Partido Comunista Português
Gaiteiros de Lisboa com Manuel Rocha
Gaiteiros de Lisboa com Manuel Rocha
Quarta, 19 Julho 2006

 

gaiteiros de Lisboa

 

Os Gaiteiros de Lisboa formaram-se em 1991, sendo o seu percurso marcado por uma constante busca de novas sonoridades, a inovação e a criatividade aplicadas à construção de instrumentos concebidos pelo próprio grupo, como túbaros de Orpheu, orgaz, cabeçadecompressorofone, clarinete acabaçado e serafina. Respeitando a tradição popular (das danças mirandesas ao lamento das sanfonas alentejanas), a banda mantém uma atitude experimentalista permanente, marcada pela imaginação, contradição e audácia. Na Festa, os Gaiteiros de Lisboa apresentam-se com um convidado especial, Manuel Rocha, músico da Brigada Victor Jara.

www.gaiteirosdelisboa.com

 

Sátiro

De monotonia não se pode queixar o ouvinte atento do 4º álbum de originais dos Gaiteiros de Lisboa.
Gravado em Setembro de 2005, na Escola Superior de Comunicação Social, pelas mãos do uma vez mais imprescindível Carlos Jorge Vales(Cajó), este novo CD amplia e reinventa as costumadas viagens do grupo pelo reino da imaginação, da contradição e da audácia.
Da pura tradição das danças mirandesas (Pra cá os Montes) ao som quase sinfónico de uma soberba harmonização de Fernando Lopes Graça, agora recriada em instrumentos de sopro (Ai de mim tanta laranja).


De um poema quase infantil da sempre companheira Amélia Muge (Fim da Picada), à serena gravidade de um soneto de Florbela Espanca servindo de inspiração ao primeiro fado dos GL.
De um Alentejo e sua bela tradição polifónica entrecruzada com o lamento das sanfonas (Se fores ao mar pescar), ao mesmo Alentejo servindo de contraste a fortes motivos percussivos de inspiração oriental (Haja Pão).


Do arranjo delicado e encantatório do tema “Movimento Perpétuo” de Carlos Paredes (mais uma homenagem), à rudeza telúrica dos sopros, arfando em pano de fundo de uma complexa melodia (Capa chilrada).


Do assumir de uma tendência já vinda de “Macaréu” para explorar o formato canção, servido desta vez por um potente arranjo quase barroco, a espreitar as múltiplas influências do grupo (Nem fraco nem forte), à fruição dos múltiplos harmónicos sugeridos por renovados instrumentos de palheta (“Descantiga de andor”  e “Alma alba”).


E finalmente, do humor de festa popular e de dança animada, onde os GL apresentam às cordas açorianas os seus celebrados sopros (“Chamarrita do Pico”), ao humor sarcástico e desafiador de uma teatral encenação de um tema eclesiástico - sempre tão caro aos GL (“As freiras de Sta. Clara”).
Mas os fãs dos GL encontrarão neste CD novos motivos de renovada satisfação ao reconhecerem as marcas que acompanham o grupo desde “Invasões Bárbaras”.


Nele descobrirão novos estranhos instrumentos, desde os enormes flautões ao requintado sanfonocello, a opção por um cada vez maior e mais diverso número de instrumentos de sopro, as potentes harmonias vocais inspiradas   na tradição popular e as enérgicas percussões em que recortados timbres vindos de outras culturas se juntam ao som grave dos bombos e adufões.


E descobrirão também novos amigos, dando voz aos novos caminhos percorridos:
Mafalda Arnauth,  a necessária e inspirada voz do fado


Manuel Rocha, uma óptima opção, para um atrevimento chamado violino
Fausto Corneo, jovem músico que trouxe a sonoridade grave, tão cara aos GL, do seu clarinete baixo.

No final, fica uma obra para ir saboreando em cada audição, tão diversas são as propostas musicais nela contidas, na expectativa de reencontrar estes e outros temas reinventados no espectáculo que os GL  apresentarão a partir de 2006.

Os discos anteriores

Os primeiros discos dos Gaiteiros de Lisboa, “Invasões Bárbaras” e “Bocas do Inferno” acabam de ser reeditados. Assim, o Grupo reformulará o espectáculo que tem vindo a apresentar. Se por um lado músicas antigas, sucessos confirmados em todos os concertos, surgirão com uma nova roupagem, por outro os espectáculos passarão a ser também um balão de ensaio para novas músicas que irão surgindo. Algumas músicas de “Macaréu” continuarão a marcar presença.


Em Dezembro de 2003 Paulo Charneca, convidado desde as gravações de “Macaréu”, deixou de integrar a formação e foi substituído por Pedro Calado. Este músico assegura, entre outros instrumentos, os sons dos tubarões (instrumento concebido por Carlos Guerreiro), do berimbau e da guimbarda.
Gaiteiros de Lisboa


O Grupo formou-se em 1991, sendo actualmente composto por Carlos Guerreiro, José Manuel David, José Salgueiro, Paulo Marinho, Pedro Casaes, Rui Vaz, músicos que têm feito o seu percurso em torno da música popular/tradicional, com participações em projectos musicais de outros grupos e autores consagrados no âmbito da Música Tradicional, do Rock, do Jazz, da Música Clássica e da Música Antiga, tais como José Afonso, Sérgio Godinho, Vitorino, Amélia Muge, Carlos Barretto, Rui Veloso, Sétima Legião ou Adufe.


