Jerónimo
de Sousa, no Comício do PCP em Penafiel, chamou a atenção
para a grave crise do sistema capitalista, que revela o fracasso das
políticas de direita e do neoliberalismo dominante e a sua
incapacidade para responder aos problemas dos povos, resultado das
políticas que promoveram a desregulmentação
financeira, as privatizações, a livre circulação
de capitais, a financeirização das economia e a
economia de casino.
Comício em Penafiel
Intervenção
de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral
do PCP
A
evolução da situação nacional e
internacional justificam e dão cada vez mais sentido e justeza
à ideia central à volta da qual aqui nos reunimos, que
afirma que "é tempo de lutar e é tempo de mudar"
e que a todos nos envolve nesse combate que estamos a travar em
defesa do emprego, do trabalho com direitos e contra a precariedade,
por melhores salários e em defesa dos direitos históricos
dos trabalhadores, contra o Código do Trabalho da exploração.
Os
últimos acontecimentos da crise financeira internacional, que
é uma grave crise do sistema capitalista, revelam o fracasso
das políticas de direita e do neoliberalismo dominante e a sua
incapacidade para responder aos problemas dos povos.
Crise
que tem as suas verdadeiras causas nas políticas que
promoveram a desregulamentação financeira, as
privatizações, a livre circulação de
capitais, a financeirização das economia e a economia
de casino, em detrimento da produção real e das
condições de vida dos trabalhadores e dos povos e que
agora os seus responsáveis e seguidores querem justificar com
a ganância de alguns. As mesmas causas que têm
contribuído para acentuar a crise económica e social
que o nosso país enfrenta.
Querem
fazer crer que não fossem esses comportamentos e viveríamos
no melhor dos mundos. Querem confinar a crise do sistema financeiro
internacional ao rebentamento da bolha do imobiliário nos
Estados Unidos e explicá-la apenas pela falta de ética
nos negócios de uma minoria instalada algures, em luxuosos
escritórios do grande centro financeiro da Wall Street.
Querem,
mistificando as causas da crise, absolver não apenas o próprio
sistema capitalista, que nesta crise mostra cada vez mais a sua
natureza predadora e exploradora, mas também as suas próprias
responsabilidades e dos governos que conduziram uma política
que escancarou as portas às práticas especulativas do
grande capital financeiro, ao mesmo tempo que impôs a crescente
desvalorização dos salários e a sua substituição
pelo incentivo ao endividamento e que explicam, muito e de forma
decisiva, a actual crise do sistema financeiro e a grave crise
económica que está alastrar.
Estes
mesmos que diabolizaram tudo o que é público e é
de todos, para impor o dogma neoliberal do "menos Estado",
do "Estado não intervencionista", da "mão
invisível do mercado", do mercado "regulador" e
cujas concepções e práticas foram assumidas
aqui, em Portugal, pelos principais partidos com responsabilidades
governativas, PSD e PS, com graves consequências também
para a soberania nacional e a economia portuguesa, particularmente
para os seus sectores produtivos, e nefastas consequências
sociais que conduziram a mais injustiça e ao crescimento das
desigualdades.
Mas,
mistificação das mistificações é
perante a gravidade e as consequências da crise ver os
seguidores do programa neoliberal, aqui em Portugal e na Europa seja
sob a designação de terceira via, novo centro ou
esquerda moderna como a de José Sócrates, que disfarçam
com a defesa de um sistema de protecção social mínima,
virem a público mostrar a sua indignação e
demarcarem-se das políticas que eles próprios apoiam e
vêm concretizando.
Não
há muito tempo ouvíamos José Sócrates
dizer "deixem o mercado funcionar" criticando com uma
arrogância desmedida todos os que se opunham a esta política
de mãos largas para o grande capital financeiro especulativo.
Agora, perante a crise e a perspectiva das eleições aí
temos o Primeiro-Ministro José Sócrates a assumir o
papel do socialista abominando o "Estado mínimo" e a
"especulação bolsista ". Bem pode agora fazer
a pirueta! Sócrates não deu tudo ao grande capital.
