Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Abril é mais futuro

Aproxima-se a comemoração do 48.º aniversário da Revolução de Abril. O PCP reafirma o seu apelo para que todos os que se identificam com as conquistas, direitos e valores do 25 de Abril que a Constituição da República aprovada em 1976 consagrou, se associem e participem nas comemorações populares que, um pouco por todo o País, estão em preparação e terão lugar.

As comemorações populares do 48.º aniversário da Revolução de Abril, constituem um importante momento de afirmação da luta dos trabalhadores e do povo português, pela liberdade e a democracia, contra a ditadura fascista e, simultaneamente, de exigência de uma política e de um rumo que responda aos problemas do País e às aspirações dos trabalhadores, dos jovens e do povo português.

A afirmação do que a Revolução de Abril representou enquanto processo de transformação social e do papel do PCP na criação das condições para que fosse uma realidade, assumem uma particular importância na reposição da verdade contra a mentira e na afirmação dos valores de Abril como elemento essencial para a resposta aos problemas actuais e no caminho de um Portugal desenvolvido e soberano.

A Revolução de Abril foi uma revolução libertadora, com profundas transformações na vida nacional traduzidas em inapagáveis avanços e conquistas que hoje perduram como valores e referências para a construção de um Portugal democrático, desenvolvido e soberano. Uma revolução que enfrenta um longo percurso contra-revolucionário e a permanente tentativa de falsificação do que representou.

A Revolução de Abril foi uma ruptura com o regime fascista, determinada pela acção dos militares do MFA a que se seguiu a acção das massas populares que eliminou a estrutura sócio-económica em que assentava a ditadura fascista.

A Revolução de Abril não foi o processo de transição entre “regimes” a que os seus detractores a quiseram e querem reduzir. Foi assim quando em 2004, por ocasião dos 30 anos da Revolução de Abril, o Governo PSD/CDS, procurou nas comemorações oficiais da Revolução de Abril remete-la para uma mera “Evolução”.

E assim prossegue, hoje, quando se pretende lançar as comemorações oficiais dos 50 anos da Revolução de Abril em 23 de Março de 2022 associando essa data a um simbolismo entre a duração do anterior e actual “regime”, procurando, ainda que disfarçadamente, esvaziar a revolução de 1974 do que ela constituiu de profundas transformações democráticas.

Quando se salienta que passam já mais anos desde o 25 de Abril de 1974, do que o tempo que durou o regime fascista, assinala-se hoje uma realidade que se contrapõe aos tempos negros do fascismo. Mas importa sublinhar que se a realidade de Portugal hoje, continua a ter a marca da Revolução de Abril, de muitas das suas conquistas, que o grande capital ainda não conseguiu destruir, tem também a marca do processo contra-revolucionário e dos graves problemas que gerou.

A situação que vivemos interpela os trabalhadores e povo português. Convoca para as comemorações de Abril, mobiliza para que se apliquem na vida os direitos inscritos na Constituição da República Portuguesa, exige que se cumpra o seu projecto e coloca a necessidade dos valores de Abril como elemento central do futuro que Portugal precisa.

Como Álvaro Cunhal sublinhou “o 25 de Abril que comemoramos não é um mero acontecimento passado que lembremos, mas um grande feito histórico que mantém marcas profundas na vida presente e contém experiências e valores indispensáveis para o futuro de Portugal”.

O PCP terá a sua intervenção própria nas comemorações sob o lema «Abril é mais Futuro». Numa situação em que estão presentes elementos de intensificação de exploração, de empobrecimento, de ataque a direitos e a serviços públicos, de desigualdades, injustiças e discriminações, de branqueamento do fascismo, de promoção de concepções retrógradas e reaccionárias, de condicionamento das liberdades e ameaças à paz, o PCP apela aos democratas e patriotas, aos trabalhadores, aos jovens e ao povo para que façam das comemorações uma afirmação dos valores de Abril e de exigência de um Portugal desenvolvido e soberano, num mundo de paz, cooperação e amizade entre os povos.

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