Adesão de novos militantes

Bons resultados que é preciso alargar

 

Não é fácil ser comunista neste início do século XXI. Mas olhando para o mundo e para o nosso país, podemos dizer que há razões, as de sempre e novas razões, para ser comunista, para aderir ao PCP, o partido que não se conforma com a injustiça e a exploração inerentes à natureza do capitalismo - sobejamente evidenciada nos nossos dias - e que insere a sua intervenção quotidiana na luta por uma sociedade nova.

A nossa luta é exigente e talvez como em poucos outros momentos encontra, simultaneamente, tão fortes razões e tão fortes contrariedades. E, por isso mesmo, apela profundamente às nossas convicções para prosseguir com persistência, sabendo que temos razão, mas que o êxito, em aspectos essenciais, não só é difícil como pode não estar próximo.

Nestas situações há sempre quem desista, há sempre quem se comprometa em nome do “possível” prescindindo do essencial. Mas é também nestas circunstâncias que mais é necessário um Partido como o PCP, coerente e determinado na luta pelos seus ideais e pelo seu projecto.

E é também nestas situações que se revela a capacidade de atracção de quem não desiste e aponta corajosamente o caminho do futuro. Sujeito a campanhas sucessivas, discriminado nos grandes meios de comunicação social, bombardeado por calúnias e deturpações das suas posições políticas e ideológicas, da sua prática e valores, o PCP segue o seu caminho, consciente das dificuldades, mas olhando sempre para o futuro, com confiança.

No contexto da situação que vivemos é, por todas as razões, justo salientar o importante significado da opção que fazem pelo ideal e projecto comunista aqueles que decidem a sua adesão ao PCP. E de salientar, particularmente pela sua amplitude, o valor da opção que fizeram os cerca de 2 000 novos membros que aderiram ao Partido e à JCP durante o ano passado, tal como mais algumas centenas que já se lhes juntaram durante os primeiros meses deste ano. Não considerando os jovens que aderiram à JCP, cerca de 40% dos novos membros do Partido têm menos de 30 anos.

São números muito significativos que os grandes meios de comunicação social ignoram, afeiçoados como estão a clichés, mas que revelam as enormes potencialidades existentes para novas adesões ao Partido e à JCP. Dão nota também dos muitos milhares de pessoas que se identificam com o PCP e estão dispostos a estabelecer um compromisso mais sólido de participação. Uma realidade a que há que estar atento, de modo a criar condições para um ainda maior fluxo de adesões. Esse é o caminho para assegurar o êxito da campanha dos 2000 novos militantes que o Partido tem em curso, inserida na linha de reforço da organização e intervenção junto da classe operária e dos trabalhadores e centrada nas empresas e nos locais de trabalho, bem como da campanha nacional de recrutamento de 2002 novos militantes que a JCP acabou de decidir e vai concretizar até ao seu Congresso. Uma linha audaciosa de contactos que, a partir do levantamento de dirigentes e delegados sindicais, de membros de comissões de trabalhadores, de intervenientes em várias áreas e sectores do movimento associativo, daqueles que se destacam nas movimentações de massas e de activistas que se revelaram quer na recente batalha das autárquicas quer agora na campanha das eleições legislativas, é essencial neste momento.

Naturalmente que não basta o acto de adesão ao Partido de novos membros para que essa adesão se traduza num real reforço da organização, intervenção e influência do Partido. Para que tal se verifique, é necessário promover a participação dos novos militantes na vida partidária, trabalhar para a sua integração numa organização e num organismo e assegurar a sua responsabilização - que tantas vezes tem permitido reforçar organismos dirigentes -, criar novos organismos e iniciar o trabalho partidário onde antes não existia.

É igualmente necessário promover a sua formação, associando à militância a formação teórica de base e alargando o conhecimento do que é ser membro do Partido, dos seus objectivos e dos seus princípios de funcionamento. De facto, face à ofensiva desagregadora que hoje está em curso, é fundamental que cada membro do Partido conheça quais são os seus direitos, sinta a importância da contribuição com a sua opinião própria e a sua participação na actividade partidária e, simultaneamente, conheça os princípios de funcionamento do Partido, base da organização e da democracia interna, elemento fundamental da agregação dos militantes, do apuramento colectivo de orientações e da eficácia da intervenção.

São novos militantes a integrar o colectivo partidário, a integrar para fortalecer o Partido, a sua organização, a sua capacidade de realização, a sua influência de massas, a sua coesão política e ideológica.

Aos muitos mil que tomaram partido pelo PCP, àqueles que aderiram ao longo de décadas e que querem continuar a ser comunistas, podemos juntar muitos mais, todos militantes de um partido – o PCP – que, firme e determinado, procura dar resposta às gritantes contradições do mundo em que vivemos, aprofunda a sua ligação aos trabalhadores, à juventude, ao povo, protagoniza a luta por um Portugal mais justo e mais desenvolvido e luta por uma sociedade livre da exploração e da opressão capitalistas.

Precisamos de um partido mais forte e mais influente e vamos trabalhar para isso recrutando novos militantes, concretizando outras medidas e orientações. Após as eleições de 17 de Março, as terceiras eleições nacionais em pouco mais de um ano que, no seu conjunto, exigiram uma concentração de atenções que dificultou a adopção de medidas necessárias à concretização de orientações fundamentais definidas, é necessário envolver o maior número possível de membros do Partido com a sua opinião e arrancar com uma nova e decisiva etapa de concretização das orientações do XVI Congresso. Uma acção a lançar com todos os que verdadeiramente queiram contribuir para um PCP mais forte e mais influente, um partido com a sua natureza de classe e identidade própria, o partido que os trabalhadores, o povo português e Portugal precisam.

 

«O Militante» - N.º 257 - Março/ Abril de 2002