Perguntas e Respostas

15. A mundialização não impõe progressivos abandonos de soberania?
O Euro não é uma vantagem nesse processo?


A internacionalização crescente das trocas é um facto. Será estúpido negá-lo. Mas esta mundialização tanto pode ser a melhor como a pior das coisas. Ela permite trocas muito mais rápidas das informações através do planeta mas, sem partilha dos saberes e das fontes de informação, pode alimentar um terrível poder de dominação. Ela permite a circulação dos homens através do mundo mas, sem garantias sociais e sem direitos de cidadania suficientes, reduz-se a uma mobilidade e a migrações humanas guiadas somente pelos desequilíbrios económicos. Ela permite pôr em comum inteligências e riquezas, a partilha dos custos de investigação, mas sem apropriação pública (sem a sua transformação em valores públicos), facilita igualmente a apropriação pelas potências financeiras de todas estas possibilidades de progresso.

Até hoje, a inserção de Portugal e da União Europeia nesta mundialização tem significado a fragilização económica do País, dificuldades acrescidas para a grande maioria dos trabalhadores e camadas laboriosas, e evidentes benefícios para o grande capital nacional e estrangeiro a operar no País. Aceitar esta mundialização é aceitar como regra de jogo a lei do mais forte. É colaborar para que Portugal seja o mexilhão dos choques e guerras económicos entre as grandes potências do planeta.

O Euro será uma vantagem para as potências económicas dominantes da União Europeia e, em particular, a Alemanha. Para Portugal será um novo instrumento de destruição do seu tecido produtivo, de desertificação e empobrecimento da grande maioria das regiões do País, resultado inevitável do prosseguir uma divisão de trabalho que lhe é desfavorável e uma acrescida sujeição e domínio político e económico.

Sofrendo as consequências da guerra económica, Portugal não deve ser cúmplice de estratégias e processos gravemente atentatórios dos seus interesses e dignidade de País independente e soberano.

A construção Europeia poderia efectivamente ser um trunfo, na condição de inverter as prioridades. Servindo para pôr em comum e para o desenvolvimento das potencialidades de cada país. Começando, neste sentido, por limitar a guerra económica entre países da Europa, onde precisamente o processo da moeda única coloca em concorrência feroz os povos do continente. Utilizando também a força que dá a união de vários países para fazer recuar o liberalismo ao nível internacional, de preferência a utilizar, como acontece hoje, esta força para transformar o continente Europeu num vasto campo de desregulamentações, liberalizações e privatizações, contra os interesses dos trabalhadores e dos povos.

Para impor tais progressos, partilhas de poder, de tecnologias, de informação, e acordos económicos, sociais e políticos, são necessários entre países. Mas eles devem ser livremente consentidos.

Eles não podem significar abandonos de soberania, e não podem opor-se ao direito de cada um dos países envolvidos decidir a todo o momento sobre os seus compromissos internacionais. Este processo de pôr em comum não tem nada a ver com a diluição das instituições nacionais, que garantirá, segundo alguns, a chegada do melhor dos mundos, o mundo do mercado e da moeda única.