Deu-lhes muito, tirando a quem menos pode e menos tem!
Aí
o temos a virar à esquerda em palavras e em promessas, mas na
realidade a tomar as decisões para salvar o grande capital
financeiro com a mobilização de milhões de
euros, vinte mil milhões do Estado que são dinheiros
dos contribuintes, que se recusam e negam quando se trata de resolver
os problemas sociais dos portugueses ou os problemas e as
dificuldades das pequenas e médias empresas, mas que são
disponibilizados aos senhores da banca de forma muito pouco
transparente, nomeadamente no que se refere às contrapartidas.
Tudo
feito e decidido para bem de todos, dizem eles, mas em primeiro lugar
e prioritariamente para bem dos banqueiros, da sua banca e dos seus
gordos accionistas.
Anunciam
e prometem mais regulação e mais transparência,
mas no que estão a pensar é em salvar os infractores e
o perverso sistema que os suporta e sustenta, pondo o contador a zero
para retomar as mesmas práticas especulativas, aqui e por essa
Europa do grande capital multinacional. A transparência viu-se
já, para começar, ainda esta quinta-feira no debate na
Assembleia da República e na fuga do Governo à
definição dos critérios e condições
da cedência dos dinheiros públicos à banca
privada, como o PCP justamente o exigia. Não questionamos a
necessidade de estabilizar o sistema financeiro, mas isso pressupõe
regras e compromissos claros e uma justa remuneração
dos dinheiros públicos. Tal como exige a garantia da punição
dos responsáveis pelas práticas fraudulentas e
especulativas.
Se
a banca não pagar, quem paga a factura? O povo português
e o nível de vida dos trabalhadores, dos reformados, dos
agricultores, dos pequenos e médios empresários.
Nós
temos visto o que é a regulação e o que são
as entidades reguladoras em Portugal. Vimo-lo no controlo ao mercado
dos combustíveis, ainda há pouco tempo a assobiar para
lado enquanto os portugueses pagavam milhões de euros a mais
na gasolina e no gasóleo. Vimo-lo no acompanhamento ao
escândalo do BCP, mesmo debaixo das barbas do Banco de
Portugal. Vimo-lo ainda esta semana face aos aumentos inaceitáveis
da electricidade, neste caso a ERSE que cada vez mais se comporta
como agente dos grandes accionistas da EDP, em prejuízo dos
consumidores e das pequenas e médias empresas. No próximo
ano vamos ter um aumento da electricidade de 4,3% para os
consumidores domésticos e de 4,4 % a 5,9% para as empresas,
bem acima da taxa da inflação e, no entanto, a EDP, só
no primeiro semestre deste ano, arrecadou de lucro mais de 700
milhões de euros.
Falam
de regulação mas nada dizem, mesmo quando questionados
por nós, sobre o que pensam fazer aos off-shores, a esses
paraísos fiscais onde predominam as actividades de fuga ao
fisco e lavagem de dinheiro, tal como nada dizem sobre a livre
circulação de capitais. É por isso que o Estado
dito regulador, tão do agrado do PS de Sócrates, é
uma farsa que apenas serve para isentar de responsabilidades o
governo e deixar à mão invisível do grande
capital económico e financeiro o domínio absoluto dos
mercados.
Alguns
admiram-se porque é que, apesar de se terem lançado
milhões de euros e dólares para cima da crise para
salvar os seus bancos, a crise continua e no horizonte se mantêm
as negras perspectivas da recessão económica.
A
resposta é simples, porque sem que se aumente o poder de
compra das massas que favoreça o aumento da procura e com ela
a dinamização das actividades económicas a crise
alastrará, agora com mais falências e o aumento do
desemprego.
É
perante esta realidade que, com toda a legitimidade, se reafirma a
necessidade de dar resposta à crise com propostas que vão
ao encontro da solução deste problema central na
superação da crise - a do reforço do poder de
compra dos trabalhadores, dos reformados, das camadas populares
atingidas na sua capacidade aquisitiva com a degradação
sistemática dos salários reais, do aumento do custo de
vida e, particularmente, as novas gerações com o
aumento dos custos da habitação com o aumento das taxas
de juro.
