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      PROGRAMA 
        ELEITORAL DO PCP - ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2002 
       
        Compromisso por Portugal 
        POR UM PAÍS MAIS LIVRE, MAIS JUSTO E SOLIDÁRIO  
       
        Comunicado do Comité Central de 19.01.2002  
       
        Declaração do Encontro Nacional do PCP sobre Eleições 
        Legislativas  
  
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      COMUNICADO  
        DO COMITÉ CENTRAL DO PCP 
      Em 17 de Março, 
        Mais força ao PCP e à CDU 
      Lisboa, 19 de Janeiro 
        de 2002 
      O Comité Central do PCP, reunido em 19 de Janeiro, 
        analisou aspectos actuais da situação política nacional, 
        questões da vida e intervenção partidária, 
        e o andamento da preparação da campanha eleitoral para a 
        Assembleia da República. 
      
        
        I 
        Aspectos da situação política 
        e do quadro pré-eleitoral 
      1. A vida política nacional e os seus desenvolvimentos 
        mais recentes revelam as razões que conduziram à progressiva 
        erosão e descrédito do Governo do PS e da sua política. 
        A imposição de um aumento salarial de 2.7% aos trabalhadores 
        da Administração Pública, e a recusa das propostas 
        apresentadas pelo PCP no Orçamento do Estado em matéria 
        de aumento de reformas e salários, associados à taxa de 
        inflação verificada em 2001, constituem um novo golpe no 
        poder de compra e no nível de vida dos portugueses. 
        A situação é ainda agravada pela onda de aumentos 
        dos preços de bens e serviços de primeira necessidade (pão, 
        carne, medicamentos, energia, portagens, registos e notariado, transportes) 
        já verificados nalguns casos ou anunciados. 
      2. Simultaneamente, a situação laboral e 
        social de milhares de trabalhadores agrava-se significativamente. Multiplicam-se 
        os encerramentos de empresas e as situações de salários 
        em atraso, os despedimentos e o desaparecimento de postos de trabalho 
        e o ataque aos direitos de quem trabalha. Aumenta a pressão do 
        patronato perante a passividade do governo, sobre os salários dos 
        trabalhadores com vista ao seu congelamento e diminuição 
        real, o que não impede que ao mesmo tempo os salários mais 
        altos no nosso País estejam ao nível de alguns dos mais 
        altos da Europa. Confirma-se o acentuar das desigualdades e o aumento 
        da diferença entre o nível de vida dos portugueses em relação 
        aos outros povos da União Europeia. 
         
        3. Ainda que desvalorizadas por força da dispersão da atenção 
        da comunicação social por outros aspectos da vida política 
        nacional, são entretanto de destacar também múltiplas 
        acções de luta, em vários pontos do País e 
        em diversos sectores de actividade, desenvolvidas nos últimos dias. 
      4. O processo da Maia, que envolveu 17 mulheres acusadas 
        da prática de aborto, confirmou que a dura penalização 
        legal do aborto clandestino com penas de prisão até três 
        anos, é uma real ameaça contra a dignidade e liberdade de 
        muitas mulheres portuguesas. Este processo, constituindo um símbolo 
        de uma terrível injustiça vigente na sociedade portuguesa, 
        põe em evidência e reforça a necessidade e urgência 
        de a Assembleia da República, no exercício da sua inquestionável 
        legitimidade, aprovar, na próxima legislatura, uma lei de despenalização 
        do aborto. 
      5. Os últimos meses de vida do Governo do PS - especialmente 
        marcados, entre outros exemplos recentes, pela injusta e intransigente 
        ofensiva para reduzir os salários reais dos trabalhadores da administração 
        pública, pelo avanço de novos e desastrosos passos nas privatizações, 
        por gravosas decisões em matéria de política de defesa, 
        designadamente no quadro da integração europeia, pela alteração 
        em sentido antidemocrático do regime de nomeação 
        dos directores clínicos e enfermeiros-directores, e pela não 
        concretização do acordo para a vinculação 
        de 6 mil professores contratados - espelham alguns dos traços mais 
        negativos da política de direita que, nos seus aspectos mais estruturantes 
        e opções dominantes, caracterizaram a governação 
        do PS. 
      6. Neste quadro, a realização de eleições 
        legislativas antecipadas, provocadas pela demissão do primeiro-ministro 
        e na sequência da dissolução da Assembleia da República, 
        constitui uma oportunidade para, pelo reforço da CDU e do número 
        dos seus deputados, dar força à exigência de uma nova 
        política para Portugal. 
        Não serão leituras distorcidas dos resultados das últimas 
        eleições autárquicas que procuram sem fundamento 
        objectivo apresentar o PSD e a direita como força em ascenso imparável 
        (que o resultado das autárquicas de nenhum modo autoriza) ou operações 
        de branqueamento e absolvição do PS e da sua política 
        a propósito da mudança de líder, que darão 
        credibilidade a operações que visam favorecer a bipolarização 
        e perpetuar a mesma política. 
      7. O Comité Central do PCP chama a atenção 
        para as tentativas para apresentar como novas, soluções 
        que insistem nas mesmas e velhas receitas políticas e governativas 
        que o País conhece e na qual sobressaem: 
       
