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Duo
musical constituído por Jorge
Lima Barreto e Vitor
Rua, formado em 1982
na III Bienal de Vila Nova de Cerveira. No mesmo ano editou o álbum
"Ctu Telectu",
numa formação heterodoxa de piano, órgão
electrónico, cravo, sintetizador, guitarras eléctricas
baixo e solo, guitarra portuguesa bateria e voz. O poliartista
António Palolo
tormou-se um terceiro membro de Telectu.Desde cedo, a prática
musical do duo foi orientada por um programa de experimentação
de diferentes soluções interpretativas e
composicionais, a par de uma rara actualização
tecnológica; este cariz experimental levou a que
essencialmente interpretasse as suas composições, com
excepção de peças conceptuais como as
"Vexations" de E. Satie e, as "Compositions 1960"
e "X for Henry Flint" de La Monte Young, 1982.
Telectu
criou partituras gráficas, tablaturas, tatuagens
instrumentais, e considerou o disco e o vídeo como fixação
e suporte dos seus trabalhos. Laboratório para síncreses
de pop experimental e improvisação electroacústica,
ao longo da década de 1980 a sua produção foi
marcada, primeiro pela introdução em Portugal da música
minimal repetitiva, concocção de electronic live, banda
magnética, guitarra electrónica exibida com mestria por
Rua, vibrafone, piano eléctrico, computador de ritmos, e um
desfile de modelos de
guitarras, teclados protótipos, passarela de engenhos
digitais, percussões heteróclitas, glabras e
electrónicas; exotismos instrumentais, tratamentos acústicos
em tempo real até cerca de 1986, com edições
discográficas relevantes em vinilo (e.g. "Belzebu",
1983; "Off-Off ", duplo, 1984; "Performance",
1984; "Telefone, Live Moscow", 1985; "Fundação",
1985; "Rosa-Cruz", 1985; "Halley", 1986, álbum
de luxo com serigrafia de Palolo; "Data", 1986 - video
music), episodicamente reeditados em CD (e.g. ".Belzebu",
1995; "Leonardo Internet, USA/ USSR",1997; ou
"Mimesis, minimal works", 1998); depois, optou pela busca
de novas tipologias musicais denominadas "jazz-off",
"música mimética", "rock-pop-off",
"nova música improvisada", e.a. teorizadas em livros
ou artigos de J.L.B., ou em propostas pedagógicas, manifestos
que acompanhavam concertos ou edições discográficas
e/ou videográficas; reconhecido como um grupo de culto,
Telectu apresentou inovações instrumentais e
dispositivos de ponta, como o e-bow, o sampler, o stick chapman,
controladores digitais de sopro, corda e percussão, o DAT, a
workstation, a wavestation, o EWI, o sound sistem digital,
processadores, sequenciadores; uma extravagante parafernália
electrónica, instrumentarium etnográfico, como o sitar
e a tampura indianos, a africana kalimba, pipa, sheng e gongues
chineses, protótipos como o litofone, flautas e idiofones
asiáticas e sul-americanas, o australiano didgeridoo,
esculturas sonoras ou cordofones inventados por Rua, quinquilharia,
toys, gadgets, objectos sonoros (e.g. "Ben Johnson", duplo,
1987; "Camerata Elettronica", duplo, 1988; "Live at
the Knitting Factory", 1989; "Encounters II", com Jean
Sarbib 1989; e "Digital Buiça", 1989).
Os
anos 1990 apontaram para o desenvolvimento da improvisação
estruturada, no fraseado idioletal, polirritmos, agregados, clusters,
sons concretos da natureza, domésticos, industriais ou
urbanos, sinusoidais, ruídos, sintagmas vocais, mimese que
recria imagens e códigos fora dos padrões instituidos,
estilo "groove" como imitação digital do
instrumento acústico, hibridações estilísticas
e tipológicas, e.a. técnicas e recursos tecnológicos;
requisitou colaboração de artistas portugueses do desde
os anos 1980 (e.g. Jean Saheb Sarbib, Luís Carlos, C. Zíngaro,
Nuno Rebelo, Sei Miguel, Filipe Mendes, António Duarte, R.
Toral, M. Azguime, e.a.); Telectu passou a convidar frequentemente
músicos estrangeiros de absoluto primeiro plano no movimento
estético congénere (e.g. os saxofonistas, clarinetistas
ou sopradores, Evan Parker, T. Hodgkinson, J. Butcher, L. Sclavis, D.
