1. Sob pretexto da realização
ontem, dia 4, dum comício no S. Luís, em Lisboa, grupos pseudo-revolucionários,
nomeadamente o MRPP e os chamados “Comités Ribeiro dos Santos”,
desencadearam com vandalismo violentos distúrbios que motivaram a intervenção
das forças militares do COPCON e militarizadas da PSP.
Independentemente do que se possa pensar da natureza do comício, o
PCP não pode deixar de tomar posição pública contra
este autêntico acto de provocação dos referidos grupos pseudo-revolucionários,
que na prática servem os intentos da reacção contra a ordem
democrática estabelecida e procuram comprometer o processo de democratização
nacional em curso. Trata-se duma acção provocatória contra
o próprio MFA tendente a criar artificialmente um clima de tensão
no País favorável aos inimigos da democracia.
2. Vai sendo tempo de se fazer a radiografia
política e social de tais grupos. A demagogia pseudo-revolucionária,
a cegueira política e um verdadeiro ódio às forças
democráticas que participam no Governo Provisório ou o apoiam
estão por detrás da acção irresponsável desses
grupos.
Completamente alheios ao proletariado — que dizem representar —,
estes aventureiros ultra-esquerdistas iludem alguns jovens estudantes ou trabalhadores
com a sua fraseologia pseudo-revolucionária, dando-lhes uma falsa noção
do carácter do regime actual e uma falsa perspectiva política.
Caracterizar de fascista o regime que, apoiado na força do povo e no
MFA, fez o 25 de Abril e desmantelou a intentona fascista de 28 de Setembro,
pondo-lhe objectivos que não são os seus para semear confusão
entre as massas, provocar situações de confronto violento com
o Movimento das Forças Armadas, tentando quebrar a sua aliança
com o povo, são actos que servem os intentos da reacção.
3. Os grupelhos ultra-esquerdistas, como instrumentos
das forças reaccionárias, não estão tranquilos,
como aqueles a quem servem, com a nova correlação de forças
favorável ao avanço da democracia, resultante do desmantelamento
da intentona fascista de 28 de Setembro. Daí que tais actos de provocação,
em correspondência com insistentes boatos de novas tentativas contra-revolucionárias,
sejam um recurso desesperado contra o desenvolvimento normal do processo democrático.
As forças democráticas e as massas populares, em conjunto com
o MFA, têm de estar vigilantes e responder de maneira apropriada a acções
provocatórias contra a ordem democrática.
O PCP sempre defendeu o direito de reunião desde que não tenha
carácter conspiratório e não infrinja a legalidade democrática.
As responsabilidades colectivas e individuais nos distúrbios e desacatos
levados a cabo pelos aludidos grupelhos de ultra-esquerda devem ser rapidamente
apurados no interesse da defesa do processo democrático actual.
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