        - o esforço para apagar da memória dos 
          portugueses as pesadas responsabilidades e negativas consequências 
          para a vida dos trabalhadores e dos portugueses de uma década 
          de governação do PSD. Este propósito está, 
          no entanto, a ser dificultado pelos indisfarçáveis sinais 
          de arrogância e de insistência do PSD no prosseguimento 
          do caminho das políticas fundamentalistas e anti-sociais; 
        - e o simultâneo esforço para absolver e 
          branquear a política do PS, e apresentar o seu futuro líder 
          desamarrado das mais comprometedoras e decisivas opções 
          de direita que marcaram os governos do PS (num quadro em que Ferro Rodrigues 
          foi um dos mais destacados e próximos executantes da política 
          de António Guterres). Este propósito está entretanto 
          a ser dificultado pelas ambíguas declarações quanto 
          a alianças pós-eleitorais, pela anunciada cedência 
          à velha reclamação da direita em matéria 
          de alteração das leis eleitorais, e pela reiterada insistência 
          numa política determinada pelos critérios e imposições 
          monetaristas da União Europeia. 
       
        
      II 
        O Partido no 
        arranque para as eleições 
      1. O Comité Central salienta a realização 
        por todo o País de reuniões e plenários, com a participação 
        de milhares de membros do Partido, efectuados no seguimento do apelo da 
        sua reunião de 18 de Dezembro, visando no quadro do fortalecimento 
        da vida democrática interna, animar e participar na reflexão 
        colectiva e individual, no contributo para o apuramento de ideias, opiniões 
        e orientações de trabalho que, na concretização 
        das válidas orientações democraticamente aprovadas 
        pelo XVI Congresso, permitam reforçar a organização 
        e intervenção do PCP e a acção dos seus militantes 
        e enfrentar em melhores condições as batalhas sociais, políticas 
        e eleitorais que se perspectivam. 
        O Comité Central sublinha, numa situação em que pesam 
        elementos de decepção com os resultados das eleições 
        autárquicas e interrogações sobre as suas causas, 
        a determinação e sentido da responsabilidade com que a generalidade 
        dos participantes nas reuniões e plenários já realizados 
        encaram a acção imediata e futura do Partido. 
      2. O Comité Central chama à atenção 
        para que, em contradição com a prática do colectivo 
        partidário e em alguns casos desprezando as possibilidades de participação 
        e discussão existentes, alguns membros do Partido, aproveitando 
        as legítimas e compreensíveis inquietações, 
        insatisfações e preocupações com os resultados 
        das eleições autárquicas, promoveram, em colisão 
        com os princípios estatutários, um abaixo-assinado reclamando 
        a convocação de um Congresso Extraordinário do PCP, 
        numa iniciativa reprovável, que foi precedida e acompanhada de 
        uma ampla ofensiva de deturpação das posições 
        do Partido que favorece e branqueia o PS, criando à beira de uma 
        exigente e difícil batalha eleitoral, uma negativa situação 
        de tensão e perturbação. Tendo em conta estes aspectos 
        e reafirmando as posições já expostas pela Comissão 
        Política, o Comité Central considera que não há 
        fundamentos para convocar um congresso extraordinário. 
      3. O Comité Central reafirma o valor da contribuição 
        de cada militante com a sua reflexão e opinião, e do respeito 
        pelos princípios estatutários decididos democraticamente, 
        que constituem a base de funcionamento do Partido e que a todos obrigam. 
        Sublinha a importância de dar continuidade à natural e necessária 
        reflexão e debate, com vista ao reforço da organização 
        e da influência do Partido. 
        O Comité Central saúda os membros do Partido pelos seus 
        contributos para a definição da orientação 
        e pela sua participação na actividade partidária 
        e saúda particularmente os mais de 2000 novos militantes do Partido 
        e da JCP, cuja adesão se verificou ao longo do último ano, 
        considerando de particular importância assegurar a sua integração 
        e responsabilização. 
      4. O Comité Central fixou a data de 6, 7 e 8 de 
        Setembro para a realização da 26ª "Festa do 
        Avante!" e avança com medidas no sentido da preparação 
        de iniciativas nacionais, já decididas e anunciadas, nomeadamente 
        sobre a acção e a intervenção do Partido junto 
        dos trabalhadores, e sobre o PCP e o Poder Local. 
      5. O Comité Central apela a todos os militantes 
        e organizações do Partido para que, conscientes das exigências 
        e dificuldades colocadas, arranquem com confiança na preparação 
        das eleições legislativas, evidenciando a necessidade de 
        ruptura com 10 anos de Governos do PSD e 6 anos de Governos PS, afirmando 
        o projecto de uma efectiva política de esquerda que o PCP e a CDU 
        protagonizam, trabalhando para esclarecer e mobilizar, para assegurar 
        mais votos na CDU, condição essencial para uma política 
        de esquerda para Portugal. 
       
