Notas
(1) Manifesto
do Partido Comunista: um dos mais significativos documentos programáticos
do comunismo fundado em bases científicas, que contém uma exposição coerente
das bases da grande doutrina de Marx e Engels. «Esta obra expõe, com uma clareza
e um vigor geniais, a nova concepção do mundo, o materialismo consequente aplicado
também ao domínio da vida social, a dialéctica como a doutrina mais vasta e
mais profunda do desenvolvimento, a teoria da luta de classes e do papel revolucionário
histórico universal do proletariado, criador de uma sociedade nova, a sociedade
comunista.» (Ver Obras Escolhidas de V. I. Lénine em três tomos, Edições
«Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, 1977, t. 1, p. 5.)
O Manifesto do Partido Comunista armou o proletariado com a demonstração
científica da inevitabilidade do derrube do capitalismo e da vitória da revolução
proletária, definiu as tarefas e objectivos do movimento proletário revolucionário.
O Manifesto do Partido Comunista foi elaborado por Marx e Engels como
programa da Liga dos Comunistas por decisão do seu II Congresso realizado em
Londres entre 29 de Novembro e 8 de Dezembro de 1847. Representava o triunfo
dos defensores da nova linha proletária no quadro das discussões havidas no
interior do movimento.
No âmbito deste debate Engels havia elaborado já um projecto de Profissão
de Fé Comunista (ver Grundsätze des Kommunismus, MEW, vol.
4, pp. 361-380; cf. Princípios Básicos do Comunismo, in OE, 1982,
t. I, pp. 76-94) segundo a forma de «catecismo» ao tempo utilizada com frequência
em documentos de diferentes organizações operárias e progressistas.
No entanto, Marx e Engels rapidamente chegaram à conclusão de que a forma de
«manifesto» seria a mais adequada à nova fase e aos objectivos da luta (ver
Engels, carta a Marx de 23-24 de Novembro de 1847, MEW, vol. 27, p. 107).
Ainda em Londres e depois em Bruxelas, Marx e Engels trabalharam juntos na redacção
do texto. Tendo Engels partido para Paris em finais de Dezembro, a versão definitiva
foi elaborada por Marx fundamentalmente durante o mês de Janeiro de 1848 e remetida
finalmente para Londres, onde viria a ser publicada pela primeira vez em fins
de Fevereiro do mesmo ano. O manuscrito não chegou até nós. Apenas se dispõe
de um esboço de plano para a secção III e de uma página do rascunho (ver a presente
edição, pp. 77-79). A presente edição inclui, para além do próprio Manifesto
os prefácios às edições de 1872, 1882, 1883, 1888, 1890, 1892 e 1893.
(2) Esta edição da iniciativa da redacção do Volksstaat
(O Estado Popular) apresentava como título (bem como as subsequentes
edições alemãs de 1883 e 1890): Das Kommunistische Manifest (O Manifesto
Comunista).
(3) Liga dos Comunistas: a primeira organização
comunista internacional do proletariado em cuja criação Marx e Engels tiveram
um papel destacado; existiu de 1847 a 1852. Ver o artigo de F. Engels, «Zur
Geschichte des Bundes der Kommunisten», MEW, vol. 21, Berlim,1962, pp.
206-214 (cf. F. Engels, «Para a história da Liga dos Comunistas», in OE,
1985, t. III, pp. 192-212).
(4) Trata-se da revolução de Fevereiro em 1848 em
França.
(5) A primeira tradução inglesa do Manifesto,
de Helen Macfarlane, apareceu em Novembro de 1850, abreviada, nos números 21-24
do semanário cartista The Red Republican (O Republicano Vermelho),
publicado em Londres, por George Julian Harney, de Junho a Novembro de 1850.
