Encontro Nacional do PCP sobre 20 anos adesão Portugal à CEE/UE


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Jerónimo de Sousa no encerramento do Encontro Nacional sobre os 20 anos de adesão de Portugal à CEE
Sábado, 16 Dezembro 2006
Foto: Jerónimo de SousaNo encerramento do Encontro Nacional do PCP “ Portugal e a União Europeia nos 20 anos de adesão à CEE”, Jerónimo de Sousa afirmou que «a marca destes vinte anos de integração e aplicação concertada das políticas comunitárias e nacionais está inscrita na preocupante evolução do país, nos graves problemas e difícil situação que permanecem na sociedade portuguesa e que, aqui neste nosso encontro, muitas das intervenções evidenciaram».


Este nosso encontro culmina um importante trabalho de reflexão, avaliação e balanço sobre os 20 anos de adesão de Portugal à CEE/União Europeia, que temos vindo a desenvolver no decurso deste ano de 2006 com a activa participação de diversas organizações do Partido por todo o país e dos deputados comunistas no Parlamento Europeu.

Tratou-se, nos diversos debates que promovemos e com o conjunto de visitas de estudo e informação que foram realizadas, de fazer não só uma avaliação da actual situação do país no contexto da União Europeia nos mais diversos domínios, mas também de perspectivar a sua evolução nos tempos mais próximos e aprofundar e recentrar aspectos essenciais de uma política alternativa para o nosso país e para a União Europeia.

Este encontro que aqui realizamos neste fechar do ano de 2006 e as conclusões que dele resultam são, tal como foram no passado outras iniciativas do PCP, mais um sério contributo de uma força política que, rejeitando qualquer tentativa de moldar a realidade a clichés ou esquemas pré-fabricados, partiu do estudo aprofundado da evolução da situação europeia e nacional e de uma consciente avaliação dos interesses do povo português, da Revolução de Abril e do futuro de Portugal como nação livre e independente.
A mesma objectividade e a mesma consideração do interesse nacional que nos conduziu desde o inicio do processo da Adesão à CEE até hoje e das quais resultaram a afirmação de uma visão própria e distinta e um património de intervenção e de luta em defesa dos interesses de Portugal e dos portugueses e de um outro rumo para a Europa.

Posições e orientações distintas das outras forças políticas, do PS, PSD e CDS, bem patentes desde logo na substancial diferença de pontos de partida, na avaliação das condições e consequências da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, nomeadamente as que se referem ao impacto negativo nas estruturas produtivas nacionais e nos condicionalismos criados à afirmação soberana de um projecto democrático de desenvolvimento nacional e que estes anos de Adesão confirmaram.
Não fazem o balanço porque seriam confrontados não só com a realidade mas também com a sua responsabilidade na situação. Preferem, por isso, usar a tese das inevitabilidades.

À distância de vinte anos podemos ver com muita nitidez o papel das forças político-partidárias portuguesas condutoras do processo de integração e quanta engenharia política, manipulação propagandística e fantasia encobriam os seus próprios interesses políticos, as suas estritas opções de classe e o silenciado propósito de, com a integração, promover a destruição das conquistas sociais e económicas de Abril.

Vinte anos de cíclicas e recorrentes promessas, nunca concretizadas, de solução dos problemas do desemprego, dos baixos salários e de modernização da nossa deficiente e dependente estrutura produtiva.
Vinte anos de repisados compromissos que garantiam um elevado desenvolvimento e uma crescente convergência, na realidade cada vez mais distante, de Portugal com a Europa.
Vinte anos no decorrer dos quais se foram dissipando as ilusões da solução dos problemas nacionais no quadro de uma integração europeia crescentemente determinada pelo projecto neoliberal e federalista, ao serviço do grande capital e das grandes potências, e por uma política nacional de direita submetida a tal projecto e que, a pretexto do cumprimento das políticas comunitárias, conduziu no plano interno uma brutal ofensiva contra direitos e conquistas dos trabalhadores e do povo.

Problemas que se agudizaram à medida que se foram progressivamente alienando as alavancas fundamentais que deviam garantir o desenvolvimento do país.

À madrugadora ofensiva contra as conquistas de Abril, com particular destaque para a ofensiva dirigida à destruição do sector empresarial do Estado e à privatização dos sectores estratégicos da economia nacional, a pretexto das orientações comunitárias, do primado da concorrência e do fim dos ditos monopólios públicos, não tardou, num quadro de grande impreparação nacional, que o país fosse confrontado, sem debate e sem consulta ao povo português, com profundas alterações às iniciais condições de Adesão, já em si desvantajosas, as quais tiveram e continuam a ter consequências gravíssimas na evolução da situação portuguesa.

