O Parlamento Europeu aprovou um relatório sobre as orientações
para as políticas de emprego dos Estados-Membros, o qual, na prática,
visa promover a precariedade e a desregulamentação do mercado de
trabalho, merecendo o voto contra dos deputados comunistas e do
Grupo Parlamentar da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica.
Nota de Imprensa do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP ao PE
O
Parlamento Europeu aprovou, hoje, um relatório sobre as orientações
para as políticas de emprego dos Estados-Membros, o qual, na prática,
visa promover a precariedade e a desregulamentação do mercado de
trabalho. Por isso, mereceu o voto contra dos deputados comunistas e do
Grupo Parlamentar da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica.
A realidade actual demonstra que, dez anos depois das primeiras
orientações para as políticas de emprego dos Estados-Membros, é cada
vez menor o emprego com direitos, o que, só por si, demonstra que esta
estratégia não visa a promoção de emprego com direitos. Por outro lado,
a sua permanente alteração, acompanhando as orientações económicas cada
vez mais neoliberais da União Europeia, tem contribuído para maior
precariedade do emprego.
Registe-se que este relatório, aprovado em sessão plenária, apesar de
introduzir alguns paliativos com aparentes preocupações sociais, não só
não questiona as orientações económicas neoliberais prosseguidas pela
União Europeia e seus Estados-Membros, onde o primado da concorrência e
a flexibilidade dominam, sendo responsáveis pelo agravamento das
condições sociais, como as intensifica, nomeadamente promovendo o
conceito de "flexigurança", isto é, a desregulamentação do mercado de
trabalho.
Algumas outras propostas vão mesmo no sentido de promover a
flexigurança, ou melhor, a desregulamentação do mercado de trabalho,
defendendo "disposições contratuais flexíveis e fiáveis com base num
direito do trabalho moderno, em convenções colectivas e na organização
do trabalho" referindo que "os Estados-Membros devem aplicar os seus
próprios planos de acção, com base nos princípios comuns de
flexigurança adoptados pelo Conselho".
No momento em que se regista um grande número de desempregados, em que
alastra a precariedade nos vínculos laborais, se intensifica a
degradação dos salários, aumenta o custo de vida e as desigualdades são
gritantes, a aprovação destas orientações é mais um sinal claro que às
classes dominantes não interessa inverter esta situação. Pelo
contrário, querem mantê-la. Querem garantir ainda mais lucros e menos
encargos aos grupos económicos e financeiros, à custa dos trabalhadores.
Entretanto, não podemos esquecer que é neste contexto comunitário que
surgem as propostas de alteração ao Código de Trabalho apresentadas
pelo Governo PS, o qual, faltando com mais um dos seus compromissos
eleitorais e permanecendo no pelotão da frente do ataque aos direitos
dos trabalhadores, pretende aprovar um conjunto de alterações que, a
concretizarem-se, significariam um verdadeiro salto atrás, um regresso
a relações de trabalho que marcaram o século XIX.
Ora, registando Portugal uma elevada taxa de desemprego, uma das
maiores desigualdades na distribuição do rendimento, um número cada vez
maior de trabalhadores em situação precária e cerca de dois milhões de
pessoas a viver no limiar da pobreza, a aprovação desta proposta
visando facilitar a liberalização dos despedimentos sem justa causa e a
desregulamentação dos horários de trabalhos, dificultar a contratação e
negociação colectivas e enfraquecer a organização sindical dos
trabalhadores, conduzirá ao agravamento da situação económica e social
dos trabalhadores e população portuguesa, em benefício dos grandes
interesses económico-financeiros.
Os deputados do PCP continuarão a denunciar e a lutar contra as
políticas de precariedade e de retrocesso social, em defesa de mais e
melhores empregos com direitos, no cumprimento do estabelecido na
Constituição da República Portuguesa.
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