Artigo de Ruben de Carvalho no «Diário de Notícias»

«Evidência»

Insistir na defesa de um ponto de vista errado, mesmo quando os factos se encarregam de demonstrar o erro, é um direito que assiste a qualquer pessoa.

Tentar fazer os outros passarem por parvos, já não.

Roça o patético o esforço dos «comentadores» e «estrategas», que na comunicação social portuguesa defendem a guerra americana, para negarem o que os próprios americanos e ingleses reconhecem: que os pretextos invocados para a agressão foram um puro embuste, que nada está a correr como um tosco triunfalismo anunciou, que a realidade se tem encarregue de demonstrar a razão de ser das advertências de quantos se opuseram e opõem à aventura iraquiana.

E há uma questão sobre a qual todos somos chamados a reflectir: políticos que mentem como Bush e Rumsfeld, «teóricos» que se «enganam» como Wolfowitz ou Perle, oportunistas dos negócios como Cheney ou Armitage, generais que se espalham no elementar da logística enquanto (surpreendidos!) aumentam a determinação e o número de adversários a cada míssil que lançam, dão qualquer tipo de garantias de, ao menos, saberem o que estão a fazer?

Ninguém ignora que um crime comporta sempre determinante componente de estupidez e irracionalidade.

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