A criação do mercado interno logo a seguir à Adesão, com a concretização da livre circulação de mercadorias e capitais, que implicou uma forte e acrescida concorrência, agravada pelos vários acordos de liberalização do comércio mundial, acentuou todas as fragilidades dos sectores produtivos nacionais ao mesmo tempo que acelerou a passagem de importantes centros de decisão nacional em sectores estratégicos do país para as mãos do grande capital estrangeiro.

Com Maastricht e com a criação da União Económica e Monetária e do Euro um novo salto qualitativo foi dado na alienação de novos instrumentos de condução da nossa vida colectiva, com a perda do controlo por Portugal da política monetária e com novas e mais drásticas consequências económicas e sociais para o país.

A concretização da União Económica e Monetária, com a imposição dos seus draconianos critérios nominais do Pacto de Estabilidade e a transferência para o Banco Central Europeu da condução de uma política monetária única, traduziu-se no mais longo ciclo de recessão e estagnação da economia portuguesa das últimas décadas e numa inquietante e significativa perda de competitividade da economia portuguesa.

Dominado pelas grandes potências e pela tecnocracia neoliberal o Banco Central Europeu, com a sua política monetária centrada no exclusivo objectivo da estabilidade dos preços, passou a penalizar o crescimento, o emprego e os países de mais fraco desenvolvimento, como Portugal. 
Aqueles que acenavam com a as vantagens do Euro, dissimulando o seu papel de instrumento de classe ao serviço do projecto neoliberal e de uma Europa federalista, têm na evolução da política monetária do presente ano, com os sucessivos aumentos das taxas de juro e a sistemática valorização da taxa de câmbio do euro, a prova provada que não são os interesses e as necessidades objectivas da economia que estão na origem da sua criação, como não são os interesses dos povos e do desenvolvimento geral que determinam as decisões do Banco Central Europeu. 
A decisão de, pela 6ª vez consecutiva no espaço de um ano, aumentar as taxas de juro, perante o silêncio comprometedor do governo do PS, e a previsão anunciada de novos aumentos no próximo ano, significarão mais austeridade para os trabalhadores e para o povo, um maior e insustentável endividamento das famílias e das empresas e pretexto para a intensificação das pressões para acentuar as políticas de contenção salarial e novas redução nas políticas sociais que, juntamente com o emprego, passaram a ser sacrificados em nome da competitividade da economia.
Com o processo de convergência nominal e as políticas de restrição orçamental que lhe estão associadas, centradas na obsessão da redução do défice, passaram também a fundamentar e justificar, no plano nacional, o aprofundamento das políticas de direita de regressão social, no plano da desregulamentação laboral, do direito à saúde, ao ensino e à segurança social dos portugueses. 

Ataque que assumiu, com o actual governo do PS de José Sócrates, um carácter de ofensiva global, sustentada num vasto programa de contra-reformas de cariz neoliberal, visando a reconfiguração do Estado democrático de Abril, reduzindo o alcance dos diversos serviços público e das funções sociais do Estado e ampliando e acelerando o processo privatizador.
Ofensiva que tem paralelamente como referência as orientações da chamada Estratégia de Lisboa de liberalização e privatização dos serviços públicos, designadamente dos transportes, correios, telecomunicações, energia e de mercantilização do ensino e do sistema de protecção social e de flexibilização e precarização do mercado de trabalho.
Ofensiva, cuja amplitude é indissociável da revisão da Estratégia de Lisboa de 2005 e da crescente articulação e coordenação supranacional da concretização da sua agenda neoliberal.

É neste contexto que se desenham novas ameaças e novos perigos.

Perigos e ameaças que se adensam com o acentuar das pressões dos centros de decisão supranacionais e do grande capital multinacional na exigência de levar ainda mais longe não só o programa de contra-reformas que o governo do PS de José Sócrates tem em curso, dando profundidade à sua ofensiva na Administração Pública, na saúde, ensino e no sistema de protecção social, mas ampliando-o e alargando-o a novas frentes, designadamente com a contra-reforma do mercado de trabalho e com a introdução da “flexigurança”.

Novas frentes que o governo do PS se prepara para assumir com resignada submissão.

Mas novas ameaças e novos perigos que se extraem também do engrossar das exigências e das pressões que querem impor novos e mais brutais cortes nas despesas sociais, novas e mais drásticas medidas na aplicação de uma política de “contenção salarial” e até de “redução salarial”. Novos perigos e ameaças que se projectam com as exigências de um novo e mais forte impulso ao processo de desregulamentação e liberalização. 