Tinha por título Manifesto of the German Communist Party (Manifesto
do Partido Comunista Alemão). No preâmbulo editorial de Harney revela-se
pela primeira vez que Marx e Engels são autores do Manifesto. A 30 de Dezembro
de 1871 apareceu em Nova Iorque uma reimpressão da tradução de Helen Macfarlane,
no semanário Woodhull & Claflins Weekly (Semanário de Woodhull
& Claflins).
The Red Republican semanário cartista publicado em Londres por
George Julian Harney de Junho a Novembro de 1850.
Woodhull & Claflins Weekly semanário americano publicado
em Nova Iorque de 1870 a 1876 pelas feministas burguesas Victoria Woodhull e
Tennessee Claflin.
(6) Insurreição de Junho insurreição
dos operários de Paris de 24 a 26 de Junho de 1848 que Engels em 1888 apontou
como «a primeira grande batalha entre o proletariado e a burguesia»; o ministro
da Guerra Cavaignac afogou-a em sangue.
(7) As tentativas de publicação do Manifesto
em francês, em 1848, 1849, 1851 e 1869, fracassaram tanto quanto se conseguiu
apurar até hoje. A edição francesa referida do Manifesto apareceu (incompleta,
na base da reimpressão em Nova Iorque da tradução inglesa de Helen Macfarlane)
no semanário de Nova Iorque Le Socialiste (O Socialista), nos
números 16-26, de Janeiro a 30 de Março de 1872.
Le Socialiste semanário publicado em francês em Nova Iorque desde
Outubro de 1871 a Maio de 1873; de Dezembro de 1871 a Outubro de 1872 foi o
órgão das secções francesas da Federação Norte-Americana da Internacional; apoiou
os elementos burgueses e pequeno-burgueses da Federação Norte-Americana da Internacional.
Depois do Congresso da Haia desligou-se da Internacional.
(8) A nova tradução francesa referida não chegou
a aparecer.
(9) Foi iniciada em Dezembro de 1848 uma primeira
tradução do Manifesto para o polaco; até hoje, contudo, não foi possível
encontrar uma prova bibliográfica do seu aparecimento.
(10) Trata-se da primeira edição russa do Manifesto
do Partido Comunista, publicada, sem página de rosto (sem indicação dos
autores, do tradutor, do lugar e da data de publicação) em 1869 em Genebra.
A tradução, atribuída mais tarde por Marx e Engels a Bakúnine, adulterou numa
série de passagens o conteúdo do Manifesto. Os erros da primeira edição
foram eliminados na edição publicada em Genebra em 1882, traduzida por Gueorgi
Plekhánov. A tradução de Plekhánov deu início a uma ampla difusão das ideias
do Manifesto na Rússia.
(11) Uma primeira tradução dinamarquesa do Manifesto,
de 1848, não pôde até hoje ser verificada.
A única tradução do Manifesto já publicada em 1848 que se descobriu intacta
é a edição sueca Kommunismens Röst Förklaring af det Kommunistiska Partiet
(Estocolmo).
(12) Comuna de Paris de 1871: primeira experiência
de ditadura do proletariado na história, governo revolucionário da classe operária
criada pela revolução proletária em Paris. Durou 72 dias: de 18 de Março a 28
de Maio de 1871.
(13) Esta edição foi publicada em Genebra numa colecção
dirigida por Piotr Lavrov. A tradução é de Plékhanov e não de Vera Zassúlitch
como erroneamente Engels mais tarde referirá.
(14) Trata-se da Tipografia Russa Livre, na qual
foi impresso o jornal democrático-revolucionário Kolokol (O Sino),
editado por A. I. Hertzen e N. P. Ogariov. A tipografia, fundada por Hertzen,
esteve instalada em Londres até 1865; depois foi transferida para Genebra. A
referida edição do Manifesto foi impressa nesta tipografia em 1869. Ver
a nota 10.
