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O regresso dos Xutos &
Pontapés à Festa do Avante! impõe-se, antes de mais, pelo carinho demonstrado
pela banda de cada vez que sobe ao palco na Atalaia, mas também pela fidelidade
e apreço demonstrado pelos muitos milhares de pessoas que habitualmente enchem
o recinto durante os concertos. Na Festa 2006, os Xutos dão a conhecer o seu
mais recente trabalho. «O Mundo ao Contrário», onde se inclui o tema «Ai se ele
cai», música que já anda na boca de toda a gente, é o 17.º álbum de originais
da banda. 25 anos depois do início de uma carreira recheada de sucesso, sem lugares
comuns e insistindo em remar contra a maré, «O Mundo ao Contrário» não é apenas
e só um disco de aniversário, é uma busca de autenticidade, das raízes e da identidade
que fizeram dos Xutos & Pontapés um grupo de culto que atravessa gerações. Mais
do que um regresso ao passado, o espectáculo que os Xutos se preparam para
levar à Festa é a prova de que o futuro lhes reserva outro quarto de século. De
música e de Festa, seguramente.
Em 1982, «Sêmen» dava a conhecer aquela que seria a
banda portuguesa com maior longevidade de todos os tempos. Os Xutos &
Pontapés editavam nesse ano o seu primeiro single ( cujo lado B trazia «Quero
mais»). Gravaram-no para a etiqueta Rotação, o nome do porgrama de António
Sérgio na Rádio Comercial. De banda revelação passaram a ser um fenónemo único
no panorama musical português e canção após canção os êxitos sucederam-se.
No ano em que celebram 25 anos de carreira, a
Universal reúne os 25 singles mais emblemáticos da banda e agrupa-os numa caixa
de luxo, mantendo as capas originais dos singles.
«O Mundo ao contrário», mais do que o 17º disco dos
Xutos é o disco editado no ano em que se comemoram os 25 anos de carreira.
Prova máxima da vitalidade criativa. Em vez de um «celebrante» disco ao vivo (
isso fizeram aos 24 anos) ou de um «best of» ( que fizeram aos 20 anos), um
disco de originais que já eram aguardados há mais de três anos.
25 anos de carreira! Com 25 anos de carreira é
legítimo perguntar como é que um grupo constrói as suas músicas? Ao fim de 25
anos como é que cinco pessoas se juntam e escrevem canções? Que pessoas são
essas? A sua identificação é fácil, mas as suas identidades estão, neste frágil
momento, expostas, partilhadas, em construção. Quando se reúnem para fazer
música é um momento de cristal. É o momento em que a idéia de grupo mais se
concretiza. Ver hoje os Xutos em estúdio ou em palco é ver cinco pessoas que se
juntam com o mesmo entusiasmo e ardor de uma primeira vez, como sempre se
juntaram nestes últimos 25 anos.
O grupo que um dia quis ser como «os punk’s», o
grupo que «ou gravava ou separava-se», o grupo que teimou em romper com o
«Cerco» e saltou para o meio de «Circo de Feras», o grupo que enfrentou desertos
a que achava ter direito, o grupo que encheu o Pavilhão Atlântico e teve 20
grupos a interpretar 20 das suas canções nos seus 20 anos, é o mesmo grupo que
comemora este ano os 25 anos de carreira e que anda em tournée com «Três
desejos». Que desejo será apresentado na Festa do Avante!?
Xutos & Pontapés.
O Mundo ao Contrário
"O Mundo ao Contrário". Mais
do que o 17º disco dos Xutos, é o disco editado no ano em que se comemoram os
25 anos de carreira. Prova máxima de vitalidade criativa. Em vez de um
"celebrante" disco ao vivo (isso fizeram aos 24 anos!), ou de um
"Best Of", (que fizeram aos 20 anos), um disco de originais que já
aguardávamos à três anos.
25 anos de carreira!
Com 25 anos de carreira, é legítimo perguntar como é que um grupo constrói as
suas músicas? Ao fim de 25 anos como é que cinco pessoas se juntam e escrevem
canções? Que pessoas são essas? A sua identificação é fácil, mas as suas
identidades estão, nesse frágil momento, expostas, partilhadas, em construção.
Quando se reúnem para fazer músicas é um momento de cristal. É o momento em que
a ideia de grupo mais se concretiza. Ver hoje os Xutos em estúdio é ver cinco pessoas
que se juntam como se fosse a primeira vez, como da primeira vez, como sempre
se juntaram nestes últimos 25 anos.