        III 
        Pontos essenciais 
        da batalha de esclarecimento 
      1. O Comité Central chama a atenção 
        para que o quadro pré-eleitoral e a campanha eleitoral serão 
        previsivelmente marcados pelo desenvolvimento de duas manobras políticas 
        fundamentais já em curso: 
       
        - a que será desenvolvida pelo PSD procurando 
          explorar a seu favor a insatisfação e descontentamento 
          com os governos do PS e o seu fracasso, tentando escamotear não 
          apenas que esse fracasso está, em grande medida, ligado à 
          continuação pelo PS de linhas essenciais da política 
          dos anteriores Governos do PSD mas também que o PSD, durante 
          os últimos seis anos, realizou um vasto conjunto de acordos e 
          convergências com o PS, em coerência com a larga comunidade 
          de interesses e identidade de orientações que; em muitos 
          aspectos, os dois partidos claramente partilham; 
        - e a que será desenvolvida pelo PS para 
          explorar a seu favor junto do eleitorado de esquerda preocupações 
          com o eventual perigo do regresso da direita ao poder, apresentando-se 
          de forma mistificadora como o único "voto útil" 
          para impedir esse regresso, mas escamoteando que foi a sua política 
          que fortaleceu a direita e que nunca ninguém viu o PS preocupado 
          com os perigos que a direita representava no tempo dos múltiplos 
          acordos e apoios que (ora com o PSD, ora com o CDS-PP, ora com ambos) 
          com ela celebrou e negociou em matérias de decisiva importância 
          e vasta repercussão. 
       
