A declaração solene feita hoje pelo presidente da República,
general António de Spínola, sobre o reconhecimento do direito
à independência dos povos submetidos ao colonialismo português,
reveste-se de grande alcance histórico, é um novo marco na vida
da nação portuguesa, uma decisão profundamente patriótica
e de transcendente significado nacional e internacional.
A guerra colonial vai finalmente acabar. Muito embora a solução
definitiva do problema colonial seja ainda difícil e complexa, os soldados
portugueses, forçados pelo regime fascista derrubado no 25 de Abril a
participar numa guerra injusta, poderão começar a regressar ao
País. A sangria das riquezas nacionais para custear o prosseguimento
da guerra será estancada. Os povos irmãos das colónias
alcançarão a sua liberdade e irão construir livremente
as suas pátrias.
O reconhecimento do direito dos povos da Guiné-Bissau, Moçambique
e Angola à independência em nada se opõe aos interesses
do povo e da nação portuguesa, antes, pelo contrário, serve
esses interesses e é uma condição fundamental para a verdadeira
independência do nosso país.
Os comunistas portugueses, que sempre defenderam o direito à independência
dos povos irmãos das colónias e que por isso foram cruelmente
perseguidos pela ditadura fascista, sentem neste momento uma profunda alegria
ao verem finalmente reconhecido como política oficial do Estado português
um dos objectivos por que lutaram abnegadamente.
O Partido Comunista Português afirma o seu decidido apoio ao presidente
da República, ao Movimento das Forças Armadas e ao nosso Governo
Provisório para darem realização concreta a esta histórica
decisão.
O Partido Comunista Português exorta os comunistas, a classe operária
e as massas populares a expressarem em poderosas manifestações
o seu regozijo e o seu apoio à decisão de reconhecer o direito
à independência dos povos das colónias.
O direito dos povos das colónias à independência, agora
reconhecido, e o fim da guerra nas colónias é uma vitória
comum do povo português e dos povos da Guiné-Bissau, Angola e Moçambique.
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