A sala de ensaio onde
decorreu este trabalho de construção de canções, é um espaço de grande, de
enorme, intimidade. Lá, encontra-se o que se calhar é obvio: sete pessoas
metidas numa pequena garagem adaptada, a lutar e a suar por uma série de
minutos de música, cerca de duas dezenas de canções, esboços de letras,
projectos de melodias, pedaços de rifts de bateria. Com a necessária paciência,
outras vezes necessariamente sem ela, nasceram cada uma das músicas, como um
bricolage. Momentos complicados, pausas de dúvida, almoços compridos em que se
procuraram respostas e soluções para impasses, a procura da surpresa, mas que
não fosse uma surpresa que se esgotasse em sí, com a perseverança de quem
entende que os 25 anos de carreira não devem ser uma certeza, mas antes com uma
responsabilidade.
De todos esses
momentos, uma ideia surgia recorrentemente nas conversas: a procura da
"autenticidade". A questão tantas vezes posta, a questão tantas vezes
intuída era essa: como ser autêntico ao fim de 25 anos? ser autentico a quê?
uma coisa era certa, só podia ser um trabalho autêntico. Ou seja, tinha de ser
um trabalho em que as músicas tivessem aquelas características que as tornam
reconhecíveis como sendo dos Xutos & Pontapés. Sem enunciar essas
características, elas pareciam, no entanto ser consensuais.
E lá se foram
passando os dias. À volta dos monitores, sentados, todos virados uns para os
outros, a verem-se, a olharem-se, a passarem gestos, a trocarem sinais,
palavras, ideias, procurando as palavras certas para dizer o que se procura num
dado momento de uma dada música, tocando uma e outra vez cada música, cada
esboço, cada ideia. Quando saíam da sala, no carro, de regresso à cidade que
tantas vezes foi tema das suas canções, começavam logo a ouvir o que iam
gravando dessas sessões, os esboços, as ideias, os projectos de músicas. Depois
era o telefonar, o contar, o explicar, o questionar, o sugerir, o procurar de
opiniões, o falar do que haviam feito, para, no dia seguinte, mais uma vez,
sentados em torno dos monitores, a olhar uns para os outros, novas questões,
novas soluções, novos problemas, novas canções, até chegarem a uma mão-cheia de
músicas, aquelas que estão agora neste "O Mundo ao Contrário".
Este ano a
responsabilidade era maior. Depois da ansiedade inicial, e uma vez iniciado o
processo, dia após dia, foram-se libertando dessa preocupação, em especial
quando começavam, naturalmente, a surgir as músicas já com uma estrutura
concreta.
Algumas destas
músicas já foram estreadas ao vivo, perante alguns milhares de pessoas, em
Beja. Ao segundo refrão do "Ai se ele caí", já o público participava
cantando os novos versos. Como que não houve tempo para a estranheza de ouvir
uma música desconhecida. Era um momento especial. A música que tinha ocupado
tantos dias e tantas noites, que tinha provocado tantas discussões, tantos
consensos, ganhava a sua vida, existia finalmente na boca daqueles que sempre
estiveram presentes na sala de ensaio, na sala de captação naquele estúdio do
norte e depois tão próximo de Lisboa... as milhares de pessoas que percorrem o
país perseguindo os concertos dos Xutos.
O grupo que um dia
quis ser "como os punk's", o grupos que "ou gravava ou
separava-se", o grupo que teimou em romper com o "Cerco" e
saltou para o meio de um "Circo de Feras", o grupo que enfrentou
desertos a que achava ter direito, o grupo que encheu o Pavilhão Atlântico e
teve 20 grupos a interpretar 20 suas canções nos seus 20 anos, é o mesmo grupo
que comemora este ano os 25 anos. Afinal o dia 13 de Janeiro de 1979 ainda está
ali e este disco e os dias que levaram à sua preparação, são a prova disso.
Não
é necessário aventurarmo-nos pelos campos da avaliação estética. A música está
para além disso. Hoje estamos aqui com o novo disco dos Xutos. Hoje é um
momento especial, hoje é um daqueles momentos em que o que é novo, é também
algo que reconhecemos. Agora vamos festejar este intenso quarto de século... e
que melhor forma de o fazer se não ouvirmos estas novas canções?
www.xutos.pt
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