Novo impulso de desregulação e liberalização com a anunciada intenção de concretização, nos próximos três anos, na Directiva Bolkenstain de liberalização dos serviços incluindo na área dos serviços públicos, e que tem o apoio dos deputados portugueses do PS, do PSD e do CDS-PP que, cedendo à pressão e às pretensões dos grandes grupos económicos e financeiros, abre as portas a mais agravadas formas de exploração dos trabalhadores e à imposição de novas limitações à soberania dos Estados.

É, na verdade, cada vez mais ostensivo o apertar do cerco das pressões e das exigências. 

É ver a dedicada atenção do Comissário Almunia em relação a Portugal.
O Comissário Almunia vem dizer que não basta cumprir o actual programa de redução do défice de 3% até 2008, mas que é preciso ir mais longe até que se chegue a uma “posição próxima do equilíbrio orçamental” isto é ao défice zero.

Preparam já a dois anos de distância um novo passo, naturalmente à custa de novos sacrifícios dos trabalhadores, da redução dos serviços essenciais às populações e de em prejuízo do crescimento e do emprego.

Mas é ver também a dedicada atenção da própria Comissão Europeia e que transparece dos seus relatórios que despudoradamente, alijando as responsabilidades das políticas neoliberais e monetaristas, nos vêm também dizer que uma das “principais causas da divergência da economia portuguesa desde 2002” é o mercado de trabalho português e, claro, a rigidez das remunerações que não são sensíveis às oscilações do ciclo económico.

Não admira pois que não seja já apenas o sr. Ulricht a fazer a exigência de uma imediata quebra de 10% dos salários, mas que se multipliquem as análises e os estudos, como o do sr. Blanchard, ex- presidente do Departamento de Economia do M.I.T., esse mesmo Instituto que tem um acordo privilegiado com o governo português na área da ciência e que, sem pestanejar, para a falta de competitividade portuguesa decreta que os “salários têm de cair 20%”.  
A notícia, a toda a largura do Expresso, não diz quem pagou o estudo, mas talvez nem seja preciso procurar.    
Com tais conselhos e com tão insistentes apelos das instituições comunitárias se deduzem os reais propósitos e objectivos que estão subjacentes à tarefa prioritária da introdução da “flexigurança”, essa nova “varinha mágica” da Estratégia de Lisboa para a criação de emprego, mas cujo efectivo propósito é, finalmente, conseguirem a total liberalização dos despedimentos, a desregulação dos horários de trabalho, a total precarização do mercado de trabalho.
Uma medida direccionada não contra este ou aquele sector mas contra todos os trabalhadores, com o cutelo permanentemente suspenso, absolutizando o poder patronal e rasgando a constituição laboral! Nesta fase, o grande capital e os centros de decisão da União Europeia que lhe são afectos estão a alisar o terreno pela via do anúncio e da propaganda!
Queremos afirmar, desde já, que não daremos tréguas a tal ameaça, esclarecendo e mobilizando os trabalhadores para responder com as formas de luta necessárias para derrotar tal objectivo.
É cada vez mais evidente o apertar do cerco das pressões e das exigências que se transforma numa espécie de “circulo de ferro” e se constrói passo a passo, medida a medida, que aperta e torna a apertar, comprimindo o espaço, bloqueando saídas à promoção de um verdadeiro projecto nacional de desenvolvimento económico e social ao serviço do povo português.

Situação que urge superar dando força e exigência a uma dupla ruptura.
Ruptura com as políticas comunitárias neoliberais e monetaristas. Ruptura, no plano nacional, com as políticas de direita e de submissão ao projecto neoliberal. Dupla ruptura que, não negligenciando a cooperação e a luta no plano comunitário contra o capitalismo dominante, exige a partir do espaço nacional uma outra política democrática e de esquerda e uma consistente vontade de afirmação de um projecto patriótico e solidário de desenvolvimento do país.

Ruptura que implica um corte radical com o projecto que tinha em Nice e na elaboração de uma dita Constituição para a Europa a tentativa de “ constitucionalizar” o neoliberalismo como modelo económico, a criação do mecanismo institucional federal de garantia do comando político da União Europeia pelas grandes potências e a constituição da União Europeia como bloco político-militar.
 