Em Janeiro de 2002, o Ministério da Cultura atribuiu a Declaração de Manifesto Interesse Cultural ao Projecto Gaiteiros de Lisboa.


A sonoridade


A marca distintiva dos Gaiteiros é a constante busca de novas sonoridades, a inovação e a criatividade aplicadas à construção de instrumentos concebidos pelo próprio Grupo (Túbaros de Orpheu, Orgaz, Cabeçadecompressorofone, Clarinete acabaçado e Serafina).


O som dos Gaiteiros, para além de respeitar a tradição popular, tem uma atitude experimentalista permanente «Tudo o que tenha um som invulgar nos interessa. Esse desafio acústico é o único purismo a que nos mantemos fiéis» -  C.Guerreiro in Focus, 2000.


O Trabalho


- “Invasões Bárbaras”, Farol Música, 1995 - reedição remasterizada e em formato digipack (Farol Música, 2004)
- “Bocas do Inferno”, Farol Música, 1997 - reedição remasterizada e em formato digipack (Farol Música, 2004)
- “Novas Vos Trago”, Comissão Nacional para os Descobrimentos Portugueses, 1998 (dois temas)
- “Dançachamas”, Farol Música, 2000
- “Macaréu”, Aduf Edições, 2002

Destaca-se também a participação dos Gaiteiros de Lisboa na rodagem do filme “Polifonias – Pace et Salute Michel Giacometti”, de Pierre-Marie Goulet (1997).

A Imprensa


«Não há dúvida que nos Gaiteiros de Lisboa conhecemos um dos nomes mais vivos e criativos da música popular portuguesa. Macaréu é talvez o mais ousado dos seus feitos até à data, revelando não só o domínio dos espaços musicais como o das palavras.»

DN Mais, Dezembro 2002


«Até ao momento, os Gaiteiros de Lisboa revelam-se simplesmente incapazes de produzir outra coisa que não seja uma monumental obra-prima.»
Gonçalo Frota / Blitz, Junho 2002


«Neste disco [Macaréu], o melhor e mais consistente dos Gaiteiros de Lisboa até à data, fica uma vez mais bem demonstrado que é possível fazer música de qualidade em Portugal sem cair na tentação de repetir fórmulas de sucessos anteriores.»
João Maia / At-tambur, Maio 2002


«Catarse! Noite absolutamente extraordinária (…) Uma experiência única de brilho de palco invulgarmente genuíno a respirar qualidade por todos os poros (…) bem português é o trabalho que brilhou ontem em palco.»
Cláudia Mealha / SIC online , Abril 2002


«A portugalidade quintessencial de uma banda tradicional para a qual nenhuma contaminação estética é proibida.»
Expresso , Abril 2002


«Descubra porque ninguém lhes poupa elogios.»
Notícias Magazine, Nov.2000


«...» las poderosas voces y tambores de los Gaiteiros de Lisboa alertaron a muchos de la fuerza creativa de la música portuguesa, en la actuación que se impuso como la gran sorpresa de la primera jornada del Strictly Mundial.»
Fietta Jarque/  El País, 17 Nov. 2000


«Bocas do Inferno (...) um dos álbuns Portugueses do Ano. Para nós o melhor. E que tudo mais vá para o inferno.»
Fernando Magalhães/  Público,  2 Jan. 1998


«Aquilo que nos conquista é a complexidade musical e a intensidade, a força em estado puro que emana desta música. (...) Bocas do Inferno acrescentou diversidade e maturidade ao que se ouvira em Invasões Bárbaras, do qual preservou a intensidade, o humor e sentido de risco. É um dos melhores trabalhos editados entre nós, este ano e, mais do que isso, um disco para viver. »
Miguel Gaspar/ Diário de Notícias, 19 Nov. 1997


«Se só comprarem dois discos de música portuguesa este ano, comprem Bocas do Inferno, dos Gaiteiros de Lisboa e depois comprem-no outra vez.»
João Lisboa/ Expresso, 15 Nov. 1997


«Le résultat est étonnant, puisqu’on navigue entre les tempos de la samba et les sons mélancoliques galiciens de la cornemuse.»
Marjorie Moly/ Le Journal de l’Été, 13 Jul. 1997


«Tudo se desenrola sem uma nota de esforço (...) numa demonstração evidente de que a modernidade passa muitas vezes por estas surpresas de ida e volta na máquina do tempo».
João Gobern/ Visão, 26 Out. 1995

«Os temas têm origem popular (na música ou na letra) como podem ser compostos pelos elementos do grupo, submetidos a experiências de mutação genética ou mesmo acolher uma composição original de Sérgio Godinho. Entre os instrumentos e as vozes do Alentejo e da Córsega, das Beiras e de África, da Galiza ou do Alfa Centauro, eis a música de um grupo que acha bem adoptar como método de trabalho os processos surreais de Dali e Buñuel.»
João Lisboa / Expresso, 14 Out. 95