É
por isso que são justas e necessárias as propostas de
resposta à crise que apresentámos e que urge
concretizar no plano interno e defender com firmeza no plano europeu.
Medidas no plano interno de
intervenção no sistema bancário para diminuir as
taxas de juro, como as que apresentámos na Assembleia da
República e medidas visando o aumento dos salários de
forma a repor o poder de compra e melhorar a distribuição
do Rendimento Nacional. Mas também medidas para valorizar,
defender e promover a produção nacional, aliviar a
tesouraria das empresas acelerando os pagamentos em dívida e
de todos os fundos comunitários e reforçar as
prestações sociais, designadamente às famílias
mais carenciadas.
Na União Europeia, consideramos
inadiável intervir junto do BCE para uma descida mais
acentuada das taxas de juro de referência, bem como a suspensão
do Pacto de Estabilidade. Tal como o imediato reforço dos
Fundos Estruturais e outras medidas orçamentais que relancem
as actividades económicas e o investimento.
Não
há operação de disfarce que possa iludir a
verdadeira natureza das políticas de direita do PS de José
Sócrates e do seu Governo. Não há operação
de disfarce que possa iludir a identidade de valores, propósitos
e objectivos da acção governativa do PS de José
Sócrates com a parte mais substancial do programa neoliberal.
Quatro
anos a governar como a direita, de tal forma que o PS tornou não
só dispensável a direita, como remeteu ao silêncio
Manuela Ferreira Leite. Silêncio que só é
quebrado quando se trata de aplaudir o apoio do Estado de milhões
à banca.
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José Sócrates e o PS
que, como ninguém em Portugal, deram força à
fúria privatizadora das empresas estratégicas e dos
serviços públicos e que agora continuam dando meios ao
grande capital económico e financeiro para dominar o mercado e
que mantém como perspectiva da privatização do
que resta da GALP, TAP, EDP, ANA, REN, ÁGUAS DE PORTUGAL etc,
podem pôr-se de fora e fazerem de conta que nada têm a
ver com a crise? Não podem!
Pode pôr-se de fora e fazer de
conta que nada têm a ver com a crise, quem apoiou e apoia a
política monetária neoliberal do Banco Central Europeu
de subida das taxas de juro que serve o grande capital financeiro, em
detrimento do crescimento económico e do emprego e das
condições de vida das famílias? Não pode!
Não
pode pôr-se de fora e fazer de conta que não têm
responsabilidades na crise quem fez do cumprimento do neoliberal
Pacto de Estabilidade e Crescimento uma obsessão, com
desastrosas consequências nas condições de vida e
rendimentos dos portugueses, na contenção das despesas
sociais, mas também na degradação da situação
económica e desemprego.
Pode
pôr-se de lado e olhar de fora, quem justificou e deu a
primazia às actividades puramente financeiras e especulativas
em nome da inevitabilidade e bondade da globalização
capitalista e da imperiosa necessidade da liberalização
total dos mercados? Não pode!
Mas,
se houvesse dúvidas acerca da adesão ao neoliberalismo
dominante por parte do PS bastaria conhecer as suas propostas de
ataque aos direitos históricos dos trabalhadores com a sua
revisão do Código de Trabalho. Propostas que são
coerentes com quatros anos de ofensiva ideológica a
desacreditar e desclassificar todo o mundo de referências a um
passado de conquistas sociais, estigmatizando a luta em defesa dos
direitos sociais como arcaica e retrógrada e os próprios
direitos sociais adquiridos, como privilégios corporativos,
injustos e inaceitáveis. Ofensiva ideológica que teve
já em muitos aspectos uma concretização na sua
prática governativa, como são exemplo o ataque aos
direitos dos desempregados e aos direitos dos trabalhadores da
administração pública. Quatro anos de arrogância
e desdém para com os direitos e as condições de
vida dos trabalhadores e dos reformados.