(15) Marx e Engels referem-se à situação criada
depois do assassínio do imperador Alexandre II pelos adeptos da Liberdade do
Povo em 1 de Março de 1881, quando Alexandre III, já coroado, não saía de Gátchina
com medo de outros possíveis actos terroristas por parte do Comité Executivo
secreto da organização Liberdade do Povo.
(16) Esta edição foi a primeira que o Partido Social-Democrata
Alemão publicou com uma grande tiragem (10 mil exemplares).
(17) Marx morreu em 14 de Março de 1883.
(18) Esta edição foi publicada em Londres pelo editor
William Reeves. Trata-se da única edição inglesa de que Engels se ocupou pessoalmente.
(19) Processo dos Comunistas em Colónia (4
de Outubro-12 de Novembro de 1852): processo provocatório organizado pelo governo
da Prússia contra onze membros da Liga dos Comunistas. Acusados de alta traição
na base de documentos falsificados e testemunhos falsos, sete deles foram condenados
a prisão numa fortaleza por prazos de 3 a 6 anos. Os vis métodos provocatórios
utilizados pelo Estado policial prussiano contra o movimento operário internacional
foram denunciados por Marx e Engels: ver o artigo de Engels «The Late Trial
at Cologne» («O Recente Julgamento em Colónia») in MEGA, vol. I/11, 1973,
pp. 436-441 (cf. OE, 1982, t. I, pp. 406-412); e o folheto de Marx Enthüllungen
über den Kommunisten-Prozess zu Köln [Revelações sobre o Processo dos
Comunistas de Colónia], MEGA, vol. I/11, pp. 363-422.
(20) A Associação Internacional dos Trabalhadores
(mais tarde conhecida como Primeira Internacional) foi fundada em 28 de Setembro
de 1864 numa reunião pública internacional de operários no St. Martins
Hall de Londres. Nela foi também eleito um Comité provisório, que contava Karl
Marx entre os seus membros. Marx foi depois eleito para a comissão designada
a 5 de Outubro, na primeira sessão do Comité, para redigir os documentos programáticos
da Associação. A 20 de Outubro a comissão encarregou Marx de rever o documento
por ela preparado durante a doença de Marx e redigido no espírito das ideias
de Mazzini e Owen. Em lugar desse documento, Marx escreveu de facto dois textos
inteiramente novos a Inaugural Adress of the Working Mens International
Association (Mensagem Inaugural da Associação Internacional dos Trabalhadores)
(ver MEGA2, vol. I/20, pp. 3-12; cf OE, t. 2, 1983, pp. 5-13)
e os Provisional Rules of the Association (Estatutos Provisórios da
Associação) (ver MEGA2, vol. I/20, pp. 13-15) , que foram aprovados
na sessão da comissão de 27 de Outubro. Em 1 de Novembro de 1864 a Mensagem
e os Estatutos foram ratificados por unanimidade pelo Comité provisório,
que se constituiu em órgão dirigente da Associação. Este órgão, que entrou na
história como Conselho Geral da Internacional, foi predominantemente denominado
Conselho Central até finais de 1866. Karl foi de facto o dirigente do Conselho
Geral. Foi o seu verdadeiro organizador, o seu chefe, o autor de numerosas mensagens,
declarações, resoluções e outros documentos do Conselho.
(21) O Congresso de Haia que decidiu a transferência
do Conselho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores para a América
realizou-se em 1872. A Internacional continuou nos Estados Unidos até ao Congresso
de Filadélfia de 1876. Engels equivoca-se aqui na data; em 1874 Friedrich Sorge
abandonou todavia o cargo de secretário do Conselho Geral.
(22) Ver nota 13.
(23) Engels refere-se ao vol. 1 da Socialistisk
Bibliotek, que retoma a tradução provavelmente de Eduard Wiinblad,
publicada em Janeiro de 1884 no Social-Demokraten de Copenhaga.
