Poesia |
![]() Goya - Desastres da Guerra |
GENERAL, O TEU TANQUE É UM CARRO FORTE Arrasa um bosque e esmaga centos de homens. Mas tem um defeito: Precisa de um condutor. General, o teu bombardeiro é forte. Voa mais rápido que uma tempestade e carrega mais que um elefante. Mas tem um defeito: Precisa de um mecânico. General, o homem é muito hábil. Sabe voar e sabe matar. Mas tem um defeito: Sabe pensar. |
O FÜRER CONTAR-VOS-À: A GUERRA Dura quatro semanas. Quando vier o Outono O Outono virá e passará E virá de novo e passará muitas vezes, e vós Não tereis voltado. O pintador contar-vos-à: as máquinas Farão isto por nós. Muito poucos Terão de morrer. Mas Vós morrereis às centenas de milhares, tantos Quantos nunca se viram morrer. Quando eu ouvir que estais no Cabo Norte E na Índia e no Transval, saberei apenas Onde um dia se poderão achar as vossas covas. |
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QUANDO TOCA A MARCHAR, SE SE REPARTIREM OS A GUERRA QUE AÍ VEM |
In Poemas e Canções,
Bertolt Brecht, selecção
e versão portuguesa de Paulo Quintela, Livraria Almedina, Coimbra,
1975 |
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Manhã de Junho Talvez, talvez sejam os últimos dias. Se for assim, são um esplendor. Apesar dos aviões da Nato despejarem bombas e bombas no Kosovo, a perfeição mora neste muro branco onde o escarlate da flor da buganvília sobe ao encontro da luz fresca da manhã de junho. A beleza (não há outra palavra para dizê-lo), desta manhã é terrível: persiste, domina apesar dos aviões, mesmo com bombas a cair e crianças a morrer.
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Guerra
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«O Militante» - N.º 255 - Novembro/Dezembro 2001