Kientzy; os trompetistas J. Berrocal, H. Robertson; os trombonistas
G. Schiaffini, Paul Rutherford; os bateristas C. Cutler, Sunny
Murray, B. Altschul, P. Lytton, E. Prévost, G. Hemingway; o
polinstrumentista Elliott Sharp; os criadores de electronic live Ikue
Mori, Reina Portuondo; e.a.) cujas parcerias resultaram na edição
esporádica de fonogramas como registo dessas sessões
(e.g. "Evil Metal", com Elliott Sharp 1991; "Oh!
Pazuzu", para percussão, 1992; "Theremin Tao",1993;
"Biombos", live Beijing, Macau, Hong Kong, 1993;
"Telectu/Cutler/Berrocal",1995; "À Lagardère",
com Berrocal, 1996; "prélude, rapsodies & coda",
com D. Kientzy, 1998; "jazz-off / multimedia", com Sclavis
e Berrocal, 1998; "Kientzy / Telectu - acústica
amorosa", 2002).
Nos
finais do século XX e inícios do 3º milénio,
Lima Barreto adoptou incidentemente o piano (teclas, cordas,
percussão, preparado) e Rua informatizou o seu discurso com o
computador, o eventide; declinando um enredo pósmodernista de
acentuada verve jazzística, sobreposições de
formas, jogos de citação, radicalismo performativo,
espectáculo de video e luminotecnia, novos procedimentos de
produção, noções de espacialização
(e.g. "Solos", duplo, 1999; "Drulovic Remix" e
"kraula Alvi-Azul", computer music, 2001; "Quartetos",
triplo, com S. Murray, Hemingway, Prévost, Chant, 2002);
incluídos em notáveis antologias como "State of
The Union", New York, 2001; "Bed of Sound",
Contemporary Art Center, New York, 2001; "Explorating Music From
Portugal", London, 2001; "Antologia da Música
Electrónica Portuguesa", 2003. Nas duas décadas de
existência acumularam inúmeros registos em cassete áudio
e video, DAT, CDROM, CDI, banda magnética, computador, um
espólio projectado para futuras e eventuais edições.
Ao
longo de toda a carreira e numa diversificada praxiologia,
apresentou-se em festivais (e.g. Vilar de Mouros 82; é o
agrupamento com maior número de presenças na Festa
do Avante!;
Performance Portuguaise, Paris; Encontros de Nova Música
Improvisada no CAM; Ó da Guarda; Co-Lab; Fonoteca Files;
Música Experimental de Coimbra; Semana de Música
Contemporânea, Bucareste; Música de Vanguarda, Granada;
Graça Territori, Barcelona; Nova Música, Madrid,
Atlantic Waves, Londres; Bienais de Cerveira, Alternativa, de Arte
dos Açores, Barcelona; Música Viva; Spectrum, TNSJ;
actuações alternativas nos principais festivais de Jazz
em Portugal, e.a.); galerias e museus; teatros, salas de concerto e
auditórios (e.g. Conservatórios de Beijing, Versailles,
Perpignan; Salle Olivier Messiaen, GRM, Paris; Sala Lecuona, Havana;
Sala Enescu, Bucareste; Teatro Wulk, Viena; Knitting Factory e Tonic,
Nova Iorque; Quasimodo, Berlin; Casa Garden, Macau; Jazz Club, Hong
Kong; Keep in Touch Club, Beijing; Romanische Café, Tóquio;
Auditório Lenine, Moscovo; em diversas instituições
como o Centre G. Pompidou, Paris, Fundacion Miró, Barcelona;
Centro Viriato; Fundação Serralves; Fundação
C. Gulbenkian; Centro de Arte Moderna; Centro Nacional de Cultura;
SPA; Universidades de Beijing, Washington, e.a.) onde desenvolveu uma
prática de improvisação conjugada com outras
posturas performativas e poliartísticas e cenografias
originais; realizações com actores, pintores,
videastas, e.a.; nestes eventos performativos, sobretudo nos anos
1980, recorria frequentemente à surpresa e à ironia
como estratégias de resistência e de criação
de situações surpreendentes. Telectu desde a sua origem
envolveu-se em projectos interartísticos e multimediáticos,
com destacados artistas nacionais. Instalações musicais
multimedia de elevado gabarito (e.g. "EBRAC", J. N. Câmara
Pereira, J. Listopad, 1986; a série "Périplo",
deambulatório multimédia, com António Palolo
iniciada na inauguração Casa de Serralves, 1986; desde
1985 desenvolveu com Palolo o projecto "Video Garden",
vídeo, luminotecnia, plantas, para os mais importantes
concertos).