(24) Trata-se da tradução de Laura Lafargue publicada
em Le Socialiste, Paris, entre Agosto e Novembro de 1885. Em 1886 esta
tradução é reproduzida, revista, em apêndice ao livro de Gabriel Mermeix, La
France Socialiste. Notes dhistoire contemporaine.
(25) Publicada no semanário El Socialista,
de 11 de Junho a 6 de Agosto de 1886; publicada em livro sob o título de Manifiesto
del Partido Comunista nesse mesmo ano, na Biblioteca de «El Socialista».
A tradução é de José Mesa que já em 1872 em La Emancipación havia publicado
uma versão em parte a partir do francês (segundo uma versão do texto saído em
1872 em Le Socialiste de Nova Iorque, revista por Engels) e em parte
do alemão.
(26) Marx e Engels expuseram esta tese teórica numa
série de trabalhos a partir dos anos 40 do século XIX; ela veio a figurar como
primeiro considerando dos Estatutos da Associação Internacional dos Trabalhadores
nas suas diferentes versões (ver, por exemplo, MEGA vol. I/20, pp. 13
e 236, e vol. I/22, p. 365.
(27) Esta «4.ª edição alemã autorizada» foi publicada
em Londres pela German Cooperative Publishing Co.
(28) A anteceder este «novo prefácio» de Engels,
figuravam os prefácios das edições alemãs de 1872 (de Marx e de Engels) e de
1883 (de Engels).
(29) O original veio entretanto a ser encontrado.
É a partir dele que fazemos a tradução que figura, nesta edição, nas pp. 11-12.
Tomamos aqui por base o texto da «retradução» de Engels.
(30) Trata-se da tradução de Witold Piekarski, publicada
em 1883.
(31) Este prefácio foi escrito por Engels em 1 de
Maio de 1890, no dia em que, por decisão do Congresso de Paris da II Internacional
(Julho de 1889), se realizaram numa série de países da Europa e da América manifestações
de massas, greves e comícios de operários exigindo a jornada de trabalho de
8 horas e o cumprimento de outras decisões do Congresso. A partir de então o
1.o de Maio tornou-se, para os operários de todos os países, o dia de manifestação
combativa das forças revolucionárias e da solidariedade internacional do proletariado.
(32) Trata-se do primeiro Congresso da Associação
Internacional dos Trabalhadores, realizado em Genebra de 3 a 8 de Setembro de
1866.
(33) Trata-se do Congresso Operário Socialista Internacional,
realizado em Paris de 14 a 20 de Junho de 1889.
(34) 1.a edição polaca: Londres, 1848 (ver nota
9); 2.a edição: Genebra, 1883 (ver nota 30); 3.a edição: Londres, 1892.
(35) Polónia do Congresso: designação da
parte da Polónia que passou oficialmente, com o nome de Reino Polaco, para a
Rússia, por decisão do Congresso de Viena de 1814-1815.
(36) Trata-se da insurreição de libertação nacional
polaca de 1863-1864, dirigida contra o jugo da autocracia tsarista. Devido à
inconsequência do partido dos «vermelhos», da pequena nobreza, que perderam
a iniciativa revolucionária, a direcção da insurreição passou para a aristocracia
agrária e a grande burguesia, que aspiravam a um entendimento vantajoso com
o governo tsarista. No Verão de 1864 a insurreição foi impiedosamente esmagada
pelas tropas tsaristas.
(37) Engels incluiu também esta nota na edição alemã
do Manifesto do Partido Comunista de 1890, retirando apenas a última
frase.
(38) Pfahlbürger; Pfahlbürgertum e
Pfahlbürgerschaft: designações sem equivalente linguístico em português:
literalmente, burguês da paliçada; burguesia da paliçada. Durante a Idade Média,
no Norte e Leste da Europa, estas designações aplicavam-se aos moradores de
um espaço compreendido entre os muros do castelo e uma paliçada circundante.
Eram geralmene mercadores. Mediante o pagamento de imposto e obrigações de participação
na defesa, recebiam também protecção da cidade. A determinação precisa do seu
estatuto foi objecto de repetidas controvérsias.