      2. O Comité Central chama também a atenção 
        para que, como é do seu interesse directo, tanto o PSD como o PS 
        se preparam para ressuscitar velhas mas sempre perigosas mistificações 
        urdidas para condicionar e limitar a capacidade de escolha dos cidadãos, 
        designadamente enfatizando uma pretensa indispensabilidade de uma maioria 
        absoluta de um só partido, transformando uma campanha para eleger 
        230 deputados (que influenciarão a formação do Governo) 
        numa inexistente "eleição para Primeiro Ministro" 
        (que desvaloriza e subalterniza a eleição dos deputados 
        (que, entretanto, noutras ocasiões PSD e PS dizem ser necessário 
        "aproximar" dos eleitores"), ou ainda incutindo a falsa 
        ideia de que o elemento decisivo dos resultados eleitorais é o 
        apuramento de qual é o partido mais votado (ainda que sem maioria 
        absoluta). 
      3. O Comité Central sublinha que, face a estas manobras, 
        é de crucial importância que a intervenção 
        eleitoral do PCP e da CDU combata firmemente as pressões em 
        favor de uma "bipolarização" entre o PS e o PSD 
        (que se têm confirmado como o principal instrumento de manutenção 
        e impunidade da política de direita), sustente com vigor que o 
        PSD não é alternativa para a política seguida pelo 
        PS e que o PS não é alternativa de esquerda à política 
        do PSD, afirme com clareza e persistência que o País não 
        está condenado a uma "alternância" entre PS e PSD 
        que muda caras e etiquetas mas não muda nada do que seria essencial 
        mudar, e apresente, com confiança e convicção, a 
        necessidade e urgência de os eleitores, dando mais força 
        ao PCP e à CDU, fortalecerem a exigência de uma nova política 
        e de uma alternativa de esquerda. 
        Reveste-se também da maior importância que a intervenção 
        eleitoral do PCP e da CDU proceda a um insistente esclarecimento sobre 
        a real natureza e finalidade das eleições legislativas e 
        mobilize o eleitorado contra a indesejável obtenção 
        da maioria absoluta pelo PS ou pelo PSD (que seria inevitavelmente 
        instrumento de arrogância, impunidade e clientelismo), recordando 
        a este propósito que o fracasso dos Governos do PS teve origem 
        na sua política e não na falta de uma maioria absoluta, 
        uma vez que na legislatura agora interrompida até dispunha de condições 
        parlamentares mais favoráveis que na anterior. 
        E, sobre tudo, como eixo essencial e decisivo de intervenção, 
        importa desenvolver uma forte e convincente acção de esclarecimento 
        que torne claro que a necessária derrota da direita consiste em 
        o PSD (sozinho ou somado ao CDS-PP) não obter a maioria absoluta 
        de deputados, que os votos na CDU e os deputados eleitos pela CDU contribuem 
        sempre para que a direita fique em minoria, que deslocações 
        de eleitores entre a CDU e o PS não alteram em nada o resultado 
        numérico da direita, mas que deslocações do eleitorado 
        do PS para a CDU dão mais força à luta por uma política 
        de esquerda e por uma viragem à esquerda depois das eleições. 
       
        IV 
        Principais linhas  
        de orientação para a campanha 
      1. Tendo em conta o quadro político em que se vão 
        realizar as eleições legislativas e tendo presente muitas 
        opiniões e contribuições dadas por membros do Partido 
        nas reuniões e debates realizados, o Comité Central do PCP, 
        sem prejuízo de ulteriores desenvolvimentos e ajustes, pronuncia-se 
        por uma forte, empenhada e activa campanha do PCP e da CDU que, centrada 
        no diálogo directo com os trabalhadores e os cidadãos em 
        geral: 
       
        - favoreça um movimento de opinião e uma 
          mobilização de vontades e consciências com vista 
          ao reforço da votação e do número de 
          deputados eleitos pela CDU, desejavelmente no quadro de um resultado 
          global em que, como é indispensável, os partidos de direita 
          fiquem em minoria na Assembleia da República, em que o PS não 
          obtenha uma maioria absoluta e em que, como sinal da ampliação 
          da exigência popular de uma política de esquerda, um significativo 
          número de eleitores de outros partidos (nomeadamente do PS) e 
          bem assim de cidadãos que se têm abstido, optem agora pelo 
          voto na CDU; 
        - afirme o PCP e a CDU como protagonistas eleitorais 
          de propostas, de causas, de valores, de ideais, de convicções 
          e de um projecto político de esquerda claramente distintivos 
          e alternativos tanto em relação à direita como 
          em relação ao PS e bem assim em relação 
          às políticas que, no Governo, o PS e o PSD desenvolveram 
          nos últimos 16 anos; 
        - afirme a CDU como uma força que, em claro 
          contraste com atitude do PS e do PSD de ostensiva resignação, 
          acomodação e fatalismo face ao que é injusto e 
          inaceitável, é portadora de inconformismo, de insubmissão 
          e esperança, e que faz um vivo apelo a todos os cidadãos 
          para que substituam a descrença, a abstenção e 
          o desinteresse pela confiança na força da sua opinião 
          e na eficácia do seu voto;  
        - valorize de forma audaciosa, junto das diversas camadas 
          sociais, o vasto património de propostas, intervenções 
          e acções desenvolvidos pelo PCP e os resultados positivos 
          por si alcançados (com natural destaque para o valioso trabalho 
          dos deputados do PCP) e afirme o PCP como uma força responsável, 
          firme e construtiva que quer e, com um reforçado apoio eleitoral, 
          pode pesar decisivamente na definição de uma nova política 
          e nas soluções políticas e governativas que melhor 
          a garantam; 
        - coloque no centro do debate e do esclarecimento 
          eleitorais, e como motivos prioritários da formação 
          da vontade e opções dos eleitores, os reais problemas 
          dos portugueses e do País, as negativas posições 
          e atitudes assumidas em termos concretos pelo PS, pelo PSD e pelo CDS-PP 
          nos últimos anos e a necessidade e urgência de uma nova 
          política que entre em ruptura com os eixos essenciais da 
          política realizada e defendida pelo PS e pelo PSD. 
       
