Por um
forte sector público, universal e de qualidade de telecomunicações”
Intervenção de António Roque
1. A situação
Felicito a coordenadora nacional pela realização deste debate, porque decerto esta iniciativa contribuirá:
• para nos dotar de conhecimentos que serão preciosos na luta politica do quotidiano e na elaboração de novas estratégias de intervenção, de que estamos carecidos
• para criar a consciência de que é importante adquirir esses conhecimentos, que nos são absolutamente indispensáveis no sentido de evitar alguns erros que vamos cometendo, erros tantas vezes evitáveis.
Aliás, torna-se absolutamente necessário prosseguir com este tipo de encontros, eventualmente com outro figurino e não já tendo em conta a cn, mas para estimular a análise e a sistematização de conhecimentos sob o sector, tão necessários ao desenvolvimento a um trabalho politico de qualidade, no interior das empresas e junto dos trabalhadores
Tais encontros, com periodicidade mensal, dinamizados pela célula, poderiam versar temas como (para a pt):
• a internacionalização da empresa – se é necessária ou não. que consequências? ;
• a ausência de investimentos no território nacional para deslocar recursos financeiros imensos para o estrangeiro sabe-se lá com que riscos associados;
• o problema da “vivo” (má gestão…?) e a subalternização da pt na parceria com a telefónica;
• a questão da separação das redes e o spin-off da multimédia; consequências da mudança da propriedade e da estrutura acccionista;
• as causas e os efeitos da opa;
• o panorama concorrencial no sector;
• o modelo organizativo e a reestruturação da empresa e o seu impacto nos direitos e interesses dos trabalhadores e na existência da própria empresa tal como ainda a conhecemos;
• o programa de remuneração dos accionistas consubstanciado no compromisso emergente da opa e que consome todos os recursos colocando em causa os investimentos na rede, na i&d, na manutenção, etc retirando competitividade à empresa
• a golden share: sua manutenção e uso em situações que se justifiquem
• o primado da óptica financeira sobre o core bussiness
• as ineficiências aportadas á empresa por tudo isto
só conhecendo a realidade poderemos agir sobre ela e modifica-la!
2. Impulsionar decisivamente o trabalho politico da célula
O partido tem um programa para o sector das telecomunicações que, muito sinteticamente prevê:
• a sua natureza publica, ao serviço do interesse nacional e gerido de acordo com essas premissas;
• a cobertura de todo o território nacional pelas infraestruturas de telecomunicações;
• a acessibilidade generalizada a esse bem, nas melhores condições de preço e de qualidade;
• a inclusão no serviço universal, para alem do telefone fixo e do móvel, dos serviços de Internet na banda larga;
• a consideração de que as telecomunicações devem ser usadas como factor de desenvolvimento e de combate ao atraso e estagnação de algumas regiões e populações
Obviamente que não é neste sentido que as coisas caminham, mas exactamente no sentido oposto, em que:
• o paradigma primeiro é o lucro e a sua maximização, a criação de valor para o accionista (um eufemismo que todos sabemos o que quer dizer…)
E é à luz deste paradigma que são adoptados princípios, metodologias e critérios de gestão – operacional e estratégica, no seu âmbito global ou sectorial – que todos nós constatamos e sentimos todos os dias.
Assim sendo, a questão que hoje se nos coloca é a de saber como lidar com esta nova situação e de como nos devemos organizar para a reverter ou, no curto prazo, como minimizar os seus efeitos.
Nunca devemos esquecer que estamos a combater forças poderosas, bem organizadas, bem apetrechadas, com vastos recursos humanos e financeiros.
O sector das telecomunicações – como recentemente ficou demonstrado – é, provavelmente, o sector mais importante da nossa economia.
Daí que o partido lhe deva dispensar a atenção devida e dotar o nosso sector de apoios e de quadros políticos que nos acompanham, o que não tem sucedido…
Daí que talvez tenhamos que analisar, discutir e rever a forma como estamos organizados, as iniciativas que realizamos, e, fundamentalmente, os resultados que obtemos.
Uma das frentes que nos deviam merecer uma urgente e profunda discussão, é a frente sindical.
Estou convencido que, se não se fizer nada, se tudo continuar a decorrer como está a decorrer, dentro de muito pouco tempo desaparecerão os sindicatos no sector, ou serão meramente residuais.
Muitos dos trabalhadores que têm ingressado no sector, consideram os sindicatos esgotados e o discurso sindical não é compreendido e muito menos apelativo, não vendo assim nenhum interesse em sindicalizar-se (para alem da coação a que são sujeitos).
Isto significa que têm que ser feitos redobrados esforços para trazer essa nova massa de trabalhadores aos sindicatos – e não só os precários – mas também todos os outros trabalhadores, incluindo os quadros, que já são a maioria dos novos recrutados.
Tarefa gigantesca, é verdade, mas possível se se souber encontrar o caminho certo.
Para tal, a comunicação é fundamental!
Devemos usar sem receios e com sistematização as tecnologias de informação que estão ao nosso dispor para contactar os trabalhadores no interior da empresa (a célula é constituída por militantes que já não estão no activo…)
Os comunicados devem ser regulares – e o seu conteúdo e forma devem ter da nossa parte o máximo de atenção e rigor.
Deveria ser ponderada a reedição regular do boletim da célula o “linha directa”, com distribuição em papel e electrónica.
Portanto e em resumo:
Como sabemos, a nossa intervenção politica acontece em vários niveis e em vários foruns, na AR, nas autarquias, nos sindicatos, nas ct, nas colectividades etc, etc…
Mas essa intervenção está sempre plasmada e é sempre suportada pelas massas, pelos trabalhadores, pelo povo.
Isto para dizer que as nossas propostas e o nosso programa para o sector das telecomunicações – cujas linhas mestras todos conhecemos – será tanto mais exequível, quanto mais força politica tivermos, quanto mais forte e ampla for a nossa base social de apoio.
E essa força politica advem-nos dos trabalhadores
Mas há mudanças organizativas e de funcionamento – mesmo de mentalidades – que são urgentes implementar, para chegar a esses trabalhadores.
Realizemo-las!
|