É,
por isso, que aqui estamos também, porque não aceitamos
sem combate e sem denuncia a revisão do Código de
Trabalho que a actual maioria PS quer urgentemente ver aprovada e
que, se for aprovada, significará um enorme passo atrás
nos direitos dos trabalhadores e no agravamento da sua exploração,
com a imposição da lei do mais forte nas relações
de trabalho.
Se
o Governo conseguir concretizar as suas propostas, como aquelas que
visam a facilitação dos despedimentos individuais sem
justa causa, a destruição da contratação
colectiva, a liberalização dos horários, elas
significarão o agravamento de todos os problemas com que o
mundo do trabalho está já hoje confrontado.
O
PS afirmava antes de ser governo que o Código de Trabalho do
PSD/CDS-PP era um atentado à nossa matriz constitucional e
encerrava uma "concepção conservadora e
retrógrada" da legislação laboral, mas
agora que estão no Governo e têm a maioria absoluta no
Parlamento tudo esqueceram e, o PS, não só mantém
as mais gravosas normas do actual Código de Trabalho, como
alarga o leque das malfeitorias contra os trabalhadores.
Não
estranhamos por isso que o grande patronato aplauda a iniciativa do
PS, que considera uma vitória sua e venha mostrar o seu
público desacordo contra alguma eventual alteração
na Assembleia da República ao acordo que fizeram com o Governo
e que confirmam o que há muito sabemos e temos denunciado: que
é uma pura farsa a campanha de José Sócrates e
do PS que diz serem as suas propostas para defender os trabalhadores.
O
grande patronato sabe que as propostas do PS são a anulação
de importantes conquistas, algumas das quais têm atrás
de si dezenas e dezenas de anos de luta organizada dos trabalhadores,
como é o caso da luta pela redução da jornada de
trabalho diária e semanal, agora posta em causa com a proposta
do Governo de desregulamentação dos horários.
O
Governo do PS, com o objectivo de iludir a sua ofensiva contra os
direitos dos trabalhadores, anunciou um conjunto de medidas de
combate ao trabalho precário que são um completo
embuste. Não são medidas de combate, mas de legalização
de todas as formas de trabalho precário a troco de uma pequena
penalização pecuniária.
É
por isso que o trabalho precário não desce e continua a
alargar-se e somos hoje dos países da União Europeia
com mais precariedade, também com o importante contributo do
governo do PS que tem permitido, com a sua política, continuar
a transformar trabalho permanente em trabalho a prazo e trabalho
parcial. Tem sido assim desde o primeiro dia deste governo que agora
falsamente se arvora em grande combatente contra a precariedade.
É
por isso, que nós continuaremos o combate para garantir o
princípio que a um posto de trabalho permanente deve
corresponder um contrato de trabalho efectivo e prosseguiremos com a
luta pela concretização das nossas propostas de defesa
dos trabalhadores, nomeadamente dos que estão à procura
de primeiro emprego e dos desempregados de longa duração.
O
grande patronato sabe que as propostas do Governo do PS, a
permanecerem tal como estão, permitiriam a caducidade dos
actuais contratos colectivos de trabalho e a anulação
de muitas e importantes conquistas conseguidas pela luta dos
trabalhadores nos últimos anos e neles consagrados.
O
grande patronato sabe que a proposta de PS, que põe em causa o
"princípio do tratamento mais favorável ao
trabalhador" na legislação de trabalho,
significará ajustar por baixo os direitos e condições
de trabalho da generalidade dos trabalhadores.
Foi
para contrariar e exigir o respeito pelos direitos dos trabalhadores
que centenas de milhares de trabalhadores participaram na grande
jornada de luta da CGTP-IN do passado dia 1 de Outubro. Uma grande
jornada de luta e de contestação que não pode
parar, exigindo que o projecto de Lei de revisão do Código
de Trabalho, que o PS aprovou na generalidade, seja suspenso e tenha
em conta os mais de 3000 pareceres dos trabalhadores e suas
organizações.
Daqui
saudamos a luta dos trabalhadores portugueses e daqui queremos
dizer-lhes que há ainda muita luta pela frente e que podem
contar com o contributo dos comunistas portugueses para ampliar essa
luta tão importante e tão necessária para
impedir esse negro desígnio do governo do PS.