       
        V 
        Para uma política de esquerda 
      1. O Comité Central do PCP destaca como questão 
        central em debate nas próximas eleições, a natureza 
        e conteúdo da política para o País. E sublinha assim 
        que a mais importante questão a que a próxima eleição 
        deve responder é a de saber se vai continuar uma política 
        de direita, reassumida pelo PS ou retomada pelo PSD, ou se se abre caminho 
        a uma alternativa e uma política de esquerda, pela concretização 
        de um sólido reforço eleitoral do PCP e da CDU. 
        A política de esquerda que o PCP propõe ao povo português 
        (e que será desenvolvida no seu Programa Eleitoral) assume-se em 
        clara ruptura com a continuada política de direita prosseguida 
        nos últimos 16 anos, pelos governos do PSD e do PS. Distingue-se 
        pelo seu firme compromisso para com os trabalhadores, o povo e o País. 
        Distingue-se pelo conteúdo dos seus eixos estruturantes. 
      2. Na explicitação do conteúdo da 
        política de esquerda que defende, o Comité Central do PCP 
        indica um conjunto de grandes objectivos estratégicos, orientadores 
        de um programa para responder aos anseios e aspirações dos 
        portugueses, para responder aos défices e estrangulamentos económicos, 
        sociais e políticos, a que a política de direita conduziu 
        o País. 
       
