Recrutamento
Avançar e crescer por um Portugal com futuro

Com estes dois artigos O Militante prossegue a abordagem das questões de organização. A concretização das conclusões do XVII Congresso para o reforço do Partido, elementos centrais para o presente e o futuro, entram agora, após o êxito das eleições autárquicas, numa nova fase.Associada a importantes tarefas políticas, como a resposta à ofensiva do Governo e do grande capital, o estímulo ao desenvolvimento da luta, o contributo para o fortalecimento dos movimentos de massas, a intervenção política geral do Partido e a importante batalha das eleições presidenciais, a acção integrada visando o reforço da organização partidária coloca-se como questão prioritária.A atenção das organizações e militantes d Partido a esta direcção fundamental de trabalho, é essencial para dar novos passos no movimento geral de reforço da organização partidária «Sim, é possível um PCP mais forte», para que o Partido resista e avance, cumprindo o seu papel insubstituível com os trabalhadores, o povo e o país.

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Jaime Toga
Membro do Comité Central e da Direcção da Organização Regional do Porto

Num contexto de crescente ofensiva contra os mais elementares direitos dos trabalhadores, quando as conquistas de Abril são sucessivamente postas em causa, o PCP afirma-se como força cada vez mais indispensável e insubstituível na defesa dos interesses dos trabalhadores, do nosso povo e do país, na luta por uma alternativa que afirme o projecto comunista.

A luta pelos nossos objectivos exige um PCP mais forte. Para o reforço do Partido assume particular relevância o recrutamento de novos militantes, em particular de trabalhadores, jovens e mulheres.

Mesmo reconhecendo que a repressão e a precariedade nos locais de trabalho, as nossas debilidades de organização e a influência da ideologia burguesa e as campanhas por ela promovidas contra o Partido podem surgir como obstáculos ao recrutamento, a realidade reflecte uma crescente disponibilidade para a adesão ao Partido. Para tal, muito contribui a campanha de contactos e o reforço orgânico que lhe está associado, a Festa do «Avante!», o Congresso do Partido e os êxitos eleitorais de Fevereiro e de Outubro.

São muitos e muitos, jovens e menos jovens, os homens e mulheres que têm aderido ao Partido desde que, em Março, o Comité Central assumiu a realização de uma campanha de recrutamento de 2500 novos militantes até Março de 2006, momento em que assinalaremos o 85.º aniversário do PCP.

As centenas de novos camaradas atraídos pelo nosso projecto de transformação social, pela justeza das nossas propostas, pela coerência dos nossos princípios são apenas uma amostra das potencialidades existentes para o recrutamento, exigindo-se aos vários organismos de base do Partido uma correcta planificação deste trabalho.

A iniciativa do recrutamento a partir das organizações do Partido e a necessidade de cada camarada assumir esta como uma tarefa prioritária, fazendo abordagens aos que se destacam nas lutas das empresas, dos locais de residência ou do associativismo estudantil e o contacto com muitos dos que, não sendo militantes, há anos trabalham connosco de forma honesta e empenhada, precisam ser discutidos e devidamente planificados, no sentido de trazermos para as nossas fileiras os mais capazes e disponíveis. Só assim podemos aproveitar as boas condições existentes para a adesão ao Partido e com elas alargar o núcleo activo e reforçar os organismos de base.

A somar a este contexto, as eleições autárquicas e os milhares de contactos com independentes que estabelecemos em todo o país, desde a formação de listas à campanha eleitoral, reforçam as nossas expectativas de trazer ao Partido muitos novos militantes.

O passo seguinte

Ao recrutamento de um novo camarada é fundamental que se siga um conjunto de medidas que permitam uma correcta integração no colectivo partidário.

Combater ideias feitas, ultrapassar preconceitos, dignificar e valorizar o estatuto de militante do Partido, que não é um membro de uma qualquer colectividade, significa assumir compromissos inerentes aos nossos princípios de funcionamento e objectivos revolucionários.

Garantir a compreensão da militância é um elemento decisivo da força do Partido e assegura um maior número de membros a desempenhar tarefas regulares ou permanentes, por pequenas que sejam, aproveitando as disponibilidades e capacidades de cada militante em cada momento e encorajando a sua iniciativa própria.

