Paz para a Palestina


Desde 28 de Setembro passado que levantamento popular não pára nos territórios da Palestina. Desde então, Israel bombardeia e reage militarmente às pedras das crianças e jovens da Intifada e os mortos sobem para mais de 450, dos quais cerca de 350 são palestinianos.
A verdade é que não se trata de um conflito religioso, mas, sim, da ocupação do território palestiniano por Israel que, impunemente, não cumpre as deliberações da ONU.

A deputada do PCP ao Parlamento Europeu (PE) realizou, recentemente, uma visita a três países do Médio-Oriente (Jordânia, Síria e Líbano), integrada numa Delegação oficial do Parlamento Europeu, que lhe permitiu ter um contacto mais directo com alguns dos inúmeros campos dos 3,5 milhões de refugiados palestinianos que vivem nestes países e que, legitimamente, sonham poder regressar, um dia, à sua pátria, ao Estado da Palestina, com todos os direitos de soberania que a ONU já reconheceu, mas que Israel se recusa a admitir, prosseguindo a política de colonatos nos territórios árabes ocupados e a agressão militar permanente.

Durante esta visita, a deputada ao PE do PCP pode constatar as inúmeras dificuldades de um povo que há dezenas de anos sofre as agruras do exílio e as maiores privações económico-sociais que se podem imaginar, com destaque para o campo de refugiados palestinianos de Chatila, no meio das ruínas da parte de Beirute que ainda não foi recuperada da guerra que dilacerou o Líbano durante cerca de 16 anos, onde milhares de crianças sobrevivem tendo como único espaço livre os escombros que permanecem junto ao campo.
Ilda Figueiredo, teve igualmente, oportunidade de visitar a parte dos montes Golan que as tropas da ONU gerem, e observar de longe as aldeias drusas da Síria que Israel mantém ocupadas, separando famílias e impedindo a sua reunificação.

Por todo o lado, foi unânime a crítica à política europeia de seguidismo americano e de dois pesos e duas medidas, o desânimo com as conclusões de Marselha onde decorreu a IV Conferência Ministerial Euromediterrânica, promovida pela presidência francesa da União Europeia, em meados de Novembro, onde se afirmava ser possível criar uma zona de paz e estabilidade baseada no respeito dos direitos humanos e da democracia.

A declaração final, e outras posteriores da União Europeia, demonstram a enorme hipocrisia das instituições comunitárias relativamente aos países do Médio Oriente, designadamente quando colocam no mesmo plano o agressor (Israel) e o agredido (Palestina).

Assim, os eurodeputados do PCP exigem que a União Europeia assuma as suas responsabilidades e tome uma posição clara de condenação da agressão de Israel, que exija o cumprimento das deliberações da ONU com respeito dos direitos do povo palestiniano, condição indispensável à paz para a Palestina e para todo o Médio Oriente.


Portugal e a CE - Nš 37 - Abril de 2001