Nota do Secretariado do Comité Central do PCP

Faleceu Ruben de Carvalho

Faleceu Ruben de Carvalho

É com profundo pesar que o Secretariado do Comité Central do PCP informa que Ruben de Carvalho faleceu hoje, com 74 anos, em consequência de problemas de saúde que exigiram internamento hospitalar.

Intelectual comunista, assumiu uma intervenção destacada na actividade do Partido, tendo desempenhado importantes tarefas, cargos e responsabilidades. Ruben de Carvalho teve uma vida de intervenção e de luta na resistência antifascista, no movimento associativo estudantil, abraçou com intensidade a Revolução de Abril e defendeu os seus valores e conquistas. Destacou-se no jornalismo, na imprensa e na rádio. Deixou à sociedade portuguesa um contributo de grande relevo no conhecimento da música, na sua dimensão artística, cultural e social, no plano nacional e internacional, das suas raízes populares à sua dimensão erudita.

Membro do Comité Central do Partido Comunista Português e do Executivo da Comissão Nacional da Festa do «Avante!», Ruben de Carvalho nasceu em Lisboa em 21 Julho de 1944.

Ruben de Carvalho aderiu ao Partido Comunista Português em 1970. Foi funcionário do Partido entre 1974 e 1997. Era membro do Comité Central desde 1979. Foi Membro da Comissão Executiva Nacional de 1990 a 1992 e do Conselho Nacional de 1992 a 1996. Foi Chefe de Redacção do «Avante!», órgão central do PCP, entre 1974 e 1995. Era membro do Executivo da Comissão Nacional da Festa do «Avante!» desde a 1.ª edição, em 1976, tendo assumido uma intervenção destacada na sua programação cultural, em particular na concepção e organização dos seus espectáculos musicais.

Desde muito jovem teve intervenção activa na luta antifascista. Enquanto estudante integrou, em 1960, a Direcção da Comissão Pró-Associação dos Estudantes do Ensino Liceal e da Comissão Nacional do Dia do Estudante (de 1961 a 1964). Já estudante do Ensino Superior participou na luta académica em 1962. Em 1963 integrou a Direccão da Comissão Pró-Associação de Estudantes da Faculdade de Letras de Lisboa e no ano lectivo de 1964/1965 foi membro da Reunião Inter-Associações (RIA), sendo o responsável pelo Departamento de Informação.

Esta activa intervenção no movimento estudantil levou a perseguições constantes, por parte da polícia do regime fascista – PIDE – e às prisões fascistas de Caxias e do Aljube. Foi preso em 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965/1966 e de novo em 7 de Abril de 1974.

Ruben de Carvalho foi membro das «comissões juvenis de apoio» à candidatura do General Humberto Delgado (1958). Foi activista da Oposição Democrática nas «eleições» para a Assembleia Nacional de 1961, 1965 e 1973, tendo nestas últimas integrado a Comissão Central da CDE (Comissão Democrática Eleitoral).

Após o 25 de Abril de 1974, foi da Direcção Nacional do Movimento Democrático Português – Comissão Democrática Eleitoral (MDP/CDE) em 1974, e chefe de gabinete do Ministro Sem Pasta, Prof. Francisco Pereira de Moura, no I Governo Provisório.

Foi repórter e redactor coordenador de «O Século» em 1963 e editor-paginador em 1971. Chefe de redacção da «Vida Mundial» em 1967. Teve colaborações em numerosas publicações: «Seara Nova», «Notícias da Amadora», «O Diário», «Diário de Lisboa», «Século Ilustrado», «Contraste», «JL», «O Militante», «Politika», «História», «Vida Mundial» (nova série), «A Capital», «Expresso». Foi cronista no «Diário de Notícias» e comentador da SIC Notícias. Dirigiu entre 1986 e 1990 a radio local «Telefonia de Lisboa» na qual produziu e realizou diversos programas. Foi membro do Conselho de Opinião da RTP em 2002. Produzia, desde 2009, o programa «Crónicas da Idade Mídia» e participou no programa «Os Radicais Livres» na Antena 1.

Foi membro da Comissão Executiva das Festas de Lisboa e da Comissão Municipal de Preparação de LISBOA 94 - Capital Europeia da Cultura, Comissário para as áreas de Música Popular e Edições de LISBOA 94 e Director artístico nomeado pela Câmara Municipal de Lisboa do Festival das Músicas e Portos (1999). Membro do Conselho Directivo do Centro Cultural de Belém.

Foi deputado na Assembleia da República, eleito pelo círculo de Setúbal, nas eleições de 1995, vereador da Câmara Municipal de Setúbal, eleito pela CDU, em Dezembro de 1997 e vereador na Câmara Municipal de Lisboa, eleito pela CDU, entre 2005 e 2013. Foi responsável na CML pelo Roteiro do Antifascismo.

Foi membro da Comissão Executiva das comemorações do 25.º Aniversário do 25 de Abril nomeado pelo Presidente da República.

Escreveu os livros «Dossier Carlucci-CIA», «Festas de Lisboa», «As Músicas do Fado», «Seis Canções da Guerra de Espanha», «Um Século de Fado», «Histórias do Fado», organizou o livro póstumo «As Palavras das Cantigas» de José Carlos Ary dos Santos e prefaciou diversas obras, nomeadamente «Nenhum Homem é Estrangeiro» de Joseph North.

Produziu diversos discos e espectáculos, nomeadamente «Uma certa maneira de cantar», «A Internacional», «Pete Seeger em Lisboa», «25 Canções de Abril», «Lisboa Cidade Abril», «Carvalhesa», «Grândolas», entre outros.

Ao longo de toda a sua vida, Ruben de Carvalho empenhou-se na luta, com o seu Partido, pela liberdade e a democracia, por uma sociedade nova liberta da exploração e da opressão, o socialismo e o comunismo.

O Secretariado do Comité Central do Partido Comunista Português, lamenta profundamente o falecimento do camarada Ruben de Carvalho e apresenta as mais sentidas condolências à sua família, em especial à camarada Madalena Santos, sua companheira de vida e luta.

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