Partido Comunista Português
A CRIL, entre a Pontinha e a Buraca - Intervenção de António Filipe na AR
Quarta, 28 Maio 2008
 

A importância para a circulação rodoviária da cidade de Lisboa da construção do último troço da CRIL, entre a Pontinha e a Buraca

 

 

Sr. Presidente,

Sr. Deputado José Miguel Gonçalves,

Peço desculpa por ter de lhe falar de costas, mas são vicissitudes geográficas do Hemiciclo quanto às quais nada podemos fazer.

O que quero dizer é que consideramos muito pertinente a questão que o Sr. Deputado trouxe hoje ao Plenário da Assembleia da República. Nós próprios tivemos oportunidade de visitar, juntamente com alguns moradores, uma das partes da localização do troço que falta da CRIL, sendo certo que há uma outra parte, que abrange Alfornelos, que também tem consequências muito gravosas para os respectivos moradores. De facto, pudemos aperceber-nos da extrema violência que aquela construção, tal como se encontra prevista, vai representar para os moradores.

Não está em causa a construção da CRIL, que, aliás, já deveria estar concluída há muitos anos. Lembro-me de que nós próprios questionámos aqui, há anos atrás, o respectivo secretário de Estado, ao tempo José Eduardo Martins, acerca do traçado da CRIL.

Trata-se, pois, de uma questão que já vem de há muito tempo.

Aliás, era suposto que a CRIL fosse concluída ainda no anterior governo do Partido Socialista, mas já passou mais de uma década sobre a data prevista para a conclusão do último troço e ainda estamos a discutir a questão.

Não estamos a falar de qualquer problema de celeridade, porque celeridade neste processo é coisa que, de facto, não houve e não tem havido.

A questão que agora se coloca, Sr. Deputado, é a de saber por que razão, havendo um estudo de impacte ambiental que considera haver uma solução inadequada e outra que seria mais adequada, ou seja, a construção em túnel, sabendo que há uma alternativa proposta pelos moradores que deve ser, pelo menos, ponderada, por que é que o Governo insiste em fazer o contrário de tudo o que é indicado. Ou seja, porque é que o Governo insiste em adoptar uma solução que é contrária ao estudo de impacte ambiental e porque é que se recusa, pura e simplesmente, a considerar uma proposta, apresentada pelos moradores, que seria muito menos lesiva do ambiente? Provavelmente, haveria algum interesse económico que se poderia queixar disso.

Pergunto-lhe, pois, o seguinte: que explicação é que o Sr. Deputado encontra para que este Governo tencione levar por diante uma obra que é contra-indicada por todas as entidades que até agora se pronunciaram sobre ela?