Podem
contar com o PCP em todos os planos em que a luta se venha a
desenvolver, nomeadamente na Assembleia da República onde
confrontaremos o Governo, na discussão na especialidade, não
só com o nosso projecto global de melhoria do actual Código
de Trabalho, mas também com as próprias propostas do PS
que defendiam antes de ser governo.
Sócrates
descobriu, depois de meses a fio a arrastar os pés perante a
crise e dos sucessivos anúncios do país no bom caminho
e da propaganda do país melhor preparado e resistente à
crise, que se podia esconder e pode esconder o fracasso da sua
governação debaixo do chapéu da crise
internacional.
Temos
visto isso nestes últimos dias. O governo passou a justificar
tudo com a crise internacional que passou a servir de desculpa para
tudo. Quer justificar com a crise internacional a estagnação
crónica em que o país vive, como se fosse um problema
recente e como se a grave situação económica e
social do país nada tivesse a ver com os quatro desastrosos
anos da sua governação.
Mas
nós estamos convictos que os trabalhadores e povo português
não vão esquecer estes anos da governação
do PS, que foram de pesadelo para a larga maioria dos trabalhadores e
reformados, para as camadas populares do nosso povo que vivem de
pequenos rendimentos.
Os
trabalhadores e as populações não vão
esquecer a sua ofensiva contra o Serviço Nacional de Saúde.
Esse primeiro balão de ensaio para o destruir e que a luta das
populações fez recuar. O recorde no desemprego - a
região Norte do país sabe bem o que tem sido a política
de direita do governo do PS em matéria de defesa e criação
de emprego, já que toda esta região mantém uma
negativa liderança nacional da taxa de desemprego.
Os
trabalhadores e os reformados não vão esquecer que,
nestes quase quatro de governo de José Sócrates, os
seus salários reais e suas reformas estiveram sempre a cair,
enquanto aqueles que agora têm à sua disposição
milhões de euros, tiveram sempre os seus lucros a crescer. A
crescer e bem, só entre 2004 e 2007, os seus lucros subiram
155,4%, enquanto o crescimento do país marcava passo. Em 2007
os cinco maiores bancos obtiveram de lucro 3,6 milhões de
euros.
Os
trabalhadores e povo português não vão esquecer
que enquanto aumentavam os impostos sobre o consumo e os rendimentos
de trabalho, os grandes senhores da banca, deixavam de pagar mais de
1200 milhões de euros de impostos ao Estado, entre 2004 e
2007.
< style="margin-left: -0.03cm" align="justify">
Os trabalhadores não vão
esquecer a reforma da segurança social que penalizou
brutalmente as reformas. Uma reforma que fragilizou o já baixo
sistema de protecção social português, para
garantir a diminuição do défice à custa
dos reformados, dos desempregados e das famílias mais
carenciadas.
Mas gostaria de vos dizer que em
relação à situação de algumas
reformas há uma situação nova que mostra bem que
vale a pena lutar e ser persistente na razão que assiste aos
reformados e aos trabalhadores na defesa dos seus direitos. É
sabido que a nova fórmula de cálculo das pensões,
decidida por este Governo, tem prejudicado os reformados com uma
acentuada diminuição das suas reformas, particularmente
as reformas mais baixas, por não poderem optar pela forma de
cálculo mais favorável.
Uma
situação inaceitável e que tem sido objecto de
um generalizado protesto dos reformados e das suas organizações
e que motivou em vários momentos não só o
protesto do PCP na Assembleia da República, mas também
a apresentação de um projecto-de-lei. Projecto que o PS
chumbou, mas que agora acaba de nos dar razão.