        · A política de esquerda que o PCP propõe 
          exige uma economia ao serviço do desenvolvimento de Portugal 
          e do bem estar dos portugueses. Uma política que defenda 
          a produção nacional e que, recusando a continuação 
          da privatização e liberalização de serviços, 
          empresas e mercados públicos, defenda um sector público 
          forte, dinâmico e eficiente, valorize e apoie o desenvolvimento 
          das micro, pequenas e médias empresas, do movimento cooperativo. 
          Exige uma política que desencadeie um crescimento económico 
          acelerado e sustentado, liberto das peias do Pacto de Estabilidade e 
          outras imposições externas, na base de um tecido económico 
          de perfil produtivo valorizado, regionalmente equilibrado, e fazendo 
          um uso racional da energia e dos recursos naturais. Exige uma política 
          orçamental diferente, orientada por objectivos de progresso social 
          e de desenvolvimento, de combate a todas as formas de desperdícios 
          e de disciplina rigorosa na concessão de auxílios públicos 
          a interesses privados. 
        · A política de esquerda que o PCP propõe 
          exige a defesa e ampliação dos direitos sociais, o trabalho 
          com direitos e o emprego de qualidade, um decidido combate às 
          desigualdades e a garantia de uma mais justa repartição 
          do rendimento nacional. Exige a revalorização dos 
          salários e das pensões, em particular dos mais degradados; 
          a redução progressiva dos horários de trabalho 
          sem perda de direitos adquiridos; o combate à precariedade e 
          a garantia de condições de higiene e segurança 
          no trabalho; a realização da justiça fiscal, prosseguindo 
          o desagravamento dos impostos sobre os rendimentos do trabalho e da 
          actividade produtiva, tributando os rendimentos e mais valias do capital, 
          promovendo a reforma dos impostos sobre o património mobiliário 
          e imobiliário (imposto sobre a riqueza), e combatendo a especulação 
          financeira, a fraude e a evasão fiscais. Exige a defesa do sistema 
          público e universal de Segurança Social, a recusa dos 
          projectos de plafonamento, o combate à evasão contributiva 
          e o reforço do seu financiamento, a garantia dos direitos adquiridos 
          e em constituição, e a melhoria das prestações 
          sociais. Exige o reforço das medidas de prevenção, 
          tratamento e reinserção social dos toxicodependentes. 
          Exige a concretização do direito das mulheres à 
          igualdade no trabalho e na família, na participação 
          social e política. Exige a defesa dos direitos da maternidade-paternidade. 
          Exige que, em paralelo com a generalização do planeamento 
          familiar e da educação sexual, seja posto termo à 
          penalização legal do aborto clandestino. Exige uma política 
          activa de apoio às comunidades portuguesas e exige uma política 
          de integração das comunidades imigrantes e o combate ao 
          racismo e à xenofobia. 
        · A política de esquerda que o PCP propõe 
          exige um País desenvolvido, equilibrado e saudável, 
          o que significa uma persistente e efectiva resposta às assimetrias 
          regionais, um firme combate às agressões ambientais e 
          a uma decidida opção pelo ordenamento do território. 
          Exige uma política de investimentos públicos e políticas 
          ajustadas ao combate à desertificação económica 
          e humana do interior e do mundo rural, ao desordenamento do litoral 
          e às aglomerações urbanas sem qualidade de vida. 
          Impõe a descentralização administrativa e o relançamento 
          do processo de regionalização. Exige o envolvimento e 
          direcção do Estado e da Administração Central 
          numa responsabilidade partilhada pelos cidadãos, autarquias, 
          entidades públicas e privadas, na defesa e preservação 
          do ambiente e dos recursos naturais, na racional ordenação 
          e ocupação do território nacional. 
        · A política de esquerda que o PCP propõe 
          exige a defesa, renovação e reforço dos sistemas 
          públicos para a saúde e a educação, a promoção 
          da cultura e da ciência. Exige a defesa e melhoria do Serviço 
          Nacional de Saúde, na base da regionalização e 
          autonomia, da gestão democrática e mais eficiente das 
          suas unidades, de um novo sistema de financiamento, e a separação 
          clara do que é público e do que é privado. Exige 
          respostas prioritárias às carências de médicos 
          de família, enfermeiros e outros técnicos de saúde, 
          na qualidade e humanização dos serviços, na valorização 
          dos cuidados primários, na resolução das listas 
          de espera, na redução dos custos dos medicamentos e promoção 
          dos direitos dos utentes. Exige, em todos os níveis de ensino, 
          a defesa e aperfeiçoamento de uma escola pública gratuita, 
          democratizada e de qualidade, um decidido esforço financeiro 
          de revalorização da acção educativa e recuperação 
          de atrasos estruturais. Exige a generalização da educação 
          física e a democratização do desporto. Exige a 
          assunção plena do Estado, com a participação 
          activa da comunidade científica, na promoção das 
          actividades de I&DE e enriquecimento do sistema científico 
          nacional. Exige a resposta à sociedade de informação 
          e uma política cultural que salvaguarde o património e 
          a identidade do País, projecte e valorize a cultura portuguesa 
          no mundo, coloque o progresso cultural do povo e da sociedade como vector 
          estratégico do desenvolvimento do País. 
        · A política de esquerda que o PCP propõe 
          exige a defesa e aprofundamento do regime democrático, uma justiça 
          célere e de acesso fácil, a credibilização 
          das funções políticas e instituições 
          públicas, a reforma democrática do Estado e da Administração 
          Pública. Exige um melhor Estado, mais eficiente, aberto e 
          próximo dos cidadãos, empenhado em eliminar a corrupção, 
          o tráfico de influências e as imposições 
          dos grupos económicos, credibilizando a vida pública, 
          a actividade política e o exercício da função 
          pública. Exige descentralizar, regionalizar, desburocratizar 
          e desenvolver serviços públicos de qualidade, promover 
          os direitos dos utentes e valorizar os trabalhadores da administração 
          pública. Exige reconhecer e fortalecer o papel insubstituível 
          das freguesias e municípios. Exige atribuir às áreas 
          metropolitanas poderes e meios efectivos. Exige medidas visando reforçar 
          a tranquilidade e segurança das populações, o combate 
          resoluto ao crime organizado e ao tráfico de droga. Exige, no 
          respeito pelo princípio da separação e interdependência 
          dos órgãos de soberania, reforçar os poderes e 
          o papel fiscalizador da Assembleia da República. Exige a frontal 
          rejeição de alterações de sentido antidemocrático 
          às leis eleitorais para a Assembleia da República e para 
          as autarquias. Exige o respeito exemplar das liberdades e direitos dos 
          cidadãos, incluindo o direito à greve, de acção 
          sindical e política na empresa. Exige a promoção 
          e valorização das diferentes formas de associativismo, 
          da democracia participativa e a valorização da cidadania 
          activa como contribuições essenciais para o reforço 
          da intervenção dos portugueses na vida nacional. 
        · A política de esquerda que o PCP propõe 
          exige um corajoso combate pela paz e cooperação no mundo 
          e uma União Europeia de Estados soberanos e iguais em direitos. 
          Exige uma política patriótica e nacional que assuma a 
          independência e a soberania como valores inalienáveis. 
          Exige uma política activa de e pelo respeito da Carta da ONU 
          e da legalidade internacional, contrariando ingerências e doutrinas 
          que tentem subordinar países e povos, e/ou o condicionar as organizações 
          internacionais aos interesses e ditames dos EUA e de outras grandes 
          potências. Exige a luta pelo desarmamento e pela dissolução 
          da NATO e o compromisso, numa política coerente, de combate ao 
          subdesenvolvimento e por um mundo de cooperação, pacífico 
          e solidário. Exige um empenhado esforço na conquista de 
          um novo rumo para a União Europeia, que concretize os princípios 
          da "coesão económica e social" e da "igualização 
          no progresso das condições de vida e de trabalho" 
          inscritos nos Tratados, no respeito pela igualdade de direitos dos Estados 
          que a compõem, recusando a via federalista, a redução 
          de poderes e papel dos países mais pequenos, e a lógica 
          de bloco político-militar. 
       