Tentativa derrotada pelo NÃO dos povos francês e holandês e que se transformou num sério aviso à impunidade dos que conduziram e pretendem continuar a conduzir o “projecto europeu” à margem da opinião e vontade democrática dos povos da Europa e que, agora, se anuncia retomar, fazendo-a entrar pelas portas das traseiras com nova maquilhagem e travestida pela roupagem da nova Europa Social.
Roupagem talhada à medida pelo Congresso do Partido Socialista Europeu e que a Presidência Portuguesa da União Europeia se apronta, solícita, para concretizar dando curso ao embuste que se prepara, de facto, de continuar o neoliberalismo recusando-o no discurso.   

A marca destes vinte anos de integração e aplicação concertada das políticas comunitárias e nacionais está inscrita na preocupante evolução do país, nos graves problemas e difícil situação que permanecem na sociedade portuguesa e que, aqui neste nosso encontro, muitas das intervenções evidenciaram.
Situação difícil que se espelha no persistente estado de quase estagnação em todos estes anos da presente década, com um crescimento médio do PIB que se ficou pelos 0,9% aprofundando o relativo atraso do país, que uma acentuada tendência de declínio de crescimento já vinha dando conta e progressivamente se foi instalando.

Anos também de acentuada divergência económica com a União Europeia e que previsivelmente se continuará a agravar em 2007 e 2008 com a economia portuguesa a crescer metade da média da União Europeia.

Se assim for, como tudo indica, são mais 18 anos perdidos no caminho da convergência.

Situação difícil para os sectores produtivos nacionais, particularmente para os que mais têm sido afectados com a adesão de Portugal à CEE/UE – a agricultura, as pescas e importantes sectores industriais nomeadamente os da industria de base – siderúrgica, metalo-mecânica pesada, industria naval -  e sectores da indústria tradicional nomeadamente de certos sectores têxteis. 
Problemas acrescidos com a inalterada situação dos nossos crónicos défices estruturais, alguns dos quais agravados neste trajecto de vinte anos de Adesão.

Défice de qualificação de mão-de-obra.
Défice cientifico e tecnológico e de estrutura produtiva, bem patente nos diferenciais de produtividade e competitividade das empresas portuguesas e no quase inalterado perfil de especialização produtiva.
Défice energético, mas também um agravado défice agro-alimentar.

Evolução que se reflecte no cada vez mais preocupante défice da Balança de Transacções Correntes que, nestes vinte anos, é a expressão do grau de dependência do país com a inversão de um saldo positivo no momento da Adesão para um volumoso saldo negativo de 14 mil milhões de euros, em 2005.
Situação preocupante e difícil para os trabalhadores e para o mundo do trabalho com a manutenção constante de elevados índices de desemprego, cuja taxa quase duplica desde o principio da presente década e com a crescente precarização das relações de trabalho que coloca Portugal no topo dos países da União Europeia com maiores taxas de trabalho precário e em contínuo agravamento que, só neste último ano, significou um aumento de 14% dos trabalhadores contratados a prazo.      

Situação inaceitável de aumento das desigualdades sociais e da pobreza, com a manutenção de uma injusta distribuição da riqueza nacional que se perpetua e aprofunda e que mantém Portugal à frente dos países com maiores desigualdades de rendimento da União Europeia.
No limiar da pobreza permanecem os 2,2 milhões de pobres existentes no nosso país.
Situação de aprofundamento das assimetrias regionais, agravadas com o processo de desindustrialização dos últimos anos e com o declínio da agricultura familiar.

Com os mais baixos salários, com o mais baixo salário mínimo, com as mais baixas reformas, as elevadas taxas de abandono e insucesso escolar e os baixos níveis comparativos de protecção social, Portugal viu agudizarem-se os problemas sociais e o reconhecido objectivo da coesão económica e social tornou-se uma miragem.

Realidade que vinte anos de fundos comunitários não alteraram e não chegaram para compensar as nefastas consequências económicas e sociais destes anos de integração até porque muitos serviram, fundamentalmente, para destruir o tecido produtivo e favorecer a concentração capitalista.
Mais de 50 mil milhões de euros que em certos momentos criaram uma ilusão de progresso e de desenvolvimento, mas que se desvaneceu quando se tornaram evidentes os custos das contrapartidas e a crise se instalou.
É perante esta amarga constatação que, cada vez mais portugueses, reconhecem a justeza das nossas análises e das nossas reservas e oposição a esta integração europeia e a importância da procura de outras saídas para a solução dos problemas nacionais, de outros caminhos para a Europa e de outro rumo para a União Europeia.