Dar a conhecer o Programa e os Estatutos do Partido, discutir a organização em que se vai integrar (dando prioridade à organização por local de trabalho ou sector profissional) é condição para uma militância consciente.

Não menos importante é a fixação do valor da quota num partido revolucionário como o nosso, que deve assegurar o seu próprio financiamento. O esclarecimento de que o pagamento da quota é, em primeiro lugar, uma responsabilidade de cada militante e a definição da forma como a quota deve ser paga regularmente, não deve esquecer as novas formas disponíveis, nomeadamente o pagamento por Multibanco e por transferência bancária.

O apuramento da disponibilidade de cada camarada das tarefa para que se sente mais vocacionado, a importância da imprensa do Partido e o alerta para a necessidade da actualização dos respectivos dados, particularmente quando muda de local de trabalho, de morada ou de telefone são aspectos que não devem deixar de ser referidos.

Às organizações caberá o acompanhamento de cada camarada, avaliando o enquadramento nas tarefas do Partido (dando prioridade aos que têm acção militante), estimular a distribuição de tarefas, o seu cumprimento e a prestação de contas.

As novas formas de contacto (SMS, correio electrónico, telemóvel) não poderão ser desvalorizadas, assim como a promoção da formação política e partidária de cada camarada precisa ser a cada momento avaliada pelos organismos de direcção que deverão, sempre que se justifique, realizar iniciativas específicas com esse fim.

Responsabilizar

A importância do recrutamento passa também pela possibilidade (mesmo a necessidade) de reforçar efectivamente o Partido e o número membros que com regularidade desempenham a sua militância.

O processo de recrutamento e integração de novos camaradas na vida do Partido continua com a responsabilização dos camaradas que se vão destacando no desempenho das tarefas que lhes são atribuídas.

A responsabilização dos novos camaradas é fundamental para o cumprimento das conclusões do nosso XVII Congresso, nomeadamente no que diz respeito a renovar e rejuvenescer os organismos existentes e criar outros sempre que se justifique, responsabilizando novos camaradas, distribuindo tarefas que por vezes estão excessivamente concentradas num número reduzido de camaradas e assim contribuir decisivamente para a melhoria da capacidade de direcção.

O aumento do número de militantes com tarefas, além de alargar o núcleo activo do Partido, permite melhorar a sua intervenção e a concretização das tarefas. Com mais camaradas o Partido chegará certamente a mais gente.

Por outro lado, a responsabilização de novos camaradas aos mais diversos níveis, além de ser um factor de motivação para camaradas mais velhos, poderá contribuir para vencer rotinas de trabalho e potenciar ao máximo o trabalho colectivo.

O XVII Congresso definiu ainda uma «acção geral de levantamento, responsabilização, acompanhamento e formação de quadros» que agora começa e implicará também o levantamento de tarefas, em particular tarefas permanentes, a atribuir a cada organização, como forma de assegurar o fortalecimento do Partido enquanto garante a renovação e rejuvenescimento dos seus organismos.

Ao direccionarmos as nossas atenções para o recrutamento, integração e responsabilização de operários, jovens e mulheres, temos bem presentes não só as necessidades imediatas e futuras do Partido mas também a sua natureza de classe, o seu carácter revolucionário e as suas prioridades de intervenção e organização junto das massas trabalhadoras.

Ainda que estejamos num contexto nacional e internacional em que a luta das forças progressistas por um mundo efectivamente justo e solidário está mais difícil, mesmo com a correlação de forças favorável aos nossos inimigos de classe e com o agravar da ofensiva contra os trabalhadores e o ataque às conquistas que alcançaram com muitos anos de luta, nós sabemos que é possível lutar e transformar. Mas, para tal, é preciso acumular forças e organizá-las para que seja travada esta ofensiva.

É ao PCP que cabe este papel. É a cada um de nós que compete dar o seu contributo revolucionário para que o Partido cresça e avance na concretização do seu projecto.

«O Militante» - N.º 279 Novembro/Dezembro 2005