      3. Sublinhando que as campanhas eleitorais não se 
        destinam a servir de cenário para negociações entre 
        partidos através da comunicação social, mas a propiciar 
        aos cidadãos um confronto democrático de diversas propostas 
        e projectos, em que sobretudo cada partido dialoga directamente com os 
        eleitores, procurando obter a sua confiança e adesão para 
        as suas propostas, o Comité Central do PCP salienta a enorme importância 
        de a campanha eleitoral do PCP procurar ganhar mais e mais portugueses 
        para a justeza e correspondência com as necessidades nacionais dos 
        grandes eixos que propõe para uma nova política.  
      4. O Comité Central reafirma que o PCP, em coerência 
        com o seu projecto político e numa atitude completamente diferente 
        da muitas vezes praticada no passado pelo PS, e agora novamente admitida 
        pelo PS para o futuro, rejeita qualquer possibilidade de entendimentos 
        ou alianças de incidência política geral com o PSD 
        e com o CDS-PP, e que não será força de apoio à 
        política de direita, seja ela praticada pelo PSD ou praticada pelo 
        PS. 
        Entretanto, o Comité Central manifesta a disponibilidade do 
        PCP para, na sequência de resultados eleitorais globais que 
        exprimam a manutenção da direita em minoria na Assembleia 
        da República, examinar com as outras forças democráticas 
        as possibilidades de definição de uma política de 
        esquerda (que signifique uma ruptura com a política até 
        aqui seguida) e de concretização de uma solução 
        governativa em condições de a respeitar, garantir e aplicar. 
        O Comité Central do PCP sublinha, porém, que é da 
        vontade, opções e votos dos portugueses que depende uma 
        evolução positiva da vida política nacional após 
        17 de Março, e que só o reforço eleitoral da CDU 
        assegurará um sinal claro de rejeição da política 
        injusta e desgastada que há anos demais o PSD e o PS impõem 
        ao País, e poderá testemunhar uma forte vontade de mudança. 
       
