Partido Comunista Português
Hospital Regional de Évora (sessão de perguntas ao Governo)
Interven??o do deputado Lino de Carvalho
Sexta, 07 Abril 2000

Sr. Presidente, Sr.ª Ministra da Saúde

Muito rapidamente, vou colocar-lhe duas questões. Sr.ª Ministra, há dois tipos de problemas: problemas de gestão e problemas estruturantes do processo. Quanto à gestão, pergunto: por que é que a Sr.ª Ministra não me envia, em resposta ao requerimento que lhe enderecei no princípio do ano, o relatório da Inspecção-Geral de Saúde sobre o Hospital Distrital de Évora?

É um direito que a Assembleia da República tem. Por que é que a Sr.ª Ministra não mo envia? Por que é que não me responde a isto? Tanto mais que a situação caricata é que toda a gente conhece o relatório.

Conhecem-no os médicos, os serviços, os amigos dos médicos, os responsáveis dos serviços. Só a Assembleia da República ainda não recebeu do Governo o relatório que mantém secreto. Por quê, Sr. Ministra? Quando é que me responde? Quando é que mo envia? Segunda questão, Sr.ª Ministra, não há duas alternativas em relação às soluções estruturantes. Não há duas alternativas, porque uma alternativa seria ligar, articular, o dito Hospital do Patrocínio com o Hospital Distrital de Évora, o Hospital do Espírito Santo, mas isto passa por ligações que nem o IPPAR, nem a autarquia local - e muito bem! -, nem os cidadãos eborenses permitiriam fazer numa cidade classificada como património mundial, com muralhas setecentistas, e tudo aquilo teria de sair. Portanto, a solução encontrada para o Hospital do Patrocínio foi uma solução de remendo, de recurso, mas não é a solução de fundo, pois esta tem de apontar para um novo hospital regional, em relação ao qual há compromissos políticos, designadamente, do partido que suporta o Governo. O que a Sr.ª Ministra pode dizer é que há uma outra área de intervenção que pode aliviar a pressão que, hoje, se verifica sobre o hospital, que é a área dos cuidados de saúde primários. E, assim, se a Sr.ª Ministra me disser que vão investir na área dos cuidados de saúde primários, que vão ponderar os centros de saúde, a sua localização, os seus horários, os seus recursos humanos, que vão criar unidades de retaguarda que permitam aliviar o hospital distrital dos cuidados, deixando-o apenas para os cuidados diferenciados, fazendo com que os centros de saúde actuem numa região com a estrutura demográfica e geográfica que tem, já será uma resposta mais ponderada. Agora, este é um caminho, mas ele não invalida, Sr.ª Ministra, uma solução de fundo - e esta é uma questão que está em cima da mesa -, para a qual há compromissos políticos e há efectivas necessidades de prestações de cuidados de saúde à população, que é, de facto, a construção de uma unidade hospitalar nova, de substituição, que dê resposta estruturada aos problemas colocados não só pelas ineficiências destes dois hospitais mas também pelo entrosamento em que eles estão a funcionar.