Na
Lei do Orçamento o Governo reconhece a justeza das exigências
dos reformados. Daqui quero saudar todos aqueles que não
desistiram e que lutaram para pôr fim à injustiça,
apesar de ela ter sido reconhecida tardiamente e não dar
garantias de pagar aos reformados os retroactivos que a mais
elementar justiça exigia, mas essa é outra luta que é
necessário levar à frente, como é necessário
continuar a lutar pela revogação desse perverso factor
de sustentabilidade que provocará, só por si caso não
seja alterado, até 2050 reduções que podem
atingir os 20% em todas as pensões, bem como pelo direito à
reforma a quem tem 40 anos de descontos sem qualquer penalização.
Diz
agora o Governo que o seu orçamento para 2009 é um
orçamento para combater a crise. É cedo para nos
pronunciarmos de forma alargada sobre este Orçamento que o
Governo apresenta embrulhado em muita propaganda. Mas duas coisas
gostaríamos de dizer desde já.
A
primeira, é que ao contrário do anunciado, este não
é o Orçamento que o país precisa para de forma
determinada combater a crise. No fundamental, o Governo segue as
mesmas erradas opções que têm afundado o país.
Não é um orçamento para dar prioridade ao
relançamento da economia e à promoção do
crescimento económico, mas um orçamento que no
fundamental mantém a mesma obsessão pelo défice,
mantendo para 2009 o mesmo aperto orçamental de 2008. Um
orçamento que vai promover um acentuado crescimento do
desemprego.
A
segunda, é que este orçamento continua a apostar na
desvalorização dos salários e das pensões.
O aumento que se anuncia para a Administração Pública,
mesmo acreditando na previsão da inflação
anunciada pelo governo, fica muito aquém da necessária
e prometida pelo Governo reposição do poder compra
perdido neste ano de 2008.
Vivemos
um momento de grande exigência na nossa intervenção.
Temos que, ao mesmo tempo, levar em frente o XVIII Congresso do nosso
Partido, cujas teses estão em debate em todas as organizações
e prosseguir um combate em várias frentes em defesa dos
interesses dos trabalhadores e do nosso povo.
É,
por isso, que apesar da importância de concretizar com êxito
os trabalhos do nosso Congresso e da importância e necessidade
de todos envolver no debate sobre a situação do País
e do mundo e dar resposta aos seus múltiplos problemas,
nomeadamente debater e decidir sobre as linhas de acção
para promover a ruptura com a política de direita e para a
construção de uma alternativa de esquerda, nós
aqui estamos prosseguindo a nossa campanha nacional "É
Tempo de Lutar. É Tempo de Mudar - Dar mais força ao
PCP".
Aqui
estamos denunciando as consequências da política da
direita, apresentando propostas e mobilizando e apelando aos
trabalhadores e ao povo para que venham à luta e a ampliemos.
A grave situação do país tornou cada vez mais
imperiosa a necessidade de construir um novo caminho alternativo e
uma solução nova que encerre uma proposta de vincada
ruptura com as orientações que têm conduzido o
país à crise e ao atraso.
É
por isso que nós dizemos que é tempo de mudar! É
tempo de mudar porque o país precisa de uma política
alternativa de esquerda que ponha fim aos trinta anos do gasto
rotativismo de alternância sem alternativa, entre PS e PSD.
O
país precisa de uma verdadeira alternativa política de
esquerda alicerçada nos valores de Abril e no seu projecto
libertador. Alternativa que tem na sua concretização
uma condição essencial: a ampliação da
influência social, política e eleitoral do PCP.
Sabemos
o que somos e queremos ser: somos e queremos ser o Partido Comunista
Português, com a sua história, a sua luta, a sua
identidade e o seu projecto de futuro. Somos um partido que não
desiste, que denuncia as situações e apresenta
propostas, que luta e lutará para enfrentar os problemas do
país, para derrotar a ofensiva contra os direitos económicos
e sociais que está em curso, para que os trabalhadores e o
povo português tenham uma vida melhor.
Somos um partido
com uma identidade inconfundível, razão da sua
existência, da sua força e do seu papel insubstituível.
Sempre com os trabalhadores e o povo, preparado para agir e cumprir o
seu papel. É esse Partido que aqui está, determinado,
confiante, sempre pronto a levantar e defender as bandeiras do
desenvolvimento, da justiça social, da igualdade e da
solidariedade.
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