        VI 
        Com uma confiança 
        sustentada no trabalho e na acção  
      1. O Comité Central do PCP apela a todo o Partido 
        para que se empenhe na construção e desenvolvimento de uma 
        campanha eleitoral marcada por um intenso esforço de proximidade 
        e contacto directo com os eleitores que permita pelo esclarecimento e 
        convencimento afastar as velhas e recorrentes mistificações, 
        afirmar o valor distintivo das nossas propostas e projecto e apresentar 
        o apoio e voto na CDU como condição indispensável 
        para dar força à exigência de uma nova política 
        para Portugal. 
      2. A realização do Encontro Nacional do 
        PCP sobre as eleições legislativas no próximo dia 
        27, concebido como um momento de uma ampla participação 
        e debate sobre as principais linhas de orientação política 
        e eleitoral, marca de forma mais decisiva o inicio de uma muito exigente 
        batalha que envolverá o melhor do esforço e dedicação 
        de milhares de membros de Partido e activistas da CDU. 
      3. O Comité Central do PCP chama a atenção 
        para a urgente necessidade de, a par do trabalho em curso com vista à 
        elaboração das listas de candidatos a apresentar, 
        se proceder em cada região à programação 
        e calendarização de iniciativas que contribuam para 
        a valorização das candidaturas, para a apresentação 
        dos respectivos compromissos eleitorais, para o envolvimento e mobilização 
        de milhares de activistas que a nosso lado intervieram nas últimas 
        eleições autárquicas e para todas as acções 
        de propaganda e esclarecimento indispensáveis para engrossar a 
        corrente dos que vêm no PCP e na CDU uma força necessária 
        e insubstituível para Portugal. 
      4. O Comité Central do PCP chama vivamente a atenção 
        para que variadas forças e interesses estão fortemente empenhados 
        num enfraquecimento eleitoral do PCP e procuram incutir e generalizar 
        a falsa ideia de que esse enfraquecimento seria inevitável. 
        O Comité Central apela a uma forte compreensão e a uma desperta 
        consciência por parte dos membros e simpatizantes do PCP, dos eleitores 
        da CDU, de todos os homens e mulheres vinculados aos ideais de esquerda 
        de que um tal enfraquecimento deixaria mais desprotegidos todos os que 
        têm contado com a solidariedade e o apoio do PCP para as suas lutas 
        e para a defesa das suas aspirações; tornaria mais arrogante 
        e impune a política de direita desenvolvida pelo PS ou pelo PSD 
        e facilitaria o fortalecimento de entendimentos e compromissos entre ambos; 
        tornaria mais pobre, mais pantanosa e mais corrupta a vida política 
        nacional; abriria caminho a ainda mais descaradas agressões ao 
        interesse público, aos direitos sociais e a componentes essenciais 
        do regime democrático-constitucional como as leis eleitorais; e 
        propiciaria um ainda maior domínio dos grupos económicos 
        sobre o poder político e as instituições democráticas. 
      5. Com vista à derrota destas profecias e à 
        afirmação em 17 de Março do reforço da CDU, 
        o Comité Central apela à mais vasta mobilização 
        de energias, capacidades e vontades de todo o colectivo partidário 
        e de todos os cidadãos que, ainda que com diferenças de 
        opinião ou reservas neste ou naquele ponto, reconhecem no PCP uma 
        força indispensável da democracia portuguesa, uma força 
        indispensável à defesa e afirmação dos valores 
        da igualdade, da justiça e do progresso social, uma força 
        de resistência e uma força de construção, uma 
        força com causas, valores e convicções num tempo 
        em que tantos os sacrificam e desprezam, um força construtivamente 
        empenhada em abrir a perspectiva de uma real alternativa de esquerda em 
        Portugal. 
      6. Com uma confiança que se sustente sobretudo no 
        trabalho e na acção dos seus militantes e apoiantes, e pela 
        sua acção constante em defesa dos interesses dos trabalhadores 
        e do povo português, pelo valor e resultados do trabalho na Assembleia 
        da República do seu grupo parlamentar (de novo, nos últimos 
        dois anos, o mais activo e produtivo), pelas causas a que, como mais ninguém, 
        dá voz e projecção na sociedade portuguesa, pela 
        coerência e seriedade com que intervém na vida nacional, 
        pelas propostas fundamentadas e viáveis que apresenta para uma 
        nova política - o PCP estará em condições 
        de travar com êxito o difícil, exigente e crucial desafio 
        das próximas eleições legislativas. 
        
      
      
      
        
        
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