As conclusões deste nosso Encontro apontam esse caminho, essa alternativa, afirmando que outra Europa é possível.
Alternativa que, antes de mais, coloca a defesa da soberania nacional como questão central e estratégica para a defesa dos interesses nacionais e para a construção de uma Europa de cooperação entre Estados soberanos e iguais em direitos.
Europa de cooperação que combate as imposições supranacionais contra a vontade dos povos, o domínio das grandes potências e que rejeita qualquer processo constitucional que tem inteiramente associada uma construção federalista da União Europeia.
Europa de cooperação que inscreve no plano institucional o direito de cada povo à sua decisão autónoma, garantindo a cada Estado as necessárias cláusulas de excepção no exercício desse direito e dos instrumentos de soberania fundamentais à concretização de um projecto próprio de desenvolvimento.

A defesa no plano institucional do principio de um país/um voto no Conselho Europeu, a salvaguarda do direito de veto, quando está em causa a defesa do interesse vital de um país e a garantia da presença de todos os Estados com plenos direitos na Comissão Europeia.
Europa de cooperação que não marginaliza os Parlamentos nacionais, nem faz deles caixa de ressonância da sua agenda e das suas prioridades, antes reforça a sua capacidade de intervenção e decisão.
Europa de cooperação que não aliena o efectivo controlo político, pelos Estados, do Banco Central Europeu e assegura a presença em igualdade dos Estados na condução das políticas económicas e monetárias.
Alternativa que assegura e promove uma Europa de progresso social, solidária e de coesão, virada para o contínuo melhoramento das condições de vida dos trabalhadores e dos povos e das potencialidades de cada país.

Europa de progresso social e solidária que promove a convergência real das economias, o nivelamento, por cima, das condições de vida e de trabalho e faz da coesão económica e social o objectivo central do seu projecto de cooperação.
Europa de progresso social e solidária que rejeita os modelo de desenvolvimento assentes na exploração da mão-de-obra barata e sem direitos.
Europa que promove e reforça o papel dos sectores públicos e dos serviços públicos colocados ao serviço do interesse geral e à prioritária satisfação das necessidades das populações.
Europa de progresso social e solidária que, pondo fim ao Pacto de Estabilidade, coloca no centro e na prioridade das suas políticas económicas e sociais a criação de emprego, o crescimento económico, o reforço dos direitos dos trabalhadores e a valorização dos salários e pensões.
Europa de progresso que tem e faz de um Orçamento Comunitário reforçado um instrumento visando essencialmente a coesão económica e social e a resposta às necessidades do conjunto dos Estados, nomeadamente dos economicamente menos desenvolvidos.
Europa de progresso social e solidária que se revê em cada país numa justa e equilibrada distribuição dos meios financeiros comunitários, que dá prioridade ao desenvolvimento equilibrado do território, às regiões e sectores mais carenciados, às pequenas e médias empresas e à modernização dos sectores produtivos nacionais.
Europa que toma medidas contra a deslocalização de empresas e promove um eficaz combate aos movimentos de capitais especulativos.

Alternativa que luta e assegura uma Europa de paz e solidariedade com todos os povos do mundo.
Europa de paz que recusa e rompe com o processo de militarização da União Europeia e a sua transformação em bloco político-militar e luta pela dissolução de todos os blocos e por uma activa política de desarmamento.
Europa de paz e solidariedade com todos os povos, que denuncia e combate a política de submissão ao imperialismo e recusa o seu envolvimento na estratégia militarista e de guerra dos Estado Unidos da América, da NATO ou da própria União Europeia.
Europa que assume o respeito pelo direito internacional e os princípios da soberania e não ingerência, afirmando e defendendo o direito dos povos à autodeterminação e independência.
Alternativa que pressupõe a necessidade da convergência e a luta das forças anti-imperialistas, que rejeita as teses da direita e da social-democracia e que promove a cooperação institucional e política no Parlamento Europeu. 

Um Portugal com futuro e outro rumo para a Europa exige rupturas, mobilizações, convergências e lutas. Rupturas com as políticas federalistas, neoliberais e militaristas da União Europeia.
Exige o reforço da mobilização e da luta dos trabalhadores, dos povos e de todas as forças do progresso e da paz na Europa, tal como exige a luta e o empenhamento do povo português e o seu essencial contributo na luta pela retoma do projecto de desenvolvimento, patriótico, progressista e internacionalista de Abril, com a convicção de que esse seria o nosso grande contributo para a realização de uma Europa de cooperação de Estados iguais em direitos, de progresso económico e social e de paz e amizade com todos os povos do mundo. 

 
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