|
|
Resposta da UE a situações de fragilidade nos países em desenvolvimento - Declaração de voto de Pedro Guerreiro no PE |
|
Quinta, 15 Novembro 2007 |
Consideramos muito preocupantes e profundamente negativas algumas das
evoluções que "formarão, de certa maneira, a doutrina humanitária da UE
no futuro", consubstanciadas em iniciativas como a denominada "resposta
da UE a situações de fragilidade nos países em desenvolvimento" ou o
"consenso europeu para o desenvolvimento", fundamentalmente dirigidas
aos países de África, mas também das Caraíbas e Pacífico.
Da análise destas iniciativas sobrevém a questão central da integração
do "desenvolvimento" como uma das dimensões, ao nível externo, para a
concretização dos objectivos estratégicos das grandes potências da UE
(PESC/PESD), o que é o mesmo que dizer, a assunção do "desenvolvimento"
como instrumento de ingerência e domínio numa estratégia que,
significativamente, não exclui a "intervenção militar coerciva".
Daí todo um programa e uma panóplia de instrumentos que, em nossa
opinião, amalgamam e mistificam as "fronteiras" entre "ajuda" e a
ingerência, por exemplo, em questões tão fundamentais como a
"construção do Estado".
Sem dúvida que é necessária e urgente a solidariedade para com muitos
países que herdam situações desastrosas do colonialismo e que são
vitimas de décadas de ingerência, mas tal solidariedade deverá - para
efectivamente o ser -, basear-se no respeito dos princípios da
soberania e da independência nacionais e numa efectiva e genuína
política de cooperação e ajuda para o desenvolvimento.
|