Tomar partido - aderir ao PCP



O Comité Central decidiu na sua reunião de 20 e 21 de Abril promover uma campanha de recrutamento de 2000 novos membros para o Partido, até 1 de Maio de 2002, centrada nas empresas e locais de trabalho. Esta campanha, para além dos seus objectivos específicos, chama a atenção para a importância do recrutamento em geral, para a adesão de novos membros, para o significado de tomar partido pelo Partido Comunista Português.
A opção de aderir ao PCP tem um elevado significado para o Partido e para cada pessoa que a assume. Para o PCP, porque cada novo membro traz a sua experiência, os seus conhecimentos, a sua ligação e influência no meio onde actua, a sua militância, que se acrescenta ao colectivo partidário, enriquecendo-o, fortalecendo-o e podendo contribuir para o seu rejuvenescimento. E para cada um que opta por ser membro do PCP, a adesão aos seus princípios, valores e objectivos é uma opção de consciência por valores que são fundamentais para os trabalhadores, o povo e o país, pelos quais vale a pena lutar.

O Comité Central lançou a Campanha de 2000 novos membros, inserida na orientação e medidas para o reforço da organização e intervenção junto da classe operária e dos trabalhadores, designadamente tendo em vista garantir trabalho organizado do Partido nas empresas e locais de trabalho com mais de mil trabalhadores e/ou de importância estratégica, com um plano de acção que integre esse reforço orgânico, com o reforço da intervenção política e da luta de massas.

Mas porquê uma campanha de adesões se o recrutamento e a adesão de novos membros deve ser um acontecimento natural, estar integrado na acção regular do Partido e decorrer de uma preocupação constante de cada militante?

A questão é que esta preocupação muitas vezes não existe, em outros casos a acção partidária nas empresas é muito débil e em algumas não há mesmo trabalho organizado do Partido. Por tudo isto, uma grande acção de recrutamento é uma das componentes mais fortes das medidas necessárias para garantir o êxito dos objectivos a que nos propusemos.

É uma daquelas situações em que nem sequer se põe a falsa dicotomia “vamos primeiro organizar os que temos e depois pensamos em recrutar novos camaradas”, porque em muitos sítios não há qualquer membro do Partido. Estamos perante uma tarefa de grande importância e urgência que se coloca a cada militante, que implica olhar à volta de cada um de nós e localizar quem vamos abordar para aderir ao Partido, ou quem vamos acompanhar com esse objectivo.

As possibilidades são imensas e isso mesmo é comprovado pelo elevado número de adesões que se têm verificado, com uma componente muito significativa de jovens. Não se trata de uma campanha de adesões para conseguir meros objectivos estatísticos, queremos a adesão de novos membros que sejam activos (no quadro de disponibilidades que são muito diferenciadas), que contribuam para uma ligação e conhecimento pelo Partido da realidade de muitas empresas e locais de trabalho e que intervenham aí, de acordo com as condições existentes, para a concretização das orientações decididas. Mas esta preocupação de contribuir o mais possível para o recrutamento de membros do Partido activos, não pode ser confundida com exigências desmedidas para a adesão de novos militantes que só poderiam conduzir ao entrave do reforço da organização partidária.

Não temos dificuldade de encontrar a quem nos dirigir para uma abordagem directa no sentido da adesão ao Partido, ou inicialmente, para conseguir trabalhadores que mostrem disponibilidade para ter trabalho com o Partido mesmo que não queiram de imediato ser militantes. Devemos considerar os colegas de trabalho, os trabalhadores que conhecemos de outras empresas ou locais de trabalho, os jovens que estão a acabar os seus cursos e vão começar a trabalhar, os trabalhadores que mais se destacam na luta, os que revelam maior consciência de classe e que são essenciais para o Partido. Entre todos devem merecer particular atenção os milhares de dirigentes sindicais, membros de Comissões Sindicais e outros delegados sindicais, membros de Comissões de trabalhadores, de Sub-CTs e de outros órgãos representativos dos trabalhadores, que não são membros do Partido e que trabalham com os comunistas no esclarecimento, mobilização e reforço da organização e luta dos trabalhadores.

Certamente que há trabalhadores que tomam a iniciativa de aderir ao Partido, e muitos o têm feito, no entanto sem uma vasta iniciativa de contacto, a partir das organizações e organismos partidários e da iniciativa individual dos militantes não é possível aproveitar as boas condições existentes para uma vasta adesão ao Partido e um significativo avanço da organização e intervenção partidária nas empresas e locais de trabalho.

Num outro plano a preparação das eleições autárquicas que se realizam no final do ano, os milhares de contactos que a formação das listas exige e permite, o trabalho de massas, são também boas oportunidades para reforçar a organização partidária e para trazer ao Partido muitos novos militantes.

A campanha de recrutamento virada para as empresas e locais de trabalho e a acção geral de recrutamento não podem ser entendidas apenas com o objectivo da adesão ao Partido, é necessário que esteja associada uma informação prévia a cada pessoa que se aborda sobre o que é o PCP e o que significa ser membro do Partido. Nesse sentido é necessário que lhe seja fornecido o Programa e os Estatutos (como os próprios Estatutos referem) e entregue a Resolução Política do XVI Congresso e que se explicitem quais as condições para se ser membro do Partido e quais os deveres básicos que são inerentes a essa condição.

Combater ideias feitas, esclarecer que aderir ao PCP não é perder a liberdade de pensamento, a reflexão própria, mas sim associar esse pensamento e reflexão ao de outros que com ele se identificam para dar eficácia a esse pensamento e reflexão, para dar mais força e capacidade de intervir sobre a realidade e transformá-la, mas sublinhar também que ser membro do PCP, não é ser membro de uma qualquer colectividade, significa assumir os compromissos decorrentes dos princípios de funcionamento do Partido.

É também fundamental que à campanha de recrutamento se siga uma campanha de integração de cada novo membro do Partido na vida partidária. A fixação do valor da quota com a importância que tem para um partido que deve assegurar o seu auto-financiamento, o esclarecimento de que o pagamento da quota é em primeiro lugar uma responsabilidade do militante, a definição da forma como a quota deve ser paga regularmente. O apuramento da disponibilidade de cada camarada e qual a tarefa que se propõe fazer, o organismo em que participará e a organização onde fica integrado com indicação das reuniões respectivas, a importância da actualização dos respectivos dados particularmente quando muda de local de trabalho ou de morada são aspectos que não devem deixar de ser referidos.

O reforço da organização e intervenção do partido nas empresas e locais de trabalho, da sua influência na classe operária e no conjunto dos trabalhadores, o seu reforço e intervenção geral depende muito da capacidade de trazer ao Partido muitos novos militantes e de os integrar no grande colectivo partidário que é o PCP.

«O Militante» - N.º 253 - Julho/Agosto 2001