(39) Cruzadas: movimento militar de colonização
dirigido para o Oriente, promovido pelos grandes senhores feudais da Europa
Ocidental, pelos cavaleiros e pelas cidades comerciais italianas nos séculos
XI-XIII, sob a bandeira religiosa da libertação dos santuários cristãos em Jerusalém
e outros «lugares santos», em poder dos muçulmanos. Os ideólogos e inspiradores
das cruzadas foram a Igreja católica e o papado, que aspiravam ao domínio do
mundo; a principal força militar foram os cavaleiros. Participaram nas cruzadas
também os camponeses, que através delas procuravam libertar-se do jugo dos feudais.
As cruzadas foram acompanhadas de pilhagens e violências exercidas tanto sobre
as populações muçulmanas como sobre as populações cristãs dos países por onde
passavam os cruzados. O seu objectivo era a conquista não apenas dos Estados
muçulmanos da Síria, Palestina, Egipto e Túnis, mas também o Império Bizantino
ortodoxo. As conquistas dos cruzados no Mediterrâneo oriental não tinham solidez,
e as possessões por eles obtidas voltaram dentro de pouco tempo às mãos dos
muçulmanos.
(40) Nos seus trabalhos posteriores Marx e Engels
passaram a utilizar, em vez das expressões «valor do trabalho» e «preço do trabalho»,
as expressões mais precisas de «valor da força de trabalho» e «preço da força
de trabalho», introduzidas por Marx. Ver sobre este assunto a introdução de
Engels ao trabalho de Marx Lohnarbeit und Kapital (Trabalho Assalariado
e Capital), MEW, vol. 6, pp. 593-599; cf. OE, 1982, t. I,
pp. 142-150).
(41) A lei sobre a jornada de trabalho de dez horas
(Ten Hours Bill), extensiva apenas a mulheres e adolescentes, foi
aprovada no Parlamento em 8 de Junho de 1847, na sequência de uma forte e longa
polémica em que não deixariam de se defrontar e opor sectores da aristocracia
fundiária e da burguesia industrial. Todavia, na prática, numerosos industriais
não respeitavam esta lei. Sobre esta questão veja-se, por exemplo, Engels, The
Ten Hours Bill Question [A Questão das Dez Horas] e Die
englische Zehnstudenbill [A Lei das Dez Horas Inglesas], MEGA,
vol. I/10, respectivamente, pp. 225-230 e pp. 305-314.
(42) Trata-se do movimento pela reforma eleitoral,
que, sob a pressão das massas populares, foi adoptada pela Câmara dos Comuns
inglesa em 1831 e definitivamente ratificada pela Câmara dos Lordes em Junho
de 1832. A reforma estava voltada contra o monopólio político da aristocracia
agrária e financeira e abriu o acesso ao parlamento de representantes da burguesia
industrial. O proletariado e a pequena burguesia, que constituíam a força principal
da luta pela reforma, foram defraudados pela burguesia liberal e não obtiveram
direitos eleitorais.
(43) Restauração de 1660-1689: período do
segundo reinado da dinastia dos Stuarts na Inglaterra, derrubada pela revolução
burguesa inglesa do século XVII.
Restauração de 1814-1830: período do segundo reinado da dinastia dos
Bourbons em França. O regime reaccionário dos Bourbons, que representava os
interesses da corte e dos clericais, foi derrubado pela revolução de Julho de
1830.
(44) Legitimistas: partidários da dinastia
«legítima» dos Bourbons, derrubada em 1830, que representava os interesses dos
detentores de grandes propriedades fundiárias hereditárias. Na luta contra a
dinastia reinante dos Orleães (1830-1848), que se apoiava na aristocracia financeira
e na grande burguesia, uma parte dos legitimistas recorria frequentemente à
demagogia liberal, apresentando-se como defensores dos trabalhos contra os exploradores
burgueses.
