Partido Comunista Português
Pela substituição da Estratégia de Lisboa - Intervenção de Ilda Figueiredo no PE
Terça, 19 Fevereiro 2008

ilda-figueiredo Pela substituição da Estratégia de Lisboa por uma Estratégia Europeia para a Solidariedade e o Desenvolvimento Sustentável, a intervenção de Ilda Figueiredo no Parlamento Europeu exigiu que se rasguem novos horizontes para a Europa, de pleno emprego e sem discriminações, de empregos dignos com direitos, de melhores salários, de coesão económica e social, de adequada protecção e segurança social pública e universal.

 

Estratégia de Lisboa
Intervenção de Ilda Figueiredo no PE 

A realidade confirma que, oito anos após a aprovação da Estratégia de Lisboa, se aprofundaram desigualdades sociais nalguns países, se agravou a pobreza que atinge cerca de 78 milhões de pessoas, das quais cerca de 25 milhões são trabalhadores com baixos salários e trabalho precário. Aliás, a maioria do emprego criado, após 2000, é precário e o trabalho a tempo parcial, não voluntário, atinge especialmente as mulheres, que continuam a ser discriminadas no acesso ao emprego, na formação e progressão nas carreiras e a nível salarial.

O desemprego juvenil atinge taxas duplas do desemprego total, incluindo muitos jovens com formação superior, que não encontram emprego, e muito menos emprego que tenha em conta a sua formação, enquanto cerca de seis milhões de jovens continuam, anualmente, a sair prematuramente da escola, o que também compromete o seu futuro.

Estas são consequências que eram previsíveis, numa estratégia que aprofundou a sua visão neoliberal com a revisão de 2005, que apontou como medidas prioritárias as liberalizações e privatizações de sectores estruturais e de serviços públicos e que insistiu na flexibilidade laboral.

Agora, a situação de pobreza e injustiça social pode ser agravada com a crise financeira iniciada nos EUA, com o preço elevado dos combustíveis fósseis e de alguns bens agrícolas essenciais para a alimentação.

Por isso, é urgente alterar as políticas para prevenir as suas consequências na União Europeia, particularmente nas economias mais frágeis, para evitar agravamentos da situação social e dar resposta aos objectivos propagandeados em 2000, relativamente ao pleno emprego, à sua qualidade, à erradicação da pobreza, ao investimento na educação, na inovação e desenvolvimento.

Por isso, na Resolução que o meu Grupo apresenta, e que eu própria subscrevo, insistimos na necessidade de substituir a dita estratégia de Lisboa por uma Estratégia Europeia para a Solidariedade e o Desenvolvimento Sustentável, que rasgue novos horizontes para a Europa, horizontes de pleno emprego e sem discriminações, de empregos dignos com direitos, de melhores salários, de coesão económica e social, de adequada protecção e segurança social pública e universal, assegurando melhor qualidade de vida e maior justiça social, apostando na solidariedade entre Estados, com maior orçamento para reforço dos meios financeiros necessários para os países com menores níveis de desenvolvimento, que dê prioridade ao investimento produtivo e aos serviços públicos e não à estabilidade dos preços.

Só assim será possível obter maior justiça social.