quarteirões da Almirante Reis e o que resta do hospital de Arroios, permitindo ao Dr. Santana Lopes construir o condomínio fechado ao Chile.

Solução de igual eficácia será igualmente proporcionada pela disposição de vasos de guerra no Tejo. O grumete de quarto descortina um talibã disfarçado de pescador de enguias junto à estação do Sul e Sueste. Dois disparos bem assestados acabam com o talibã, com as colunas do Terreiro do Paço e a questão do túnel do metropolitano ganha outros contornos.

Não seria de mandar calar o homem?

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