(45) Jovem Inglaterra: grupo de políticos
e literatos pertencentes ao partido dos tories; foi constituído no início
dos anos 40 do século XIX. Exprimindo o descontentamento da aristocracia fundiária
pelo reforço do poder político e económico da burguesia, os membros da Jovem
Inglaterra recorriam a métodos demagógicos para submeter à sua influência a
classe operária e utilizavam-na na sua luta contra a burguesia.
(46) No original inglês squirearchy (equivalente
ao alemão Junkertum): no sentido restrito, latifundiários aristocratas
da Prússia oriental; no sentido lato, classe dos latifundiários alemães.
(47) Lembremos que, para Marx, a filosofia de Kant
(ao qual a expressão «razão prática» manifestamente alude) era considerada como
«a teoria alemã da Revolução Francesa». Cf. Das philosophische Manifest der
historischen Rechtsschule (O Manifesto Filosófico da Escola Histórica
do Direito), 1842. MEGA, vol. I/1, p. 194. Em Die deutsche Ideologie
(A Ideologia Alemã), Marx e Engels chamam a atenção para o facto
de que a Crítica da Razão Prática de Kant reflectia a situação da burguesia
alemã dos finais do século XVIII (MEW, vol. 3, pp. 176-177).
(48) Spießbürger: designação sem equivalente
linguístico em português: literalmente, burgueses de pique (ou lança). A designação
decorre dos piques de madeira que constituíam o armamento das camadas mais baixas
dos habitantes da cidade, entre cujas obrigações se contava a da participação
na defesa do burgo. A expressão veio a adquirir progressivamente uma conotação
pejorativa: pessoa tacanha, filisteu, pequeno-burguês.
(49) Trata-se dos democratas republicanos pequeno-burgueses
e dos socialistas pequeno-burgueses, partidários do jornal francês La Réforme
(A Reforma), publicado em Paris entre 1843 e 1850. Defendiam a instauração
da república e a realização de reformas democráticas e sociais.
(50) Sobre o jornal La Réforme ver a nota
49.
(51) Em Fevereiro de 1846 foi preparada a insurreição
nas terras polacas com vista à libertação nacional da Polónia. Os principais
iniciadores da insurreição foram os democratas revolucionários polacos (Dembowski
e outros). No entanto, em resultado da traição dos elementos da nobreza e da
prisão dos dirigentes da insurreição pela polícia prussiana, a insurreição geral
não se realizou e verificaram-se apenas explosões revolucionárias isoladas.
Só em Cracóvia, submetida desde 1815 ao controlo conjunto da Áustria, da Rússia
e da Prússia, os insurrectos conseguiram alcançar a vitória em 22 de Fevereiro
e criar um Governo Nacional, que publicou um manifesto sobre a abolição das
cargas feudais. A insurreição em Cracóvia foi esmagada no começo de Março de
1846. Em Novembro de 1846 a Áustria, a Prússia e a Rússia subscreveram um tratado
sobre a integração de Cracóvia no Império Austríaco.
(52) Engels ofereceu esta página a Eduard Bernstein
em 1883 como recordação de Marx. Escrita em Dezembro de 1847 ou Janeiro de 1848,
foi publicada em fac-símile em Der wahre Jacob de 17 de Março de 1908.
(53) Como Engels refere em carta a Bernstein de
12 de Junho de 1883 (MEW, vol. 36, p. 36): «As duas primeiras linhas
são ditado, escrito pela senhora Marx.»
(54) Este projecto figura na capa de um caderno
de Marx, datado de Bruxelas, Dezembro de 1847, MEGA (Historisch-kritische
Gesamtausgabe, ed. D. Riazanov, Frankfurt-Berlim-Moscovo, Marx-Engels-Lenin
Institut, 1927-1935, 11 vols.), vol. I/6, p. 650.