Qualquer iniciativa na "política marítima" deverá, como condição
primeira, respeitar plenamente a soberania dos Estados-Membros
relativamente às suas águas territoriais e Zonas Económicas Exclusivas. No entanto,
o Parlamento Europeu reafirma objectivos e medidas para a "política
marítima europeia integrada" com os quais o PCP claramente discorda.
Nota do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP ao PE
O
Parlamento Europeu discutiu e adoptou esta semana uma resolução sobre
uma "política marítima integrada para a União Europeia", na sequência
das iniciativas lançadas neste âmbito pela Comissão Europeia.
Como salientámos anteriormente, consideramos que uma política marítima
baseada na cooperação entre os Estados-Membros (EM), que acrescentasse
mais valias e impulsionasse as políticas e medidas ligadas ao mar
definidas por cada país, poderia ter um impacto positivo. Isto é, uma
qualquer iniciativa na "política marítima" deverá, como condição
primeira, respeitar plenamente a soberania dos Estados-Membros
relativamente às suas águas territoriais e Zonas Económicas Exclusivas.
No entanto - embora de forma mais recuada que no relatório anterior -,
o Parlamento Europeu reafirma objectivos e medidas para a "política
marítima europeia integrada" com os quais claramente discordamos.
Para além de, em termos gerais, estar imbuída de uma visão federalista
e geoestratégica relativamente à utilização das Zonas Económicas
Exclusivas de cada país, a resolução agora aprovada pelo Parlamento
Europeu, entre outros aspectos negativos:
- Defende a "rápida integração no mercado interno" do transporte
marítimo intracomunitário, isto é a liberalização deste sector,
incluindo dos serviços portuários prestados neste âmbito;
- Insiste nas iniciativas que visam a "criação de uma guarda costeira
europeia", área que está no cerne da soberania de cada Estado;
- Advoga a "incorporação do transporte marítimo no comércio de
emissões", promovendo o inaceitável negócio das licenças de emissão,
instrumentalizando o ambiente;
- Advoga a centralização das decisões na UE, sem que sejam sequer
disponibilizados meios financeiros... (mesmo que a preservação da
soberania nacional não tenha preço). Aliás, é inaceitável que o
financiamento desta política esteja a ser feito através da utilização
de verbas inicialmente adstritas à Política Comum de Pescas, quando as
pescas são um sector que se confronta com a agudização da sua situação
socio-económica, nomeadamente através do aumento constante dos custos
de produção (combustíveis).
Embora a resolução integre propostas que consideramos positivas, estas,
no entanto, não apagam o conteúdo globalmente negativo desta resolução.
As propostas dos deputados do PCP no PE
Os deputados do PCP no PE lamentam a rejeição, em sessão plenária, das suas propostas que visavam sublinhar a necessidade:
- De respeito das soberania nacionais, baseando a "política marítima"
num quadro de cooperação entre os Estados-Membros, deixando claro que a
gestão das águas territoriais e Zonas Económicas Exclusivas e a
elaboração e a adopção de políticas marítimas é da competência dos
Estados-Membros;
- Da melhoria das condições de trabalho dos profissionais ligados ao
mar, o que é uma exigência, garantindo o emprego, o respeito do
princípio "a trabalho igual salário igual", a redução do tempo de
trabalho e a não aplicação da polivalência;
- De rejeição de qualquer nova tentativa de liberalização dos serviços portuários ao nível da UE;
- De que o financiamento da dita "política marítima" não deve ser feito
à custa do Fundo Europeu das Pescas e da Política Comum das Pescas,
tendo por base o princípio de que a novas prioridades deverão
corresponder novos meios financeiros.
Na resolução do PE foram ainda integradas propostas relativas às
pescas, apresentadas pelos deputados do PCP no PE, que procuram
salientar que:
- O objectivo essencial de uma "política marítima" no âmbito das
pescas deve ser a promoção da modernização e do desenvolvimento
sustentável deste sector, assegurando a sua viabilidade socio-económica
e a sustentabilidade dos recursos e garantindo a soberania e a
segurança alimentares, o abastecimento público de pescado, a manutenção
dos postos de trabalho e a melhoria das condições de vida dos
pescadores;
- A criação de mais e melhores empregos ligados ao mar,
nomeadamente no sector das pescas, depende, igualmente da, garantia de
um justo e adequado rendimento e condições de trabalho condignas
(incluindo a saúde e a segurança) e do acesso à formação para os seus
profissionais;
- É necessária a existência de mecanismos de subvenção ou
compensação aos pescadores afectados pelas repercussões
socio-económicas das medidas de recuperação de recursos haliêuticos ou
de protecção de ecossistemas, em particular nas regiões e comunidades
mais desfavorecidas e nas regiões ultraperiféricas;
- O reforço do apoio à investigação científica pesqueira nos vários
EstadosMembros, nomeadamente no âmbito do 7.º Programa-Quadro;
- Ou o apoio comunitário à existência de meios adequados de evacuação, assistência e salvamento das tripulações das embarcações.
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