Telectu
é o epónimo musical português ligado à
performarte, desenvolvendo situações sónicas,
corporais, cénicas e psicodramáticas (e.g. Silvestre
Pestana, 1979 92; Mineo lamagushi, 1980-84; Neon, 1982-1990;
Artitudes, 1982; Carlos Gordilho, 1984-89; Manoel Barbosa, 1984
2003; Fernando Aguiar, 1981- 2000; João Galante, 2003, e.a.);
interacção de música electronic live com a
poesia dita de e por Eugénio de Andrade (video, 1986), poesia
s concreta, fonética, infoarte (e.g. E.M. de Melo e Castro,
1982; "poema soma 14 x", declamado por João Perry,
1983; "X Musatomias para 10 poetas portugueses", CAM, 1983,
Lisboa, e.a.); música funcional para teatro (e.g. Cornucópia,
1984 e 2001; J. Listopad, 1985 e 1986; e.a.); música para
cinema (e.g. o singular filme minimalista de Palolo, "OM",
1984); música para video arte (e.g. Silvestre Pestana,
1982-1989; António Palolo, 1983-2000; Ernesto de Sousa; e Wolf
Vostell, 1986); arrolou uma videografia própria da autoria de
Rua e Palolo em obras paradigmáticas como "Autoloop",
1986; "Compgraf", 1988; a série de animação
"o carro amarelo", 1985-1988; desde 1984 que a melhor parte
dos concertos de Telectu foram videogravados; articulou o material
sonoro, o fonograma enquanto objecto estético, capas,
iconografias e cartazes, realizadas por Palolo ou pelos dois músicos,
utilizando materiais e técnicas gráficas inusitadas
como cortiça, seda, serigrafia, objecto multiforme, e.a.).
Telectu
é o epítome de uma vanguarda, é, em Portugal, o
mais significativo exemplo da música pósmoderna,
aventura poliartística, "trajectória rizomática
da obra aberta", "apologia da intuição e do
prazer do instante" (sic).
Han Bennink
O
baterista e o multi-instrumentalista Han Bennink nasceu em Zaandam
perto de Amsterdão em 1942. O seu primeiro instrumento de
percussão era uma cadeira da cozinha. Mais tarde seu pai, um
percussionista da orchestra, forneceu-lhe um equipamento mais
convencional, mas Han nunca perdeu seu gosto para sons persuadindo
dos objetos que improváveis encontra backstage em concertos. É
ainda muito afeiçoado em tocar cadeiras.
Na
Holanda nos 1960s, Bennink foi reconhecido rapidamente como um
baterista versátil. Como um swinger duro na tradição
de seu herói Kenny Clarke, acompanhou estrelas americanas do
jazz, including Sonny Rollins, Ben Webster, Wes Montgomery, Griffin
de Johnny, Eric Dolphy e Gordon Dexter. É ouvido com o Gordon
no albúm 1969 "vivo em Amsterdão Paradiso" (na
etiqueta da afinidade) e com o Dolphy em 1964's "última
data" (PolyGram). Ao mesmo tempo, Bennink participou na criação
de uma música improvisada europeia que começasse a
evoluir uma identidade nova, onde o seu jazz enraiza. Com os
pioneiros do companheiro, o pianista Misha Mengelberg e o saxophonist
holandes Willem Breuker, fundou o Pool imediato coletivo dos
compositores dos músicos em 1967. Bennink escorou as várias
faixas conduzidas por Mengelberg ou por Breuker e apareceu nas suas
produções comic do música-teatro.
A
escola de arte atendida Bennink nos 1960s, é também um
artista visual bem sucedido em diversos meios, construindo
frequentemente esculpturas dos objectos encontrados, que podem
incluir as cabeças e varas quebradas do cilindro. Projectou as
capas para muitos LPs e CD em que aparece. Bennink é
representado por Galerie Espace de Amsterdão, e foi o assunto
de diversas mostras one-man, incluindo uma no museu de Gemeente em
Haia em 1995.
