Partido Comunista Português
PCP contra aumento de portagens na região de Setúbal
Terça, 29 Dezembro 2009

portagens autoestradasO Grupo Prlamentar do PCP entregou ontem na AR, uma pergunta ao governo sobre a intensão da Brisa de aumentar as portagens naquela região, aumentos que podem atingir os 6,25%. O PCP exige assim que o governo  se pronuncie sobre esta decisão e tome medidas que impeçam esta inaceitável penalização que se coloca às populações da Península e do Distrito de Setúbal.

 

 

Pergunta ao Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações

Aumento de portagens nas auto-estradas da Região de Setúbal

Exmo. Sr. Presidente da Assembleia da República

As notícias vindas a público sobre os aumentos das portagens na Península de Setúbal (auto-estradas A2 e A12), anunciados para 2010, evidenciam um carácter totalmente injusto e até contraditório com o que se verifica no restante território nacional.

A inflação registada em Outubro – que serve de referência à fixação das tarifas anuais – foi negativa, pelo que as concessionárias das auto-estradas não vão poder aumentar as portagens. Excepções a este quadro são os sublanços Palmela/Nó de Setúbal e Montijo/Pinhal Novo, numa situação que foi já repudiada pelo Poder Local, designadamente pela Associação de Municípios da Região de Setúbal.

No Governo ninguém quer assumir a responsabilidade por esta decisão. O Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações veio afirmar através da comunicação social que o agravamento das portagens é uma decisão da inteira responsabilidade da concessionária.

No entanto, o porta-voz da empresa concessionária já clarificou que «esses aumentos foram acordados entre o Governo e a Brisa nos termos da revisão do contrato de concessão que ocorreu no final de 2008».

O Governo tenta assim ilibar-se de responsabilidades que são evidentes face às negociações que realizou com a Brisa, e que agora resultam nesta inaceitável penalização para as populações e o tecido económico de toda uma região, com destaque para os trabalhadores e para as micro-empresas que tanto têm sofrido com as consequências de uma crise que não foi nem é da sua responsabilidade.

A Brisa, empresa concessionária da rede de auto-estradas, permite-se assim proceder a um aumento de portagens que chega aos 6,25% no troço Montijo/Pinhal Novo (passando para 85 cêntimos), e anuncia a “introdução” de portagens para o troço Palmela/Nó de Setúbal – isto quando o próprio portal da Brisa na Internet indica que a esse troço corresponde uma taxa de portagem que já hoje é cobrada pela empresa.

Só nos primeiros nove meses de 2009, a Brisa registou um lucro de 112 milhões de euros, valor que subiu 2% face a igual período do ano anterior. Com a alteração do contrato de concessão, negociada entre o anterior Governo PS e a empresa, esta ficou com a concessão das ligações rodoviárias ao Novo Aeroporto de Lisboa, garantindo assim perspectivas mais do que atractivas para o seu negócio. Agora, e mais uma vez, esse contrato de concessão é invocado para gerar mais lucros à custa das populações da região.

Assim, ao abrigo do disposto na alínea d) do Artigo 156.º da Constituição da República Portuguesa e em aplicação da alínea d), do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento da Assembleia da República, perguntamos ao Governo, através do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, o seguinte:

1. Como se explica que esta decisão, resultante de negociações entre o Governo e a Brisa, seja agora referida pelo Governo como sendo supostamente da inteira responsabilidade da concessionária?

2. Que medidas serão tomadas pelo Governo para defender o interesse público e pôr cobro a esta inaceitável penalização que se coloca às populações da Península e do Distrito de Setúbal?

Assembleia da República, 28 de Dezembro de 2009.