Partido Comunista Português
Sobre as propostas da ERSE
Quinta, 19 Junho 2008
electricidade.jpgO PCP considera que as duas propostas da Entidade Reguladora dos Serviços Eléctricos não podem deixar de ser avaliadas no quadro da acentuação das desigualdades e injustiças sociais, mas também da privatização da empresa e do aproveitamento que as grandes empresas que fornecem serviços essenciais ao País e às populações vêm fazendo com a subida especulativa dos preços de matérias primas.

 

 

 

Sobre as propostas da ERSE
Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

 

 

1 - O PCP considera que as duas propostas da responsabilidade da Entidade Reguladora dos Serviços Eléctricos (ERSE), colocadas em discussão pública até ao final do mês de Julho e que merecem o mais vivo repúdio, não podem deixar de ser avaliadas no quadro da acentuação das desigualdades e injustiças sociais, do crescimento da pobreza e da miséria, mas também da privatização da empresa e do aproveitamento que as grandes empresas que fornecem serviços essenciais ao País e às populações vêm fazendo com a subida especulativa dos preços de matérias primas, como é o caso do petróleo.

 

2 - Ao considerar a possibilidade de ser o conjunto dos clientes da empresa a partilharem os custos com as facturas incobráveis, a ERSE esquece propositadamente o facto de que a empresa tem os mecanismos necessários para obrigar ao pagamento  da energia consumida, mas também que os riscos do negócio são da responsabilidade da empresa e não dos clientes. Empresa que nos últimos anos tem vindo a acumular  lucros fabulosos. Em 2007 o lucro líquido da EDP foi de 907.3 milhões de euros. 

 

4 - Ao propor a revisão trimestral dos preços da electricidade, em função do custo das matérias primas, a ERSE dá um sinal claro à empresa de que esta pode, como tem vindo a acontecer com a GALP, aumentar os lucros numa base especulativa e de penalização dos consumidores, bastando para tal aumentar a capacidade de armazenamento das matérias primas. De salientar ainda o facto de uma parte substancial da energia consumida é importada de Espanha e França com origem nas centrais nucleares.

Ao contrário do que é afirmado pelo representante da DECO no Conselho Tarifário da Electricidade, o problema da poupança da energia, num país onde o consumo per capita é indicador do estado de atraso relativo à maior parte dos países europeus, não passa por penalizar os pequenos consumidores, mas pela existência de um plano nacional de energia

 

5 - O facto da iniciativa ter partido da ERSE à qual não deve ser alheia as queixas da EDP pelo facto não poder continuar a cobrar o aluguer dos contadores, põe mais uma vez em causa a "independência das Entidades Reguladoras" que nesta como noutras situações tem optado por se colocar ao lado dos interesses da empresa e não dos interesses dos consumidores e do país. Estas propostas são elucidativas da prepotência e arbitrariedade que caracterizam a intervenção desta entidade.

 

6 - Exigimos que o Governo intervenha neste processo impedindo que mais uma vez sejam os mesmos a pagar os custos da crise.