Em
1966, Bennink tocou no Festival do jazz de Newport dos E.U. com o
quartet de Mengelberg. Dos 1960s atrasados com os anos 70 Bennink
colaborou frequentemente com os músicos notáveis,
noemadamente, os saxophonists John Tchicai e Peter Brötzmann, o
guitarist Derek Bailey e pianistas dinamarqueses, alemães,
ingleses e belgas Fred camionete Hove. Bennink, Brötzmann e
camionete Hove tiveram um trio longstanding documentado bem em
registros de FMP. Bennink mostrou também os seus talentos no
Clarineet, no trombone, no saxophone soprano e em muitos outros
instrumentos, caracterizados também numa série de
albuns a solo começados em 1971.
Muitas
gravações de Bennink dos 1980s incluem sessões
com o baixista Harry Moleiro do Orchestra do ICP de Mengelberg (onde
remanesce), do sul africano e saxophonista Steve, do soprano Lacy,
dos trombetistas Roswell Rudd e George Lewis grande bandleaders
Bergin e Andy Sheppard.
De
1988 a 98 Bennink o veículo principal era Clusone 3, com o
saxophonista e clarinetista Michael Moore e Ernst Reijseger, uma
faixa notável para sua mistura free-wheeling de padrões
balançando do jazz, improvisar wide-open, e baladas melódicas.
Actualmente
é ouvido frequentemente com o quartet de Tobias Delius do
saxophonista e tenor e em um trio com Cor Fuhler do
pianista/keyboardist e o baxista Wilbert de Joode, e colabora ainda,
ocasionalmente, com artistas de jazz tais como Griffin de Johnny, Von
Freeman e Anderson.
Uma
característica conspícua da vida musical de Bennink
desde os 1960s é o concerto espontâneo do duo com os
músicos de muitas nacionalidades e inclinações
musicais; nos 90's gravou em duo com outros pianistas: Mengelberg,
Irene Schweizer e Myra Melford, com o guitarista Eugene Chadbourne, o
trumpetista Dave Douglas e o saxophonista Ellery Eskelin.
Walter Pratti
É
compositor e intérprete, realiza uma actividade de pesquisa
musical, dirigida para a interação entre instrumentos
musicais tradicionais e os instrumentos eletrónicos novos,
obtidos com a aplicação informática no campo da
cibernética. O sentido de sua atividade conduziu-o - já
em 1987 no centro de Sonology computacional da universidade de Padova
- a usar o "sistema 4i", um dos primeiros computadores para
cronometrar a síntese e a transformação do som.
Desta
experiência resultou uma colaboração com Mauro
Graziani e o projecto foi apresentado na Bienal de Música de
Veneza em 1988.
De
1990, produziu projectos musicais da pesquisa e do espetáculo
com o estúdio MM&T em Milão, que fundou com outros
compositores.
As
suas composições estão actualmente em Itália
nos playbills dos teatros principais e em exposições
musicais (alla Scala, Musica Presente, Musica de Teatro por o la
Resistenza, o musicale de Colloqui di informatica, Biennale Musica
Venezia) e em muitos festivals europeus (reunião total de
Berlim, Musique Actuelle da música em Nancy, Festival de
Cuenca em Spain, Festival do EMS de Stockolm; e também em
Aix-la-Chapelle, Nickelsdorf, Bochum). As suas obras são
executadas por artistas importantes tais como Antonio Ballista, Anna
Maria Morini, Giancarlo Schiaffini, Evan Parker, Maurizio Ben Omar,
Elena Casoli. Teve colaborações com Evan Parker, Paul
Lytton, Guy da Baga, com o jogador americano Thurston Moore da
guitarra (membro da juventude Sonic do grupo) e com o cantor inglês
Robert Wyatt. A colaboração desde 80's com o compositor
e o instrumentalist Giancarlo Schiaffini era relevante; compôs
e tocou com ele para muitas instalações em teatros.
Tocou
no duo com Maurizio Ben Omar, percussionista, e compôs com ele
desde 1990 muitas obras.
Fez
um registro para BMG Ariola, Ricordi, Pentaflower, ECM, Materiali
Sonori, registros do Leo.
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